Em seu retorno ao Brasil, Gabriel Medina se disse um privilegiado. Foi questionado sobre sua relação com o pai biológico, Claudinho, e disse que considera ter dois pais, já que desde de menino tem a companhia, a criação e o carinho do padrasto, Charles. Pouco depois de voltar ao país, o novo campeão mundial, de 21 anos, visitou o pai na praia de Maresias, São Sebastião, onde nasceu e vive. Em meio ao caos criado pelas chuvas que deixaram estragos na região, ele teve tempo para um abraço, relatado com emoção pelo pai que quase nunca aparece na mídia.
- Fui ajudar uns tios. Entrou água em casa, perderam tudo. Quando eu cheguei em casa, fui descansar na rede, e o Gabriel chegou. Foi uma felicidade muito grande, né? Você encontra seu filho, campeão mundial. Aí eu falei para ele: “Eu falei para você o quê? Você é um campeão e ia ganhar”. Ele me abraçou e disse: “Realmente, você falou”. Demos muita risada. Mostrei as reportagens para ele. Ele deu risada de tudo - disse Claudinho, por telefone, ao GloboEsporte.com.
As últimas 48 horas não foram fáceis para o pai de Gabriel Medina. Claudio Ferreira passou muitas horas ajudando amigos e familiares que tiveram casas alagadas. Ainda emotivo com a situação de sua cidade, ele relatou também a preocupação do filho mais velho, que recusou festa em seu retorno e se disse disposto a ajudar. Nas redes sociais, Medina fez apelo.
- O Gabriel é muito centrado nessa parte. Ele chegou em casa todo preocupado, perguntando se tinha entrado água aqui em casa. Ficou um centímetro para entrar, mas não entrou. Então, vamos ajudar os familiares e os amigos que perderam muita coisa. Ele disse “Pai, fica tranquilo. Eu estou com consciência disso”. Até um colega perguntou se ele ia fazer festa. Ele disse: “Não, não quero festa. Eu quero ver o povo tranquilo, com o básico, em casa”. Ia ser uma festa maravilhosa para ele, com certeza isso ia acontecer. Mas não deu, não tem nem clima. Hoje que está saindo um solzinho, o pessoal está conversando um pouco mais. Uns tios choraram muito, mas estamos bem.
Claudinho e a mãe de Gabriel, Simone, se separaram há muitos anos. Quando Charles Rodrigues se tornou padrasto, o surfista tinha apenas oito anos. E, embora sempre diga que tem uma boa relação com o pai biológico, estreitou muito os laços com o pai que ''adotou''. Foi Charles quem apostou no sucesso do brasileiro no surfe, dando sua primeira prancha de surfe. Apesar disso tudo, Claudio Ferreira diz que nunca esteve totalmente distante do herdeiro. Ele, que também é pai de Felipe, de 18 anos, explicou a relação que quase ninguém conhece de perto.
Claudinho lembra com carinho da infância de Gabriel Medina em Maresias. Era um menino brincalhão, sorridente e, em vez do mar, gostava de se divertir em campos de futebol. O pai, torcedor do Corinthians, afirma com veemência que Medina era bom de bola. Ao ver o tempo passar, ele enxerga seu filho como um jovem maduro.
Medina sagrou-se campeão do WCT em 2014 na última sexta-feira. Líder do circuito mundial, ele fez sua parte e chegou à final, perdendo o título da etapa de Pipeline para o aussie Julian Wilson por 19,63 a 19,20. O caneco, no entanto, já estava garantido com as eliminações precoces dos principais adversários no Havaí. Após a passagem por Maresias, ele viajou com os amigos de férias para Florianópolis.
FONTE:
http://glo.bo/1HM9K3X
- Fui ajudar uns tios. Entrou água em casa, perderam tudo. Quando eu cheguei em casa, fui descansar na rede, e o Gabriel chegou. Foi uma felicidade muito grande, né? Você encontra seu filho, campeão mundial. Aí eu falei para ele: “Eu falei para você o quê? Você é um campeão e ia ganhar”. Ele me abraçou e disse: “Realmente, você falou”. Demos muita risada. Mostrei as reportagens para ele. Ele deu risada de tudo - disse Claudinho, por telefone, ao GloboEsporte.com.
