Fim da janela de transferências do exterior para o Brasil, e um número chama a atenção em meio a nomes de peso, como Seedorf, Forlán e Juan. Dos 22 jogadores contratados, dez têm 30 anos de idade ou mais: 45% do total. A média de idade entre os recém-chegados ao país alcança os 29 anos. A crise econômica na Europa ajuda a explicar a procura por cenários mais favoráveis, mas o envelhecimento das contratações com altos salários preocupa pelo risco da aposta. A forma física não é mais a mesma, a adaptação ao estilo de futebol pode demorar. Mas ainda sobram talento e marketing para justificar.
- Acredito que a maioria dos jogadores que está fora entende que vir para o Brasil é como um fim de carreira. Eles acabam passando uma mensagem para o mercado de que não têm mais chances na Europa. Então, estão vindo para cá os caras de 30 anos, que têm vontade de jogar no país, já que aqui têm bons salários, que não teriam mais em um time na Europa. Claro que o Brasil está evoluindo, é a sexta economia mundial, tem a Copa do Mundo em dois anos. Mas ainda é uma aposta de mudança de cenário para a gente também. Eles precisam ter a garantia de que vão receber os salários prometidos, porque o passado mostra situações complicadas - lembrou Amir Somoggi, da empresa de consultoria BDO, que atua no mercado esportivo e todo ano divulga um estudo baseado no balanço divulgado pelos principais clubes brasileiros.
O time que mais conseguiu reforços no mercado externo durante a janela foi o Botafogo, com três atletas: Seedorf, Lodeiro e Rafael Marques. Bahia, Corinthians, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Sport e Santos contrataram dois. Já Coritiba, Flamengo, Portuguesa, Palmeiras e Vasco assinaram com um jogador. O país que mais perdeu atletas para o Brasil foi a Itália, com cinco no total. A Argentina cedeu três.
Para esse levantamento, foram consideradas negociações entre clubes brasileiros e estrangeiros (caso do cruzeirense Sandro Silva, que estava no Inter mas pertence ao Málaga-ESP) ou entre clubes brasileiros e jogadores cujos contratos com um clube estrangeiro chegaram ao fim e estavam livres (caso de Seedorf).
Dos 22 jogadores que chegaram durante a janela de transferências, 14 foram repatriados e oito são estrangeiros. Os meias foram os mais procurados, com sete - contra cinco atacantes, quatro volantes, quatro laterais e dois zagueiros. Nenhum goleiro foi negociado.
Amir Somoggi pede calma na euforia pela chegada de grandes nomes ao futebol brasileiro. Para ele, é preciso analisar as contratações em longo prazo e entender suas consequências e riscos.
- Os clubes entenderam que estamos vivendo um período de vacas gordas, mas será que pagar salários milionários é o melhor caminho? E se esse cenário mudar? Estão pulando etapas, isso me assusta. Se essas contratações estiverem fundamentadas em projetos, ótimo. Se não, temo por apostarem todas as fichas em um jogador que pode não resolver e terem de pagar alto por isso, como foi o caso do Ronaldinho Gaúcho no Flamengo. Vão precisar ralar muito para equilibrar as contas ou, pelo menos, empatar a visibilidade e o retorno com o investimento inicial - afirmou Somoggi.
Balanço de chegadas e saídas é positivo
A janela do lado brasileiro fechou, mas a porta está aberta. Apenas a China já encerrou o período de contratações de quem está jogando fora do país. Europa, Japão e mundo árabe continuam contratando até 31 de agosto, com exceção da Arábia Saudita, que fecha em 25 de julho.
No entanto, a balança, pelo menos por enquanto, está favorável ao Brasil. Enquanto 22 chegaram, 17 saíram. Corinthians e Vasco foram os clubes que mais perderam jogadores, três cada. O segundo ainda corre o risco de perder Diego Souza e Fagner. Botafogo e Cruzeiro cederam dois. Atlético-PR, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Náutico e São Paulo tiveram uma saída.
