Os surfistas que disputam a etapa brasileira do Circuito Mundial, no Rio de Janeiro, de 11 a 22 de maio, não poderão mais contar com a praia de São Conrado como palco alternativo. Eles queriam competir no canto esquerdo da praia, com ondas fortes e tubulares. Mas, por conta da poluição, provocada pelo alto índice de coliformes fecais dos esgotos que desembocam no mar, trazendo riscos à saúde, o "plano B" foi cancelado. O palanque principal será no Postinho, na Barra da Tijuca, enquanto o alternativo será no Meio da Barra, entre os postos 6 e 7. Segundo a organização do evento, a disputa só poderá acontecer no pico após o fim das obras do programa "Sena Limpa São Conrado", previsto para o primeiro trimestre de 2016. O projeto visa modernizar o sistema de esgoto sanitário da Bacia de São Conrado, tornando as águas mais limpas.
- Sabendo desse problema histórico de poluição, foi criado o "Sena Limpa São Conrado". O projeto tem como objetivo a preservação do ecossistema da região, prevendo o crescimento dos próximos 30 anos. A obra consiste na implantação de coletores auxiliares, ampliando o sistema de esgotamento sanitário da comunidade do Vidigal. O conjunto de obras inclui a substituição e ampliação de duas linhas no costão da Avenida Niemeyer, que bombeiam os esgotos da Estação Elevatória de São Conrado para a Estação Elevatória do Leblon, que são antigas e sofrem desgaste por conta da maresia, por outras tubulações mais resistentes. Cabe à Cedae, ainda, a reforma da elevatória, que será ampliada e modernizada em avançadas técnicas de automatização, redução do consumo de energia elétrica, baixo nível de ruído e sistema de desodorização próprio - informou a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae).
A Cedae, no entanto, afirma que o problema das línguas negras não cabe à empresa, e sim à Prefeitura e à Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). O palanque em São Conrado estava até sendo montado e a Cedae havia prometido fechar as comportas nos 11 dias de janela do campeonato, mas a Liga Mundial de Surfe (WSL) optou por preservar a integridade física dos atletas. No início do mês, uma foto mostrando um rastro de poluição se espalhando pela água limpa e verde, compartilhada nas redes sociais por nomes como Gabriel Pensador, Gustavo Kuerten e outros atletas, repercutiu muito mal no mundo do surfe, chegando até a entidade.
- Que revolta eu sinto com a poluição do cantão. É um absurdo. Deixam isso acontecer há anos porque quem frequenta essa praia são os moradores da favela. Se fosse Barra ou Ipanema não estaria assim há tantos anos sem solução e PIORANDO! Por favor, compartilhem e marquem as autoridades (in)competentes. #SalvemosSãoConrado - postou o cantor Gabriel Pensador, surfista nas horas vagas, em sua conta no Facebook, no dia 17 de abril.
Bicampeão mundial pela Divisão de Acesso, em 1992 e 1999, e um dos organizadores da etapa brasileira, Teco Padaratz contou que o comissário da WSL, Kieren Perrow, fez uma ligação há dois dias para definir a posição da entidade com os representantes do Brasil.
- O Kieren nos ligou e decidimos juntos que não deveríamos deixar o palco alternativo em São Conrado. Ele ficou contente com a decisão, mas não com a situação. A WSL defende muito a questão do saneamento e da preservação das águas. Por isso, o cancelamento devido ao risco é uma forma de protesto. A obra não pode ser paliativa, mas sim, feita por completo para que a gente possa desfrutar das ondas. Não vamos entrar no mérito das críticas e nos pormenores da obra, isso cabe às autoridades. Mas o evento só vai acontecer quando as obras forem finalizadas. Os surfistas gostam muito desta onda e esperamos que a disputa possa funcionar lá no ano que vem. É uma das ondas mais gringas do Brasil, forte e tubular. Vamos torcer - disse Teco, um dos pioneiros do surfe brasileiro.