Em foto antiga, Gabriel Medina com o irmão
Felipe e o pai biológico Claudinho(Foto:
Reprodução/ Facebook)
- O Gabriel é muito centrado nessa parte. Ele chegou em casa todo preocupado, perguntando se tinha entrado água aqui em casa. Ficou um centímetro para entrar, mas não entrou. Então, vamos ajudar os familiares e os amigos que perderam muita coisa. Ele disse “Pai, fica tranquilo. Eu estou com consciência disso”. Até um colega perguntou se ele ia fazer festa. Ele disse: “Não, não quero festa. Eu quero ver o povo tranquilo, com o básico, em casa”. Ia ser uma festa maravilhosa para ele, com certeza isso ia acontecer. Mas não deu, não tem nem clima. Hoje que está saindo um solzinho, o pessoal está conversando um pouco mais. Uns tios choraram muito, mas estamos bem.
Gabriel Medina foi muito aplaudido no desembarque em São Paulo (Foto: Araújo, Caio Duran e Eduardo Martins / CDC Shows e Eventos)
- Ele nunca esteve longe de mim. Sempre a gente se vê, é uma coisa entre eu e ele. Ele nunca comentou e eu também nunca quis aparecer, não gosto de dar entrevistas. Mas todos os anos a gente senta, conversa, às vezes ele está na viagem e me liga para perguntar como eu estou. A gente tem uma conversa, à distância. Ele falou uma vez para mim: “Pai, não importa o que estão falando do senhor, que muita gente fala que o senhor apareceu agora. Eu conheço o senhor. O senhor nunca me pediu nada. Se precisar pede para um amigo, outro familiar, mas nunca para mim. O que eu tenho é entre eu e o senhor. Eu te amo”. E é isso que eu quero dele, mais nada. Muita gente critica, chama de aproveitador. O Gabriel mesmo disse: “Pai, deixa eles falaram”. Ele vem aqui, brinca com o cachorro, que é o Sol, já tem quase sete anos, é um parceiro. Ele é um ser humano maravilhoso. O Gabriel e o Felipe, para mim, têm um caráter muito lindo. Sempre preocupados com o povo. Sempre motivam as coisas que eu tenho, que a mãe dele também tem. Isso é legal. Sempre pensam na parte do bem, nada na parte do mal - disse o pai do campeão.
Na infância, Medina era bom de bola
Chuva causou estrago em Maresias nesta
semana (Foto:Andre Motta Waetge/Arquivo Pessoal)
semana (Foto:Andre Motta Waetge/Arquivo Pessoal)
- Acho que o surfe para ele só começou depois dos oito, nove anos. Ele aprontava cada uma. Na minha casa tem um campo pequeno, quando eu chegava em casa tinham uns 30 moleques. Jogavam bola o dia todo. Iam para o campinho de um vizinho também. Sempre ele e o Felipe (irmão). Muito divertido. Sempre foi isso aí que você vê, com um sorrisão. Agora ele está mais sério, com mais responsabilidade. Igual eu falei para ele: “Nunca esqueça a parte criança que existe em você, que existe em mim. Pés no chão, respeitando seu adversário”. Para mim o mais importante é o caráter dele. De saber equilibrar as coisas, o momento bom, o momento triste. Ele tem um lado emotivo muito grande. Coisa que o ser humano tem e que ninguém muda. E isso é muito legal.
Há exatamente uma semana, Claudinho se emocionou à distância. Em um bar na cidade de Maresias, a milhares quilômetros da praia de Pipeline, no Havaí, ele viu o filho fazer história e ser campeão do mundo. Fez questão de organizar quase que uma festa privada. Se não teve o abraço instantâneo do filho, ao menos soltou fogos para celebrar.
Gabriel Medina e família: mãe, irmãos e o
padrasto (Foto: Márcio Fernandes
/ Ag. Estado)
- Eu estava em casa. Aí dois colegas falaram comigo para assistirmos no bar, que estava um pessoal ali, dava para assistir tranquilo. Quando ele foi campeão, aí eu não aguentei e gritei. Foi uma emoção muito grande. Já tinha comprado umas dez caixas de foguetes, e aí o pessoal começou a comemorar, foi até o final. Tudo bem que não ganhou a etapa, mas foi campeão e foi tranquilo. Foi uma emoção muito grande. Os amigos todos felizes, me abraçando. Uma emoção fora do comum.
FONTE:
http://glo.bo/1HM9K3X