Houve recusas de propostas importantes também. O São Paulo não quis saber de oferta do Manchester United (Inglaterra) por Lucas. O Corinthians fechou a porta para o Inter de Milão (Itália), que queria Paulinho. Leandro Damião também disse não ao Tottenham (Inglaterra), e o Botafogo preferiu manter Elkeson, que despertou interesse do Kashiwa Reysol (Japão) e do Bologna (Itália).
- Até o fim de 2007, os clubes sempre usavam aquela frase feita de que precisavam vender jogadores para fechar a conta do ano. Então, houve a crise internacional, que obrigou todo mundo a acordar. Para obter melhores receitas, investiram em marketing, teve uma melhora na venda de ingressos, patrocínios, cotas de TV. Os clubes viram que não precisavam mais vender tanto, que poderiam também comprar. A musculatura dessa estratégia ainda é frágil, mas agora eles têm mais condições para segurar os jogadores - concluiu Somoggi.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2012/07/janela-fechada-45-dos-jogadores-contratados-tem-30-anos-ou-mais.html
Seedorf e Forlán deixaram a Europa pelo Brasil
(Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)
(Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)
Para esse levantamento, foram consideradas negociações entre clubes brasileiros e estrangeiros (caso do cruzeirense Sandro Silva, que estava no Inter mas pertence ao Málaga-ESP) ou entre clubes brasileiros e jogadores cujos contratos com um clube estrangeiro chegaram ao fim e estavam livres (caso de Seedorf).
Dos 22 jogadores que chegaram durante a janela de transferências, 14 foram repatriados e oito são estrangeiros. Os meias foram os mais procurados, com sete - contra cinco atacantes, quatro volantes, quatro laterais e dois zagueiros. Nenhum goleiro foi negociado.
Amir Somoggi pede calma na euforia pela chegada de grandes nomes ao futebol brasileiro. Para ele, é preciso analisar as contratações em longo prazo e entender suas consequências e riscos.
- Os clubes entenderam que estamos vivendo um período de vacas gordas, mas será que pagar salários milionários é o melhor caminho? E se esse cenário mudar? Estão pulando etapas, isso me assusta. Se essas contratações estiverem fundamentadas em projetos, ótimo. Se não, temo por apostarem todas as fichas em um jogador que pode não resolver e terem de pagar alto por isso, como foi o caso do Ronaldinho Gaúcho no Flamengo. Vão precisar ralar muito para equilibrar as contas ou, pelo menos, empatar a visibilidade e o retorno com o investimento inicial - afirmou Somoggi.
Balanço de chegadas e saídas é positivo
A janela do lado brasileiro fechou, mas a porta está aberta. Apenas a China já encerrou o período de contratações de quem está jogando fora do país. Europa, Japão e mundo árabe continuam contratando até 31 de agosto, com exceção da Arábia Saudita, que fecha em 25 de julho.
No entanto, a balança, pelo menos por enquanto, está favorável ao Brasil. Enquanto 22 chegaram, 17 saíram. Corinthians e Vasco foram os clubes que mais perderam jogadores, três cada. O segundo ainda corre o risco de perder Diego Souza e Fagner. Botafogo e Cruzeiro cederam dois. Atlético-PR, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Náutico e São Paulo tiveram uma saída.
Houve recusas de propostas importantes também. O São Paulo não quis saber de oferta do Manchester United (Inglaterra) por Lucas. O Corinthians fechou a porta para o Inter de Milão (Itália), que queria Paulinho. Leandro Damião também disse não ao Tottenham (Inglaterra), e o Botafogo preferiu manter Elkeson, que despertou interesse do Kashiwa Reysol (Japão) e do Bologna (Itália).
- Até o fim de 2007, os clubes sempre usavam aquela frase feita de que precisavam vender jogadores para fechar a conta do ano. Então, houve a crise internacional, que obrigou todo mundo a acordar. Para obter melhores receitas, investiram em marketing, teve uma melhora na venda de ingressos, patrocínios, cotas de TV. Os clubes viram que não precisavam mais vender tanto, que poderiam também comprar. A musculatura dessa estratégia ainda é frágil, mas agora eles têm mais condições para segurar os jogadores - concluiu Somoggi.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2012/07/janela-fechada-45-dos-jogadores-contratados-tem-30-anos-ou-mais.html