Márcio é um portador de síndrome de Down que sonha voar. Com seus amigos Aninha e Stalone, ele foge do instituto onde moram em busca de seus principais desejos. Este é o resumo da comédia de aventura “Colegas”, filme dirigido por Marcelo Galvão, que estreia nos cinemas nesta sexta-feira, 1º março. Aclamado nos festivais por onde passou, conquistou prêmios na Itália, Rússia, Gramado e São Paulo.
Márcio ganhou vida nas telas através de Breno Viola, o primeiro judoca faixa preta portador de Síndrome de Down das Américas. Assim como seu personagem, Breno também tem um sonho: representar o Brasil nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Aos 31 anos, o atleta do Flamengo é bicampeão europeu e quarto colocado na Special Olympics de 2011, na Grécia. Sua categoria, porém, não faz parte do programa dos Jogos. Até lá, Breno torce para que, ao menos, sua modalidade seja incluída como exibição. Agora na tela grande, ele ganha ainda mais projeção como uma das principais referências Down no Brasil. Seu perfil nas redes sociais é repleto de fotos com celebridades: Juliana Paes, Lula, Romário... Breno é pop.
- Com o filme as pessoas vão olhar o Down de outro jeito, vão ver que a gente consegue,
que não somos coitadinhos. Tem que nos deixar tentar para quebrar a cara também. Acho
que o filme vai mostrar para a sociedade o talento das pessoas com síndrome de Down.
A gente era excluído, agora temos que ser incluídos novamente. Esse é o nosso sonho.
Diminuir o preconceito e a discriminação – disse Breno.
Canal Combate abriu portas para o cinema
Marcelo Galvão descobriu Breno quando assistia a uma luta no canal Première Combate, há
cerca de quatro anos, justamente quando à procura do terceiro e último ator Down. Uma
vaga que recebeu 300 candidatos.
- Vi que o Breno era um bem descontraído e descolado. Foi uma feliz coincidência. Ele
tem o lance do carioca, que dá malandragem ao personagem. É uma figura contagiante.
E adicionou ao personagem espontaneidade e improviso.
E graça, também. Quando soube que seu personagem no filme era fã de gordinhas, Breno “reclamou”:
- Poxa, que fim de carreira, hein!
As lutas que serviram para que Marcelo descobrisse Breno seguiram unindo os dois. Praticante de jiu-jitsu, o diretor chegou a acompanhar o judoca em uma competição em São Paulo. Durante as filmagens os dois treinaram de improviso. Depois do filme, Marcelo torce para que as artes dramáticas corram paralelas ao esporte na vida de Breno:
- Ele pode ser aproveitado para caramba nessa área. É só darem chance para ele.
Volta aos tatames
Depois da carreira cinematográfica, os tatames voltarão a ser o seu palco principal. Brenoestuda para se tornar árbitro e a partir de maio voltará às disputas. Primeiro, no campeonato
mundial, na Itália, e em novembro no europeu, na Holanda. Aos que acham que ele não é
mais o mesmo por conta das artes, Breno avisa:
- Dizem que não sou mais aquele atleta. Mas quero dar um recado: me aguardem porque
quero ser o primeiro do mundo.
Além dos tatames e da tela grande, Breno representa o Brasil em palestras mundo afora em congressos debatendo sobre os direitos dos portadores da síndrome. Já estrelou campanhas de televisão e mantém um blog no site Movimento Down.
- Uma pessoa com síndrome de Down demonstrar por meio do esporte que tem um desempenho similar ao dos outros desconstrói o mito da incapacidade. Quando o Breno consegue a faixa preta e luta com pessoas sem a síndrome, mostra que a incapacidade está nos olhos de quem vê - diz Maria Antônia Goulart, coordenadora do Movimento Down.
Ídolo, Flávio canto se emociona: 'Breno é fonte de inspiração'
Fonte de inspiração de muita gente, Breno também teve um ídolo em que se espelhou nos tatames: Flávio Canto, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004. O ex-atleta acompanha Breno desde criança e se diz orgulhoso de ter visto de perto a bonita história escrita pelo atleta.
- Breno é uma fonte de inspiração para todos. Sua trajetória e a faixa preta que ele carrega na cintura são os melhores exemplos deque limites existem justamente para serem quebrados - disse o medalhista olímpico.
Para Flávio, as conquistas de Breno dentro e fora do tatame foram, de fato, golpes precisos ignorância e no preconceito.
