Esporte
Grêmio sofre, empata e briga com o Huachipato para avançar às oitavas
Tricolor leva gol nos minutos finais, segura pressão do rival e, classificado, deixa o campo após confusão envolvendo jogadores e comissões técnicas
A CRÔNICA
Está salvo, vivo e renovado o “Projeto Libertadores”. O Grêmio não fez chover, como sugere a cidade de Talcahuano, cuja tradução é “céu trovejante”, mas arrancou um empate em 1 a 1 sofrido e brigado com o Huachipato para se classificar às oitavas de final. Literalmente brigado. O espetáculo em campo deu lugar a um clima de guerra assim que o árbitro encerrou a partida. O técnico do Huachipato, Jorge Pellicer, invadiu o campo e se estranhou com Vanderlei Luxemburgo, gerando confusão generalizada, com direito a invasão de torcedores. Na ida para o vestiário, na entrada do túnel de acesso, o treinador tricolor escorregou e caiu no gramado, sendo agredido. A polícia agiu rapidamente e impediu um problema ainda maior.
Luxa sorri diante das provocações, antes da confusão ficar pior (Foto: Marcelo Hernandez / Photosport / AFP)
Com o triunfo do Fluminense sobre o Caracas, o Grêmio acabou em segundo do Grupo 8 e vai enfrentar o Santa Fé-COL, decidindo o mata-mata fora de seus domínios, em data a ser definida. A equipe não terá Zé Roberto no jogo de ida. Autor do gol tricolor contra os chilenos, ele levou o terceiro cartão amarelo.
Apesar do gol sofrido no fim - Aceval empatou aos 43 do segundo tempo, dando contornos dramáticos ao até então jogo mais importante do semestre para o Grêmio -, a partida desta quinta, na portuária Talchuano, a 500 quilômetros da capital Santiago, mostrou que, da clarividência do capitão Barcos às defesas seguras de Dida, o time de Luxemburgo tem algo além daquela equipe insossa, sem brilho nem gols dos últimos jogos do Gauchão. O estadual, aliás, é a próxima parada gremista. Enfrenta o São Luiz, na segunda, pelas quartas de final da Taça Farroupilha.
Casa cheia e Barcos de capitão
Sempre abaixo dos cinco mil na Libertadores, a torcida do Huachipato desta vez atendeu ao chamado, aproveitou a promoção de dois ingressos por um e encheu o pequeno estádio CAP. Encheu, mas não lotou. Com alguns espaços vazios, não chegou a dez mil espectadores. Mesmo assim, todos os chilenos gritaram em uníssono por dois nomes em especial: o então artilheiro da Libertadores, Braian Rodríguez, e... Vargas. Sim, valeu mais a nacionalidade do atacante gremista do que a momentânea rivalidade.
A novidade mesmo ficou por conta de Vanderlei Luxemburgo, que alçou Barcos a capitão. Uma exceção à regra, para aproveitar o castelhano afiado do argentino. A longo prazo, o dono da braçadeira segue sendo Zé Roberto. Aliás, o meia virou atacante, compondo uma linha de três, com Vargas e Barcos. Foi a surpresa maior de Luxa, sem poder contar com Elano, lesionado, e usando também três volantes.
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- Confira a classificação dos grupos e os cruzamentos das oitavas de final
E o jogo começou à feição do Grêmio. Um Huachipato afobado, primando pelo atropelo, deu espaço ao tão almejado contragolpe tricolor. Vargas se sentiu à vontade no lado direito, enquanto Zé ocupava a ponta oposta. A primeira chance, inclusive, foi brasileira. Pará cruzou, a bola viajou às costas da zaga e caiu na cabeça de Barcos. O Pirata, sem cavanhaque, mas com fome de gol, até porque não marca há seis jogos, torneou, mas errou o alvo, aos seis minutos. A resposta foi instantânea. Pelo alto, conforme anunciado e alertado pelo próprio Grêmio. Braian Rodríguez levou a melhor sobre Bressan, substituto de Cris, suspenso. Mas parou nas mãos gigantes de Dida.
