A partir do Tijolaço, de Fernando Brito:
Temer, o estigma da traição e a antevisão do desastre
De um lado, 367 deputados “por Deus e pela minha família, não nesta ordem”- e mais os chefes regionais do MDB – a exigirem a paga pelo serviço sujo.
De outro, a crise econômica que nunca os governos de natureza conservadora – e na era Levy do segundo Governo Dilma – imaginaram outra forma de combater senão produzindo arrocho sobre o trabalhador ativo ou aposentado – e sobre todo o povão, pela via dos cortes nas despesas com educação, saúde e assistência social.
Entre este dois fogos, um presidente medíocre, sem legitimidade política e eternamente marcado, como caim, pelo estigma da traição.
Não é preciso ter o meio século de janela para prever o que resultará daí, como faz Janio de Freitas, hoje, na Folha, em artigo do qual transcrevo um trecho mais eu esclarecedor:
É Michel Temer quem agora opera o balcão de cargos. É a sua especialidade. Não só a comprovou no governo Dilma, como detém uma marca pessoal expressiva: o PMDB nunca foi tão fisiológico, chegando mesmo a chantagens explícitas antes de votações, quanto nos últimos cinco para seis anos sob a presidência de Michel Temer.
Nesse negócio de cargos, aliás, Temer tornou-se o primeiro responsável pela eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. Como presidente do partido, tinha plenas condições de mover os comandos e demover a candidatura, sabendo de quem se tratava, inclusive pelo noticiário policial. Considerou mais conveniente a conquista do cargo por quem parecia favorito, assim aumentando a força para obtenção de outros cargos no governo e na Câmara. A cobertura a Eduardo Cunha nunca esteve abalada.
O crescimento, entre os vencedores, das opiniões pessimistas sobre Michel Temer e seu possível governo tem velocidade surpreendente. Nisso evidencia que não é constatação feita em 24 ou 48 horas. Já existia, com muitas razões para existir. E apesar da consciência de um agravamento perigoso da situação, a vontade de regressão se sobrepôs à causa do país. O PSDB, com a imediata recusa a se incorporar a um governo Temer, atesta sua convicção antecipada de desastre.
FONTE:
http://www.conversaafiada.com.br/politica/janio-e-brito-temer-caim