Inspirados pela geração do tetra, que nas eliminatórias da Copa do Mundo de 1994 entrou em campo no Arruda de mãos dadas, Neymar, Oscar & cia. cantaram o Hino Nacional abraçados. A cena lembrou o gesto de união do time treinado por Carlos Alberto Parreira na goleada de 6 a 0 sobre a Bolívia em 26 de agosto. Quatro dias antes, a equipe havia sido muito criticada no 2 a 0 contra o Equador no Morumbi, situação semelhante à vivida agora: na última sexta, o Brasil deixou o estádio paulista sob vaias apesar do 1 a 0 em cima da África do Sul.
- Foi um gesto espontâneo dos jogadores – disse Mano antes de a bola rolar, afirmando ainda que esperava uma melhora no desempenho dos atletas em relação ao amistoso anterior.
Neymar mostra o sorriso para a torcida: lembrança de vaias no Morumbi semana passada (Foto: Agência AP)
Sob o comando de Mano, o maior número de gols marcados pela Seleçã em uma partida era quatro (4 a 2 contra o Equador em julho de 2011 e 4 a 1 sobre os Estados Unidos em maio deste ano). A equipe volta a campo no dia 19 deste mês contra a Argentina, em Goiânia, pelo Superclássico das Américas. Apenas jogadores que atuam no Brasil serão convocados pelo técnico. A partida de volta será em 3 de outubro, em Resistencia. O outro amistoso marcado para este ano é contra o Japão, na Polônia, 13 dias depois.
China não dá trabalho, e Seleção abre 2 a 0 no primeiro tempo
De fato, a evolução pedida por Mano aconteceu. Mas ajudada, e muito, pelo nível da seleção chinesa, treinada pelo espanhol José Camacho. No primeiro tempo, a equipe oriental deu apenas um chute a gol, para fora, sem nenhum susto para o goleiro Diego Alves. Já eliminada nas eliminatórias asiáticas para 2014, a China é o rival do Brasil com a pior colocação no ranking da Fifa na era Mano Menezes.
Aos 12, Oscar arriscou de fora da área, por cima. Cinco minutos depois, Hulk teve duas oportunidades. Na primeira, o goleiro Zeng Cheng defendeu. Em seguida, o ex-atacante do Porto mandou para fora.
Com controle total da partida – a posse de bola chegou a 80% -, o Brasil achou o gol aos 22. Em uma jogada à la Chelsea: Ramires deu sua tradicional arrancada pela esquerda, tabelou com Oscar e tocou por cima do goleiro chinês, em lance que lembrou o gol do ex-cruzeirense contra o Barcelona na semifinal da última Liga dos Campeões.
Três minutos depois, 2 a 0 no placar. Hulk, mais uma vez, arrancou pela direita no contra-ataque, tocou para Oscar e o ex-meia do Internacional rolou para Neymar, livre na pequena área, dessa vez acertar o chute, sem defesa.
Ramires comemora o primeiro gol da Seleção no Arruda (Foto: Agência AP)
Estava tão fácil, que Neymar quis brincar. Aos 40, entrou driblando na área, deixou o goleiro no chão e tentou encobri-lo, mas errou. Na sequência, chutou de novo, mas um zagueiro salvou. No intervalo, o camisa 11 lembrou as vaias em São Paulo:
- Ninguém tira meu sorriso, independentemente das vaias meu sorriso vai estar no rosto
Goleada e grande defesa de Diego Alves na etapa final
Não demorou muito para a vitória fácil virar goleada no segundo tempo. No terceiro minuto, Hulk arrancou pela direita, puxou para o meio e tocou na esquerda para Lucas, que bateu sem defesa no canto direito.
Mais três minutos e outro gol. Neymar arriscou de longe e acertou o travessão. No rebote, Hulk fez o dele, de canhota, claro. Na comemoração, declaração de amor à terra natal na camisa por baixo do uniforme: “100% Nordeste. Te amo, Paraíba”.
Neymar, aos oito, aproveitou cruzamento de Marcelo na pequena área e fez o segundo dele, quinto do Brasil. Seis minutos depois, o craque do Santos balançou a rede de novo, após novo toque de Oscar na área. Olhando para as câmeras, Neymar comemorou apontando para o sorriso.
Neymar, que havia saído vaiado contra a África do Sul, deixou o campo aplaudido logo depois para a entrada de Jonas. Durante a etapa final, Mano deu chance também a Adriano, Sandro, Réver, Leandro Damião e Arouca.
Aos 29, o oitavo gol da Seleção. Marcelo foi derrubado na área. A torcida pediu para Hulk cobrar o pênalti, mas Oscar pegou a bola e converteu: 8 a 0. O camisa 10 deixou o campo pouco depois, substituído por Damião. Já aos 44, a China quase diminuiu, com um chute de Ting rente à trave direita de Diego Alves.
A última vez que a Seleção havia marcado oito vezes foi em 20 de maio de 2006: 8 a 0 sobre o Combinado de Lucerna, na Suíça, em preparação para a Copa do Mundo da Alemanha.
Diego Alves, Daniel Alves (Adriano), Dedé, David Luiz (Réver), Romulo (Sandro), Marcelo, Lucas, Ramires (Arouca), Oscar (Leandro Damião), Neymar (Jonas) e Hulk. | Zeng Cheng, Peng Zhao, Liu Jianye, Yu Yang, Tang Miao; Xuri Zhao, Lu Peng, Jian Liu, Hao Junmin (Zhang Yuan); Gao Lin (Yang Xu) e Zhu Ting. |
Técnico: Mano Menezes | Técnico: José Camacho |
Gols: Ramires, aos 22 do primeiro tempo; Neymar, aos 25 do primeiro tempo; Lucas, aos 3 do segundo tempo; Hulk, aos 6 do segundo tempo; Neymar, aos 8 do segundo tempo; Neymar, aos 14 do segundo tempo; Liu Jianye (contra), aos 24 do segundo tempo; Oscar, aos 29 do segundo tempo | |
Data: 10/09/2012. Local: Estádio do Arruda, no Recife. Árbitro: Roberto Silvera (Uruguai). Auxiliares: Miguel Ángel Nievas e Nicolás Taran (Uruguai). Público: 29.658 pessoas FONTE: http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2012/09/gols-para-espantar-crise-selecao-atropela-china-e-faz-8-0-no-recife.html |