Time do Bota entra com faixa protestando contra os atrasos (Foto: Vitor Silva / SS Press)
Um estudo encomendado à empresa KPMG por investidores traçou um raio-x sombrio do futuro do clube. Segundo a análise, o Botafogo precisa de um aporte de pelo menos R$ 200 milhões para sobreviver e ter um mínimo de competitividade em 2015. Até o fim do ano o clube precisaria de pelo menos R$ 65 milhões para colocar tudo em dia. Boa parte da receita futura já está comprometida e não há previsão de entrada de recursos.
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A situação chegou ao limite com a penhora de todas as receitas alvinegras pela fazenda e pelo TRT. O clube foi excluído do Ato Trabalhista no ano passado - e desde então vem lutando para ser reintegrado. O Botafogo optou por pagar salários e deixar encargos em atraso, e o presidente Maurício Assumpção apostou as fichas que a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte seria aprovada até o início de 2014. Não foi - e a bomba começou a explodir em janeiro.
A situação se agravou também por outro motivo - que começou a ficar evidente na semana passada: o departamento de futebol não se adequou à nova realidade. Após deixar o clube, o ex-gerente de futebol, Sidnei Loureiro, deu entrevista criticando o executivo, Sérgio Landau, e o diretor financeiro, Marcelo Murad:
- Eles disseram que se reduzíssemos os custos do futebol, pagaríamos em dia.
O presidente Maurício Assumpção deu entrevista à Rádio Globo na última sexta-feira e desmentiu Sidnei:
- A orientação de reduzir o orçamento do futebol foi minha. E ele sabia disso.
Não entendi a entrevista.
Presidente Maurício Assumpção está no último ano do seu mandato (Foto: Satiro Sodré)
Em janeiro de 2014, o clube não renovou com o treinador Oswaldo de Oliveira e anteriormente havia demitido alguns membros da antiga comissão técnica. Após a eliminação da Libertadores, houve uma nova leva de demissões, que incluíram o preparador de goleiros Flavio Tenius - muito ligado ao goleiro Jefferson. Apesar disso, não houve redução na folha.
Pelo contrário - o Botafogo contratou uma série de auxiliares e ainda distribuiu reajustes. O ex-gerente Sidnei Loureiro, que saiu reclamando de cortes, recebeu aumento. E agora, como seu contrato foi rescindido, o clube ainda terá que arcar com a multa rescisória. Outro exemplo de aumento recente: promovido a treinador, Eduardo Hungaro foi reajustado. Ao ser rebaixado a auxiliar, em abril, continuou com o mesmo salário.
O orçamento preparado pelo departamento de futebol previa - como publicado em reportagem do GloboEsporte.com em dezembro - que o clube chegaria à final da Libertadores. Projetava um aumento de receita e contabilizava as premiações como entradas de caixa. O clube foi eliminado na fase de grupos - e obviamente a conta não fechou.
A busca por recursos tem causado preocupação em diversas correntes políticas alvinegras - com um receio comum de que o presidente assine contratos que ultrapassem seu atual mandato - buscando recursos "antecipados" para pagar os atrasados. Na entrevista para a Rádio Globo, o presidente anunciou que o clube está negociando a criação de um cartão de consumo para o Engenhão - embora não se saiba exatamente ainda quando o Botafogo vai retomar o estádio. Por conta desse temor, alguns habituais "emprestadores" do Botafogo já sinalizaram que a fonte "secou".
Para piorar, o clube não consegue sequer vender jogadores para abater as dívidas - porque os direitos econômicos dos destaques do elenco estão penhorados. A saída de Lodeiro para o Corinthians aconteceu em junho - mas o jogador não consegue estrear pelo time paulista porque seus direitos econômicos estão "paralisados" no Botafogo. O temor atual no futebol é não conseguir verba para pagar o terceiro mês de atraso da CLT dos atletas - o que pode provocar uma debandada a qualquer momento.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2014/07/estudo-diz-que-bota-precisa-de-r-65-mi-para-ficar-em-dia-ate-o-fim-do-ano.html