Felipão falou pela primeira vez depois que deixou o Grêmio (Foto: Eduardo Moura/Globoesporte.com)
- Eu tenho um relacionamento normal com o presidente Romildo e com a direção de futebol. Eu tenho um relacionamento como sempre tive com outros dirigentes e presidentes. Mas naturalmente que o meu relacionamento com o doutor Fábio, que foi quem me fez voltar ao futebol do Grêmio no ano passado, era um pouco diferente. Nós tínhamos alguma sintonia um pouco maior. E é normal que o Romildo assumindo agora como presidente, ele tenha as suas ideias e possa pô-las em prática de uma ou outra forma. E quando eu senti que tinha um ruído, que existem algumas facções dentro do Grêmio e que esta bastante dividido no sentido de pensamento - diz parte da nota.
O técnico deixa o Grêmio após retornar em julho do ano passado, menos de um mês depois da derrota para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, por 7 a 1. Com história vitoriosa no Tricolor, sai do clube sem títulos em sua terceira passagem. Felipão acumula 51 jogos, com 26 vitórias, 12 empates e 13 derrotas, um aproveitamento de 58,8%. Os Gre-Nais marcam os principais momentos de Felipão no Grêmio: perdeu o primeiro por 2 a 0 pelo Brasileirão, depois, no segundo turno da competição, aplicou uma goleada por 4 a 1 sobre o rival e quebrou um jejum de nove clássicos sem vitória. Porém, neste ano, perdeu o título do Gauchão para o Inter, a “Copa do Mundo” do Grêmio em 2015.
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Um dos técnicos mais vitoriosos da história do clube, Felipão chegou ao Grêmio pela primeira vez em 1987, quando foi campeão gaúcho. Retornou ao Tricolor em 1993, depois de ter conquistado a Copa do Brasil com o Criciúma em cima do próprio Grêmio. O técnico teve um início complicado na segunda vez no time gremista, mas sua permanência foi bancada pelo presidente na época Fábio Koff. O resultado da insistência deu certo: Felipão venceu a Copa do Brasil de 1994, a Libertadores de 1995 e o Brasileirão de 1996.
Confira a nota na íntegra:
“Eu deixei o Grêmio porque o planejamento que nós tínhamos no ano passado, junto ao doutor Fábio Koff, que havia imaginado uma situação um pouco mais difícil do que aconteceu. E que o Grêmio estava em 11º muito próximo da linha de descenso. Quando eu vim ao Grêmio, a primeira solicitação passada para nós é que tirássemos o Grêmio daquela situação de dificuldade e brigássemos por uma situação melhor. E aconteceu. Chegamos a estar quase entre os classificados para a Libertadores. E nos últimos quatro jogos do ano passado é que deixamos escorrer essa situação pelas mãos e não classificamos. Então, o objetivo naquele momento do doutro Fábio foi atingido. Só que num segundo objetivo, para que nós tivéssemos um ano tranquilo e projetos para o ano de 2015, que era a conquista do título Gaúcho, eu não consegui. E fiquei em débito junto ao doutro Fábio. Que não nos acompanhou mais por estar muito doente. E ficou esta situação de débito. E eu achei que em débito deveria conversar com o presidente atual e colocar o meu cargo à disposição”.
PROBLEMAS COM A DIRETORIA
“Eu tenho um relacionamento normal com o presidente Romildo e com a direção de futebol. Eu tenho um relacionamento como sempre tive com outros dirigentes e presidentes. Mas naturalmente que o meu relacionamento com o doutor Fábio, que foi quem me fez voltar ao futebol do Grêmio no ano passado, era um pouco diferente. Nós tínhamos alguma sintonia um pouco maior. E é normal que o Romildo assumindo agora como presidente, ele tenha as suas ideias e possa pô-las em prática de uma ou outra forma. E quando eu senti que tinha um ruído, que existem algumas facções dentro do Grêmio e que esta bastante dividido no sentido de pensamento. Eu ouvia essa ressonância em relação muitas vezes ao meu grupo de trabalho, ao salário, à discordância em relação a determinados jogadores, eu achei que isso era normal. E é normal da minha parte. E muito mais normal da minha parte, porque eu também sou gremista de que eu colocasse à disposição o cargo ao presidente. Nós temos um bom relacionamento. Mas eu entendia que seria interessante colocar porque eu acho que pode seguir uma linha diferente porque cada um tem uma ideia quando assume uma entidade. O Grêmio de hoje não é o mesmo ambiente do Grêmio de dez anos atrás, ou cinco anos atrás. O Grêmio com problemas de facções. Muita gente dividida em relação à muitas coisas. E aí fica um pouco mais difícil de dirigir. Foi isso o que aconteceu”.
NENHUM PROBLEMA DE VESTIÁRIO
“Pelo que eu saiba não. Mas havia sim sempre notícias de que tínhamos problemas de vestiários, ou que tínhamos problemas disso ou daquilo. Porque muitas das situações não eram vividas por pessoas que passavam informações que não eram corretas. Os jogadores sempre souberam daquilo que iria acontecer. Ainda hoje na minha despedida, eu falei a todos os jogadores que o Grêmio tem um bom grupo, mas que para disputar um Campeonato Brasileiro ainda faltavam uns dois ou três jogadores para que a disputa fosse mais igual e mais parelha com alguns outros clubes. É muito bom ter uma equipe e jogadores com mais vivência e boa qualidade junto com os que já estão na equipe porque é um campeonato muito longo. E aí dariam mais possibilidades a quem já tem essas qualidades. Eu nunca escondi isso deles. Muitas vezes foram colocadas algumas notícias por pessoas que tem algum ou outro interesse que não são verdadeiras. Eu não via nenhum problema em relação a isso no vestiário. Eles sabiam de todas as decisões que nós íamos tomar junto a direção. Inclusive, é bom se frisar, que quando se manifestam de que o nosso diretor Rui Costa fez algumas contratações erradas, não foi ele quem fez as contratações. As contratações foram feitas com a minha concordância. E eu era o técnico. Então, se os erros aconteceram, aconteceram porque eu entendia que esses jogadores contratados podiam render. Se não renderam, o errado fui eu”.
PROBLEMAS POLÍTICOS
“Existem grupos interessados em fazer essa substituição porque outros grupos vão tomar conta do poder. Este é um problema que já não era mais da minha alçada e não é da minha alçada, mas que está acontecendo e acontecerá. Provavelmente o Romildo vai ter que se cuidar muito bem dessa parte. O resto, quando não se tem o resultado desejado, como foi o do meu resultado no Campeonato Gaúcho, que eu prometi ao doutor Fábio e não consegui, eu acho que tenho um débito e esse débito estou pagando saindo do Grêmio. E pedindo a demissão, o Grêmio não tem ônus nenhum. Isso que eu quero frisar mais uma vez. Não quero ônus de alguém. Eu quero deixar o Grêmio em condições e possibilidades de até boas contratações se assim quiser. Porque aí será melhor para o Grêmio. Eu como gremista gostaria de ver muito mais. Um Grêmio muito melhor”.
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