O estádio, enfim, se transformou num caldeirão com o frisson pelo gol iminente. Mas logo voltaria a emudecer. Aos 17, Barcos tinha à frente dois zagueiros e um balão torto da zaga. Transformou o obstáculo em chance de gol. Desvencilhou-se dos dois e chutou por cima. Poderia até ter servido a Zé Roberto, que passou zunindo ao seu lado. Pouco tempo depois, Pará demorou a passar para o camisa 10, que levou as mãos ao céu enquanto saltitava tamanha a bronca com o erro do colega.
Zé do ataque resolve a parada
Quem errou mesmo foi Fernando. Saiu jogando de maneira displicente, perdeu a bola, que foi aberta para o lado direito. Caiu no pé de quem? Braian Rodríguez. O artilheiro ingressou livre na área. O chute forte só não virou gol porque Dida espalmou, em milagrosa defesa. Isso aos 29. Cinco minutos antes, Alex Telles entrara na vaga de Adriano, lesionado. André Santos assumiu o meio-campo, e o garoto foi à lateral-esquerda - estava fora desde 24 de fevereiro, quando fraturou a face no Gre-Nal, pelo Gauchão.
Zé Roberto marca e comemora o gol do Grêmio (Foto: AP)
Aos 32, André Santos, mais avançado, lançou Barcos, que aparou de cabeça. Ela chegou até Zé com o camisa 10 de costas. Mas, enfim, chegou, após duas tentativas frustradas. Criativo, tirou um movimento de puxeta para não precisar dominar a bola. Veloso sujou o impagável uniforme rosa em vão: Grêmio 1 a 0, com Zé Roberto, o Zé da galera, do gol e, nesta noite, do ataque.
Luxa, que deu pulinhos e urros de indignação com o erro anterior de Fernando, desta vez abriu o sorriso, abraçou os integrantes do banco de reservas. Um gol que valia muito, pois o Huachipato precisaria virar para arrancar a classificação do Grêmio. O que não conseguiu no primeiro tempo, que chegou ao fim com inabalável cantoria dos “hinchas” chilenos.
Fora da partida por lesão, Marco Antonio acompanhou a partida ao lado de Cris, Busatto, Willian José e Jean Deretti. Ao deixar o espaço e ir ao corredor, foi abordado por um torcedor. Eufórico, ele recomendou.
- Agora, tem que furar a bola!
Huachipato assusta, mas vaga é brasileira
Que nada. O Grêmio seguiu fazendo o que, em tese, o seu grupo sempre teve potencial: jogar bom futebol, em vez de apenas se retrancar. Mas é fato que foi bastante fustigado pelo Huachipato, embora sem chances claras de gol. O perigo maior eram os cruzamentos, que muitas vezes passavam como se fossem chutes, de tão venenosos. A melhor delas foi aos oito minutos, em cobrança de falta de González raspando o poste.
Coube a Zé Roberto, tomando gosto pelo ataque, tirar o marasmo do embate. Aos 23, invadiu a área e colocou de pé canhoto. O ângulo estava à espera da bola, mas ela teimou em fazer a curva pela linha de fundo. Mas Zé já havia marcado uma vez. E havia Dida, em noite até ali mais do que inspirada. A vaga seria do Grêmio, mas com drama de novela mexicana no final.
Werley sentindo dores musculares deixou o time com um a menos, afinal, Luxa havia feito as três trocas - Alex Telles, Welliton e Kleber entraram. Assim, Souza virou zagueiro. O defensor pulava em campo, não conseguia correr. Foi para o ataque só para fazer número. Sem um marcador, o Huachipato pressionava. Fernando, na entrada da área, tocou a bola com a mão. Falta perigosa, que Aceval cobrou e empatou, aos 43 minutos. Dida nem saltou, e pareceu ter pedido desculpas aos companheiros.
Praticamente com um a menos, o Grêmio segurou a pressão. Teve três escanteios contra em sequência. Mas o sufoco passou. Está nas oitavas.
Delegação do Grêmio fica encurralada no túnel de acesso ao vestiário (Foto: AP) + EXPANDIR A CRÔNICA COMPLETA
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/jogo/libertadores-2013/18-04-2013/huachipato-gremio.html
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