Ronaldinho vive grande momento no Galo
(Foto: Bruno Cantini / Site Oficial do Atlético-MG)
(Foto: Bruno Cantini / Site Oficial do Atlético-MG)
A advogada que está à frente do processo de quebra de contrato é Gislaine Nunes, que atua ao lado de Aldo Giovani Kurle. A ação por danos morais está sob responsabilidade de Sérgio Queiroz. Na última semana, segundo Gislaine, ocorreu a última tentativa de acordo entre as partes antes da audiência. Sem sucesso. Mas a advogada diz considerar possível o consenso. Ronaldinho Gaúcho estará presente no tribunal.
- Será uma audiência de instrução. As partes serão ouvidas, as defesas apresentadas, estaremos todos lá, incluindo Ronaldinho e Assis (irmão e empresário do jogador). Houve várias tentativas de acordo até a semana passada, o que acho até louvável por parte do Flamengo. Se tudo correr bem, acredito que até tenha possibilidade de acontecer - disse Gislaine.
Consultado, o vice-presidente jurídico do Flamengo, Rafael de Piro, preferiu não se pronunciar, alegando que o processo corre sob segredo de Justiça. Limitou-se a dizer que as tentativas de acordo partiram de ambos os lados, e não apenas da Gávea. Se a audiência não levar a um entendimento entre as partes, deverá ser marcado o julgamento do caso.
Crise começa com interrupção de pagamentos da Traffic
O problema entre Ronaldinho e Flamengo começou em setembro de 2011, quando a Traffic, que se responsabilizava por 75% dos vencimentos do atleta, parou de pagar. O motivo foi a assinatura do contrato de patrocínio do clube com a Procter&Gamble, agenciado pela 9ine, do ex-jogador Ronaldo. Uma das contrapartidas no acordo com a Traffic era a exclusividade na negociação de patrocínios, que proporcionariam cotas à empresa a partir do cumprimento de metas. Após sete meses sem fechar com uma marca para o espaço mais nobre de sua camisa, o clube usou outra alternativa e, pouco depois, ficou sem a verba para quitação do contrato de imagem de Ronaldinho.
A partir daí, passou a ser discutida a responsabilidade do pagamento, e se sucederam diversas tentativas de acordo entre Traffic e Flamengo. Em fevereiro de 2012, aconteceu o rompimento definitivo da parceria, com o clube assumindo o pagamento dos R$ 750 mil mensais do contrato de imagem (além dos R$ 250 mil de salários, que já eram pagos pelo Rubro-Negro).
Rescisão e troca de farpas
- Quem você acha que vai ganhar? O Flamengo tem 100 anos. O Ronaldinho não joga porra nenhuma - disse Coutinho, que perdeu prestígio após o episódio, foi mantido por vontade de Zinho, mas acabou sendo demitido meses depois.
A resposta da advogada Gislaine Nunes foi no mesmo tom.
- Dedico essa liminar ao Coutinho, eu nem sabia da pérola que ele falou sobre o Ronaldinho, com palavrão e tudo. Agora ele vai chorar na cama que é lugar quente. O Flamengo tem 100 anos, sim, mas, quando tem uma administração provinciana, olha só o que acontece.
Desencontro sobre exame causa crise interna
O rompimento do contrato de trabalho teve base no atraso dos vencimentos de imagem, que no entendimento dos advogados de Ronaldinho constituem parte integrante do salário, e também de suposto atraso no recolhimento de encargos como o FGTS - o clube alegou, na época, que os pagamentos já estavam quitados. Cinco dias depois da rescisão contratual, o contra-ataque do Flamengo se traduziu no anúncio da existência de um exame de sangue realizado em dia de treino que apontaria a presença de álcool no organismo do jogador. O anúncio foi feito por De Piro, no dia 5 de junho.
- Isso (o exame) foi feito. Não sei dizer quando, mas sei que foi feito. O exame constatou álcool no sangue do Ronaldinho. Acho que ele nem sabia do resultado do exame. Isso está comprovado e é prova mais do que clara. Já pedimos ao departamento médico e deve chegar para mim hoje ou amanhã. Existe o exame, vamos levantar e certamente será usado. É mais uma prova inequívoca do comportamento inadequado dele. O fato de ter sido encontrado álcool no sangue dele é um negócio bastante grave. Estamos levantando essas provas. É um exame, o vídeo (da concentração em Londrina). Vamos jogar com todas as forças - afirmou De Piro ao GLOBOESPORTE.COM, em junho.
Seis dias depois, o chefe do departamento médico do Flamengo, José Luiz Runco, desmentiu o teor do exame e criou uma crise interna.
- Existe o exame normal de rotina, que foi feito pelo departamento no dia 4 de janeiro. Para detectar álcool e drogas, só com o consentimento do paciente. Não existe este exame que aponte álcool - disse.
No fim de junho, o advogado Sérgio Queiroz entrou com mais uma ação movida por Ronaldinho Gaúcho contra o Flamengo, desta vez cobrando danos morais. Ele explicou que o processo também é trabalhista, pois o dano à imagem ocorreu enquanto o jogador ainda era empregado do clube. Ele usou o caso do exame, entre outros, para justificar o processo pedindo mais R$ 15 milhões de indenização.
- A ação busca a reparação pelo ataque à imagem e à honra do atleta, do trabalhador, cometida pelo empregador, no caso o Flamengo, que proferiu diversas ofensas e inverdades sobre a pessoa dele. Entre elas, que se tratava de uma pessoa que treinava bêbada, inclusive com um exame de sangue para comprovar. Situações inverídicas que depois vieram a ser desmentidas. Esse é um só dos exemplos. Então a ação busca reparar esse dano - disse Queiroz ao GLOBOESPORTE.COM no dia 28 de junho.
Os dois processos serão apreciados na audiência desta quinta-feira. Sem acordo, um desfecho definitivo deve demorar a acontecer.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2012/11/encontro-marcado-no-tribunal-fla-e-r49-tentam-acordo-nesta-quinta.html