Campeão da última etapa, em Margaret River, na Austrália, Adriano de Souza, o Mineirinho, defende a liderança do ranking mundial no Rio de Janeiro. O paulista do Guarujá está no topo, com 24,500 pontos, seguido pelo tricampeão mundial Mick Fanning (16,950), em segundo lugar, e Filipe Toledo (15,700), em terceiro. Atual campeão do mundo, Gabriel Medina está na 16ª colocação, com 7,450. O taitiano Michel Bourez defende o título da quarta etapa da temporada.
Confira na íntegra o comunicado da Cedae sobre as obras:
"A competição sempre foi na Barra da Tijuca. No entanto, sabendo desse problema histórico de poluição em São Conrado, foi criado o programa Sena Limpa São Conrado, cujas obras começaram em setembro de 2013 e serão concluídas até o primeiro trimestre de 2016. O programa é fruto de parceria entre o governo do Estado – por meio da CEDAE e Secretaria do Ambiente - e Prefeitura. O projeto tem o objetivo de garantir a preservação do ecossistema daquela região prevendo o crescimento dos próximos 30 anos.
A obra do Sena Limpa São Conrado consiste na implantação de 615 metros de coletores auxiliares com 250 mm de diâmetro, ampliando dessa forma o sistema de esgotamento sanitário da comunidade do Vidigal. O conjunto de obras inclui ainda a substituição e ampliação de duas linhas no costão da Avenida Niemeyer, que bombeiam os esgotos da Estação Elevatória de São Conrado para a Estação Elevatória do Leblon, que são antigas e sofreram desgaste de material por conta da maresia, por outras tubulações mais resistentes, com 500 mm de diâmetro e 2.100 metros de extensão.
Cabe à Cedae, ainda, a reforma da elevatória, com capacidade para 200 litros por segundo, que será ampliada e modernizada dentro das mais avançadas técnicas de automatização, redução do consumo de energia elétrica, baixo nível de ruído e sistema de desodorização próprio. Os esgotos dessa elevatória seguirão para a Estação Elevatória do Leblon, tendo como destino final o Emissário Submarino de Ipanema.
O projeto fará a modernização do sistema de esgotamento sanitário da Bacia da Praia de São Conrado e contribuirá para elevar as condições de balneabilidade das águas daquela praia, indo ao encontro dos compromissos assumidos com o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Estas são as intervenções que cabem à Cedae. O que acabará com as línguas negras nas praias, no entanto, são intervenções pertinentes à Prefeitura e à SEA.
Vale destacar que o projeto é uma parceria entre o governo do estado, por meio da Secretaria do Ambiente e da Cedae, e a prefeitura, que também fará uma série de obras na região que incluem a instalação do Canal de Tempo Seco da Rocinha, obras referentes à Laje da Praia, captação do Rio Canoas para o rio Pires, drenagem do tramo do rio Canoas, melhorias da captação do rio Pires para a estação elevatória de esgotos da prefeitura."
*Colaborou: Thierry Gozzer
FONTE:
http://glo.bo/1DINV3w?utm_source=link&utm_medium=share-bar-desktop&utm_campaign=share-bar
Praia de São Conrado com esgoto no mar, que
poderia receber etapa do Mundial
(Foto: Reprodução/Facebook)
A Cedae, no entanto, afirma que o problema das línguas negras não cabe à empresa, e sim à Prefeitura e à Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). O palanque em São Conrado estava até sendo montado e a Cedae havia prometido fechar as comportas nos 11 dias de janela do campeonato, mas a Liga Mundial de Surfe (WSL) optou por preservar a integridade física dos atletas. No início do mês, uma foto mostrando um rastro de poluição se espalhando pela água limpa e verde, compartilhada nas redes sociais por nomes como Gabriel Pensador, Gustavo Kuerten e outros atletas, repercutiu muito mal no mundo do surfe, chegando até a entidade.
- Que revolta eu sinto com a poluição do cantão. É um absurdo. Deixam isso acontecer há anos porque quem frequenta essa praia são os moradores da favela. Se fosse Barra ou Ipanema não estaria assim há tantos anos sem solução e PIORANDO! Por favor, compartilhem e marquem as autoridades (in)competentes. #SalvemosSãoConrado - postou o cantor Gabriel Pensador, surfista nas horas vagas, em sua conta no Facebook, no dia 17 de abril.
