Guardiola, promessa de ano vencedor e desconfiança: um papo com Deivid
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Guardiola, promessa de ano vencedor e desconfiança: um papo com Deivid



Novo treinador do Cruzeiro concede primeira entrevista exclusiva e fala sobre primeira chance na nova carreira e desafios que terá pela frente no comando do time mineiro




Por
Belo Horizonte


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A escolha de Deivid de Souza para ser o novo treinador do Cruzeiro dividiu a torcida (relembre como foi a apresentação do ex-jogador).

  Uma parte - a maioria, diga-se - aprovou o nome, confiando no bom relacionamento com o elenco e nas horas em que ele passa estudando futebol e aprimorando seus conhecimentos sobre o esporte.

Outros acreditam que falta maturidade a Deivid, já que o Cruzeiro é o primeiro time que ele vai dirigir. As desconfianças não desanimam o ex-atacante de Santos, Corinthians, Bordeaux, da França, Sporting, de Portugal, e Fenerbahce, da Tuquia, Flamengo, Coritiba e do próprio Cruzeiro. Pelo contrário. Ele tem na ponta da língua a resposta para os que desconfiam de seu futuro, ao citar que pode e tem capacidade de Pep Guardiola à frente de Barcelona e Bayern de Munique, entre outros exemplos de sucesso no futebol mundial.

Morando na Toca da Raposa II desde que chegou ao Cruzeiro, em junho deste ano, como membro da comissão técnica de Vanderlei Luxemburgo, Deivid tem passado a maior parte de seu tempo envolvido em cursos e estudos sobre futebol. Com a saída de Luxa, em setembro, foi convidado pela diretoria para ser membro fixo da comissão técnica do clube. Exerceu este cargo até a saída de Mano Menezes para o futebol chinês.

Cruzeiro; Deivid (Foto: Washington Alves)Deivid acredita em ano vencedor e time vibrante na próxima temporada (Foto: Washington Alves)


A efetivação como técnico de um dos maiores clubes brasileiros não o assusta. Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, ele conta como recebeu o convite, como está sua preparação para o desafio de tanta responsabilidade e o que o torcedor do Cruzeiro pode esperar na próxima temporada.
GloboEsporte.com: Como você recebeu a proposta para assumir o comando do Cruzeiro? Você está preparado para este desafio?

Deivid: Eu me sinto preparado. Estou me preparando desde 2007, quando eu ainda jogava. Fiz alguns cursos na Turquia, estudando e lendo muitos livros. Estou feliz, já tinha essa vontade de parar de jogar futebol cedo e me preparar para ser treinador. Tive a mesma proposta que o Cruzeiro me fez, de ser auxiliar técnico fixo, do Flamengo, mas achei que não era o ideal àquela altura. Como o Vanderlei Luxemburgo tinha me levado, resolvi sair com ele. No Cruzeiro foi diferente, ele me aconselhou a ficar, e o presidente (Gilvan de Pinho Tavares) me pediu, para que, daqui a dois anos, eu virasse o treinador. Mas isso veio antes. Para muitos, foi uma grande surpresa, mas para mim, não. Eu já vinha me preparando. Estou muito feliz e tenho certeza que terei muito sucesso, assim como tive como atleta.


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A diretoria do Cruzeiro chegou a conversar com treinadores de renome, como Sampaolli, Bielsa e Levir Culpi, mas acabou confiando em você. A responsabilidade aumenta com isso?

- Minha metodologia de treinamento passa muito perto do que o clube quer. Eu passei isso para eles. Nós conseguimos achar o conceito. Temos conceito e conteúdo. Independentemente de quem seja o treinador do Cruzeiro, o clube tem que fazer uma entrevista para ver se ele tem o perfil do clube. Se ele conhece a história do clube, com Dirceu Lopes, Tostão, Piazza, Alex, Éverton Ribeiro, um futebol que joga. Não adianta você trazer um treinador que não se identifique com o clube, que joga na defensiva. Não vai dar certo. Você tem que trazer alguém com as características e o perfil do clube e que conheça a história. Eu deixei isso bem claro para a diretoria e para os jogadores. As três partes se encaixaram, diretoria, jogadores e comissão técnica. Então, temos tudo para ter um ano de 2016 de muitas conquistas. 


