Em nota, atletas do Timão condenam 'marginais' e apoiam possível greve
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Em nota, atletas do Timão condenam 'marginais' e apoiam possível greve


Jogadores do Corinthians pedem um 'basta' na violência das organizadas e falam em não atuar na rodada do fim de semana do Campeonato Paulista

Por São Paulo

Vestiário do Corinthians - Guerrero Emerson Sheik (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)Vestiário mostra tensão de jogadores no domingo (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)
 
Em carta divulgada na tarde desta terça-feira, os jogadores do Corinthians manifestaram indignação com a invasão de mais de 100 torcedores ao CT Joaquim Grava no sábado passado. O tom do texto mostra a total insatisfação do elenco com a situação à qual foram submetidos – ameaçados, alguns tiveram de se esconder por horas dentro da própria casa corintiana. O grupo, inclusive, apoia a possibilidade de greve no próximo fim de semana, proposta pelo Sindicato dos Atletas Profissionais do estado.

Na carta, os corintianos chamam os torcedores de “marginais” que invadiram uma propriedade privada. Reconhecem que também não estão satisfeitos com o desempenho da equipe dentro de campo, mas condenam todos os atos violentos praticados no último sábado – o atacante Guerrero chegou a ser “esganado” por um invasor mais exaltado. 


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Ainda em tom firme, os corintianos se disseram "fracassados" por terem entrado em campo na derrota por 2 a 1 para a Ponte Preta, no domingo. Os atletas não queriam jogar, mas aceitaram participar do duelo após uma reunião com a diretoria e a comissão técnica.

O Corinthians deu respaldo a seus jogadores e coletou imagens do circuito interno de segurança para enviar à delegacia responsável pelas investigações. Até esta quarta-feira, um inquérito policial deve ser aberto para apurar os detalhes da invasão.

Confira abaixo a íntegra da nota:

Os atletas profissionais do Sport Club Corinthians Paulista vêm a público se manifestar a respeito dos fatos lamentáveis ocorridos na manhã de sábado, 1 de fevereiro, no CT Joaquim Grava, onde a equipe realiza seus treinamentos.

Estamos fartos com a irracionalidade e com os atos de violência impunes que envolvem inúmeras situações ligadas ao futebol. As cenas grotescas vividas neste último sábado por nós jogadores e por todos os funcionários do SCCP determinam que uma tragédia sem precedentes está prestes a ocorrer no ambiente de trabalho de qualquer clube de futebol profissional no país e nós não seremos coniventes com isso. É preciso dar um basta e unir uma força tarefa capaz de oferecer segurança aos profissionais e aos torcedores de bem.

Sabemos que esta não é a primeira, mas deveria ser a última vez que marginais ligados às torcidas organizadas invadam propriedade privada, agridam jogadores e funcionários do clube e os ameacem com armas. Sabemos também que estes mesmos marginais, infiltrados nas torcidas de todo o país, provocaram mais de 90 % das brigas nos estádios nos últimos anos, causaram mortes e afastaram o público e suas famílias dos campos de futebol.

Assim como há uma maioria de jogadores dedicados e profissionais, há também, como em qualquer profissão, jogadores menos responsáveis e menos comprometidos. Nos momentos de derrota e nas fases difíceis, os torcedores revoltados se sentem no direito de nivelar por baixo e tratar todos os atletas da mesma forma. Mas quando, em momentos de crise e de violência, as torcidas organizadas, compostas por pessoas boas e pessoas ruins, sofrem esse mesmo preconceito e são tratadas como um todo, se revoltam com a injustiça.

Admitimos o nosso fracasso dentro de campo nos últimos meses e admitimos um fracasso ainda maior por termos ido a campo no último final de semana quando, na verdade, poderíamos ter dado um basta a essa situação e chamado a atenção de todo o país, das autoridades, dos clubes e dos organizadores dos campeonatos para uma tragédia que há de acontecer se nada for feito para estancar a violência em todos os níveis do futebol.

Fracassamos por causa dos riscos contratuais do clube com os patrocinadores, com a Federação Paulista de Futebol, com a Rede Globo de Televisão e em respeito à verdadeira torcida corinthiana. Se isso não demonstrar o comprometimento deste grupo de atletas com o SCCP, não há mais nada a dizer.

Queremos que fique claro que nós, enquanto jogadores, não nos sentimos credores de coisa alguma. Ao contrário, nos sentimos honrados e extremamente felizes por termos conquistado tanto com a gloriosa camisa corinthiana e até nos sentimos em dívida com a Fiel, a de verdade, pelo que não conseguimos fazer nos últimos meses.

Mas nós, jogadores do Corinthians, reivindicamos que haja segurança para que possamos trabalhar em paz em busca de novas vitórias. Ninguém mais do que nós sente o desgosto da derrota. E é por isso que exigimos que nos deem condições para a volta por cima que buscamos.

Afirmamos que as vitórias do futuro próximo só virão se todos jogarmos juntos, com a mesma receita das vitórias do passado recente.

Finalmente, não admitiremos mais nenhum desrespeito ao nosso compromisso de profissionais dedicados e honestos com o clube e sua enorme massa torcedora. A nossa vida e a nossa segurança valem mais do que qualquer contrato ou interesse político/financeiro/particular de terceiros. Nós tornamos público o nosso apoio à iminente paralisação proposta pelo sindicato dos atletas profissionais do Estado de São Paulo para o fim de semana, visando melhorias nas condições de trabalho para os empregados de todos os clubes de futebol do país.

Estamos à disposição das autoridades e dos órgãos públicos para identificar e colaborar com a punição dos responsáveis por essa barbárie e pela criação de medidas que evitem o risco de novas ações violentas.


Atenciosamente,

Grupo de atletas profissionais do SCCP



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/noticia/2014/02/em-nota-atletas-do-timao-condenam-marginais-e-apoiam-possivel-greve.html



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