Bicampeão mundial pela Divisão de Acesso, em 1992 e 1999, e um dos organizadores da etapa brasileira, Teco Padaratz contou que o comissário da WSL, Kieren Perrow, fez uma ligação há dois dias para definir a posição da entidade com os representantes do Brasil.
- O Kieren nos ligou e decidimos juntos que não deveríamos deixar o palco alternativo em São Conrado. Ele ficou contente com a decisão, mas não com a situação. A WSL defende muito a questão do saneamento e da preservação das águas. Por isso, o cancelamento devido ao risco é uma forma de protesto. A obra não pode ser paliativa, mas sim, feita por completo para que a gente possa desfrutar das ondas. Não vamos entrar no mérito das críticas e nos pormenores da obra, isso cabe às autoridades. Mas o evento só vai acontecer quando as obras forem finalizadas. Os surfistas gostam muito desta onda e esperamos que a disputa possa funcionar lá no ano que vem. É uma das ondas mais gringas do Brasil, forte e tubular. Vamos torcer - disse Teco, um dos pioneiros do surfe brasileiro.
Campeão da última etapa, em Margaret River, na Austrália, Adriano de Souza, o Mineirinho, defende a liderança do ranking mundial no Rio de Janeiro. O paulista do Guarujá está no topo, com 24,500 pontos, seguido pelo tricampeão mundial Mick Fanning (16,950), em segundo lugar, e Filipe Toledo (15,700), em terceiro. Atual campeão do mundo, Gabriel Medina está na 16ª colocação, com 7,450. O taitiano Michel Bourez defende o título da quarta etapa da temporada.
Confira na íntegra o comunicado da Cedae sobre as obras:
"A competição sempre foi na Barra da Tijuca. No entanto, sabendo desse problema histórico de poluição em São Conrado, foi criado o programa Sena Limpa São Conrado, cujas obras começaram em setembro de 2013 e serão concluídas até o primeiro trimestre de 2016. O programa é fruto de parceria entre o governo do Estado – por meio da CEDAE e Secretaria do Ambiente - e Prefeitura. O projeto tem o objetivo de garantir a preservação do ecossistema daquela região prevendo o crescimento dos próximos 30 anos.
A obra do Sena Limpa São Conrado consiste na implantação de 615 metros de coletores auxiliares com 250 mm de diâmetro, ampliando dessa forma o sistema de esgotamento sanitário da comunidade do Vidigal. O conjunto de obras inclui ainda a substituição e ampliação de duas linhas no costão da Avenida Niemeyer, que bombeiam os esgotos da Estação Elevatória de São Conrado para a Estação Elevatória do Leblon, que são antigas e sofreram desgaste de material por conta da maresia, por outras tubulações mais resistentes, com 500 mm de diâmetro e 2.100 metros de extensão.
Cabe à Cedae, ainda, a reforma da elevatória, com capacidade para 200 litros por segundo, que será ampliada e modernizada dentro das mais avançadas técnicas de automatização, redução do consumo de energia elétrica, baixo nível de ruído e sistema de desodorização próprio. Os esgotos dessa elevatória seguirão para a Estação Elevatória do Leblon, tendo como destino final o Emissário Submarino de Ipanema.
O projeto fará a modernização do sistema de esgotamento sanitário da Bacia da Praia de São Conrado e contribuirá para elevar as condições de balneabilidade das águas daquela praia, indo ao encontro dos compromissos assumidos com o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Estas são as intervenções que cabem à Cedae. O que acabará com as línguas negras nas praias, no entanto, são intervenções pertinentes à Prefeitura e à SEA.
Vale destacar que o projeto é uma parceria entre o governo do estado, por meio da Secretaria do Ambiente e da Cedae, e a prefeitura, que também fará uma série de obras na região que incluem a instalação do Canal de Tempo Seco da Rocinha, obras referentes à Laje da Praia, captação do Rio Canoas para o rio Pires, drenagem do tramo do rio Canoas, melhorias da captação do rio Pires para a estação elevatória de esgotos da prefeitura."
*Colaborou: Thierry Gozzer
FONTE:
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