- O preconceito vem da ignorância alimentada pelo desconhecimento, gerada pela falta de convívio com as diferenças. Breno, com sua determinação, conquistou sua faixa preta, espaço, e mais do que isso. Ele definiu novos olhares e paradigmas para sua condição.
*Colaborou Amanda Kestelman
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/lutas/noticia/2013/02/judoca-com-down-estreia-no-cinema-e-da-ippon-no-preconceito.html
Márcio ganhou vida nas telas através de Breno Viola, o primeiro judoca faixa preta portador de Síndrome de Down das Américas. Assim como seu personagem, Breno também tem um sonho: representar o Brasil nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Aos 31 anos, o atleta do Flamengo é bicampeão europeu e quarto colocado na Special Olympics de 2011, na Grécia. Sua categoria, porém, não faz parte do programa dos Jogos. Até lá, Breno torce para que, ao menos, sua modalidade seja incluída como exibição. Agora na tela grande, ele ganha ainda mais projeção como uma das principais referências Down no Brasil. Seu perfil nas redes sociais é repleto de fotos com celebridades: Juliana Paes, Lula, Romário... Breno é pop.
que não somos coitadinhos. Tem que nos deixar tentar para quebrar a cara também. Acho
que o filme vai mostrar para a sociedade o talento das pessoas com síndrome de Down.
A gente era excluído, agora temos que ser incluídos novamente. Esse é o nosso sonho.
Diminuir o preconceito e a discriminação – disse Breno.
Canal Combate abriu portas para o cinema
Marcelo Galvão descobriu Breno quando assistia a uma luta no canal Première Combate, há
cerca de quatro anos, justamente quando à procura do terceiro e último ator Down. Uma
vaga que recebeu 300 candidatos.
- Vi que o Breno era um bem descontraído e descolado. Foi uma feliz coincidência. Ele
tem o lance do carioca, que dá malandragem ao personagem. É uma figura contagiante.
E adicionou ao personagem espontaneidade e improviso.
- Poxa, que fim de carreira, hein!
As lutas que serviram para que Marcelo descobrisse Breno seguiram unindo os dois. Praticante de jiu-jitsu, o diretor chegou a acompanhar o judoca em uma competição em São Paulo. Durante as filmagens os dois treinaram de improviso. Depois do filme, Marcelo torce para que as artes dramáticas corram paralelas ao esporte na vida de Breno:
- Ele pode ser aproveitado para caramba nessa área. É só darem chance para ele.
Volta aos tatames
Depois da carreira cinematográfica, os tatames voltarão a ser o seu palco principal. Brenoestuda para se tornar árbitro e a partir de maio voltará às disputas. Primeiro, no campeonato
mundial, na Itália, e em novembro no europeu, na Holanda. Aos que acham que ele não é
mais o mesmo por conta das artes, Breno avisa:
- Dizem que não sou mais aquele atleta. Mas quero dar um recado: me aguardem porque
quero ser o primeiro do mundo.
definiu novos olhares e paradigmas para sua condição."
Flávio Canto
- Uma pessoa com síndrome de Down demonstrar por meio do esporte que tem um desempenho similar ao dos outros desconstrói o mito da incapacidade. Quando o Breno consegue a faixa preta e luta com pessoas sem a síndrome, mostra que a incapacidade está nos olhos de quem vê - diz Maria Antônia Goulart, coordenadora do Movimento Down.
Ídolo, Flávio canto se emociona: 'Breno é fonte de inspiração'
Fonte de inspiração de muita gente, Breno também teve um ídolo em que se espelhou nos tatames: Flávio Canto, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004. O ex-atleta acompanha Breno desde criança e se diz orgulhoso de ter visto de perto a bonita história escrita pelo atleta.
- Breno é uma fonte de inspiração para todos. Sua trajetória e a faixa preta que ele carrega na cintura são os melhores exemplos deque limites existem justamente para serem quebrados - disse o medalhista olímpico.
Flávio Canto: ídolo de Breno se emociona ao falar da trajetória do atleta (Foto: AFP)
- O preconceito vem da ignorância alimentada pelo desconhecimento, gerada pela falta de convívio com as diferenças. Breno, com sua determinação, conquistou sua faixa preta, espaço, e mais do que isso. Ele definiu novos olhares e paradigmas para sua condição.
*Colaborou Amanda Kestelman
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/lutas/noticia/2013/02/judoca-com-down-estreia-no-cinema-e-da-ippon-no-preconceito.html