Os jogadores foram praticamente unânimes ao apoiar seu nome. Até que ponto o bom relacionamento com o elenco facilita seu início de trabalho?
 - Facilita muito. A maneira como eu abordei os jogadores, a maneira como sempre dirigi os treinamentos e a maneira como eles me receberam mostram respeito. Meus 18 anos jogando me credenciaram a ser o favorito para eles. Tudo é respeito, credibilidade e confiança. Se não tivesse confiança dos atletas, com certeza, eu não estaria como treinador do Cruzeiro. Então, eu acho que tenho tudo pra ajudar os jogadores a fazer um grande trabalho. Até porque eles é que são os donos do espetáculo. Eu sou uma peça pequenina tentando contribuir para que eles deem espetáculo no domingo. Fazendo o que eles sabem de melhor, que é jogar futebol

Algumas pessoas te considerem inexperiente para a importância do cargo. Como você vê essa desconfiança em relação ao seu trabalho? Isso pode te atrapalhar?
Eu estudo futebol 24 horas. Eu quis morar na Toca da Raposa II para pensar em futebol o tempo todo. Isso é minha vida. Isso que estou tendo hoje foi o futebol que me deu. Então sou muito grato. Tenho que vivenciar isso aqui, porque é o que sei fazer de melhor
Deivid
- Eu vejo essa desconfiança de forma natural. Isso é cultural no Brasil. O treinador do Hoffenheim tem 28 anos. O Villas Boas tem 33 e foi campeão da UEFA, da Liga Europa, da Liga de Portugal e da Supercopa. O Gary Neville é treinador do Valencia. O Guardiola era só um ex-jogador e não tinha dirigido nenhum clube profissional, e o presidente do Barcelona deu uma chance a ele, que conquistou uma sequência histórica de vitórias. São treinadores jovens e muito capacitados. Infelizmente, aqui no Brasil, as pessoas analisam a idade e não o trabalho. Se você tem 16 anos, você é jovem. Se você tem 53, você está ultrapassado. Não é assim, você tem que ter um critério. Então, por isso que, às vezes, você tem mais tempo de trabalhar na Europa, porque lá você tem um conceito. Independente se você ganhar ou perder, eles analisam o trabalho como um todo, como um conceito. Isso o clube leva até o final.

De que formas você se preparou para se tornar técnico? Desde cursos, leituras, mídia training, fonoaudiólogo até conversas com ex-companheiros e demais profissionais do futebol.
 - Eu tive cinco escolas diferentes na Europa. Aqui no Brasil foram duas, o Vanderlei e o Mano Menezes. Com o Vanderlei passei muitos anos, como atleta e auxiliar, com o Mano foram três meses. São escolas diferentes e vencedores. Claro que estas escolas têm altos e baixos, como acontece com o José Mourinho hoje. Ele ganhou tudo durante 10, 15 anos, mas hoje vive um momento difícil. Essas cinco escolas que eu tive na Europa me deram embasamento em tudo, em matéria de conteúdo, conceitos e princípios. Estou em busca de mais conhecimento. Venho me preparando e estudando há muito tempo. Eu estudo futebol 24 horas. Eu quis morar na Toca da Raposa II para pensar em futebol o tempo todo. Isso é minha vida. Isso que estou tendo hoje foi o futebol que me deu. Então sou muito grato. Tenho que vivenciar isso aqui, porque é o que sei fazer de melhor. Cada vez mais estou atrás de coisas novas para ter sucesso em 2016.

Pep Guardiola técnico Bayern (Foto: Getty Images)
Pep Guardiola e outros treinadores são espelho 
para Deivid, em seu desafio no Cruzeiro 
(Foto: Getty Images)


O que a torcida do Cruzeiro pode esperar em 2016?
 - O torcedor pode esperar um time cheio de vontade. O Cruzeiro vai entrar para ganhar, como sempre entrou. Não podemos passar o ano de 2016 como passamos o de 2015. O Cruzeiro é muito grande e tem que pensar grande. O Cruzeiro não pode pensar em disputar, tem que pensar em ganhar. Nós dirigimos um clube grande, acostumado a ganhar títulos. Pode esperar um Cruzeiro com muito toque de bola, com muita pressão, compactado e sempre jogando pra ganhar. É isso que o torcedor do Cruzeiro pode esperar.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/cruzeiro/noticia/2015/12/guardiola-promessa-de-ano-vencedor-e-desconfianca-um-papo-com-deivid.html



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