PHA - Eu vou conversar com Lúcio Centeno, da secretaria operativa da Frente Brasil Popular. Lúcio, o que vocês pretendem fazer na sexta-feira (10)?
Lúcio Centeno - Nós estamos convocando, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, agora no dia 10, o primeiro ato conjunto das duas frentes após o afastamento da Presidenta Dilma. E a nossa expectativa é que essa seja uma das principais, uma das maiores mobilizações provocadas pelas Frentes no último período. A proposta é a realização de atos em todas as capitais do país. Já estão convocados os atos e as concentrações públicas. E, além disso, também tem a perspectiva de realizar algumas paralisações no setor produtivo. Alguns setores estratégicos, como os petroleiros, estão convocando uma greve de 24 horas agora para o dia 10.
Então a nossa expectativa é que o dia 10 marque um processo de mobilização conjunta, não só dos setores menos organizados, nos setores mais espontâneos, que já vêm saindo às ruas desde o dia do afastamento. Mas agora também somando com a força dos movimentos populares e sindicais, que vão realizar esse primeiro ato. Então tem essa expectativa de ser um ato bastante impactante, que consiga influenciar no sentido de denunciar o governo golpista de Michel Temer.
PHA - Qual é a composição da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo? Quem está aí dentro?
Lúcio - A Frente Brasil Popular congrega mais de 60 organizações nacionais, movimentos populares, sindicais, partidos políticos, correntes partidárias...
PHA - Quais partidos?
Lúcio - De partidos, nós temos o PT, o PCdoB, o PDT - que se agregou recentemente à Frente Brasil Popular - e nós temos o PCO. E algumas correntes partidárias também, como a Consulta Popular, que não são legendas eleitorais, mas também compõem a Frente.
PHA - A CUT também está na Frente Brasil Popular?
Lúcio - A CUT, claro. As centrais sindicais, a CTB...
PHA - Além dos petroleiros, quais outros trabalhadores se manifestaram a favor dessa manifestação?
Lúcio - Nós tivemos uma orientação dentro da Frente Brasil Popular de convocar ações de mobilização dos setores produtivos. Então a ideia é realizar paralisações, trancamentos, retardar o início do trabalho nas unidades fabris e empresas, e fazer um processo de diálogo com os trabalhadores, um pouco no sentido de denunciarmos que as medidas e os projetos encarnados pelo governo Temer vão impactar diretamente a vida dos trabalhadores. O próprio projeto da reforma da Previdência... o conjunto de sinalizações que o governo Temer já apontou, no sentido de privatização de estatais, que vão afetar diretamente os trabalhadores.
A nossa expectativa também no ato do dia 10 é de incorporar esses segmentos, com que até agora nós tivemos dificuldade de nos aproximar, nesse processo de resistência ao Golpe, de fazer com que esses setores se somem aos atos que já vêm sendo conduzidos pelos movimentos populares. Não temos ainda um indicativo mais concreto, mas a orientação é de que em todos os Estados se realizem esse diálogo com os trabalhadores e paralisações ou retardamento do ingresso nas unidades de trabalho.
PHA - O MST está nessa atividade também?
Lúcio - Sim, o MST é um dos protagonistas da Frente Brasil Popular e que também vai estar realizando, nos dias 08 e 09, começando hoje e indo até amanhã, uma jornada nacional em defesa da reforma agrária e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que foi um dos ministérios atingidos na reforma administrativa promovida pelo Temer. Então, nós temos uma grande mobilização marcada pelos setores do campo e, também, dos setores vinculados à pauta da habitação vão estar mobilizados, entre hoje e amanhã.
PHA - O MTST...
Lúcio - É, o MTST faz parte da Frente Povo Sem Medo, mas eles já vêm construindo um conjunto de ações. Outros movimentos ligados à pauta de moradia também vão se mobilizar, entre hoje e amanhã, com a pauta da defesa do Minha Casa Minha Vida.
PHA - Você é a favor da convocação de um plebiscito ou eleições diretas já?
Lúcio - A minha posição é a posição da Frente Brasil Popular, que entende que neste momento a centralidade está na luta por denunciar o processo de Golpe em curso, pelo menos até a votação do mérito no Senado. Então a Frente Brasil Popular está consensuada em torno desta ideia de que a disputa fundamental neste momento se trata de impedir que o Senado dê maioria ao impeachment e dê legitimidade ao Golpe. A disputa é pela manutenção do mandato da Presidenta Dilma até a votação final no Senado.