- o efeito beckham
- Um indiano por trás dos panos e campanhas marcantes
Classificada em segundo lugar no Grupo G, com quatro pontos, a seleção comandada por Jürgen Klinsmann volta a campo nesta terça-feira, às 17h (horário de Brasília), pelas oitavas de final. A equipe encara a Bélgica na Arena Fonte Nova, em Salvador.
Americanos invadem estádios brasileiros
durante a Copa do Mundo (Foto: Getty Images )
Os Estados Unidos só perdem para o Brasil em ingressos comprados para a Copa do Mundo: foram 198.208 bilhetes, mais do que o triplo da Argentina, terceira colocada com 61.477. Mesmo considerando que este número inclui estrangeiros que moram no país, o Consulado Geral dos EUA no Brasil afirma que mais de 90 mil americanos desembarcaram na terra da Copa nas últimas semanas.
Presidente Barack Obama assiste ao jogo entre Alemanha e EUA (Foto: Agência AP)
Se os estádios têm ficado cheios de torcedores vestindo as tradicionais listras e estrelas da bandeira, os números mais impressionantes vêm de empresas especializadas em audiência de televisão. De acordo com a Nielsen, a partida entre Estados Unidos e Portugal foi o jogo de futebol mais visto na história da TV americana, com média de 18,22 milhões de espectadores e pico de quase 23 milhões. A título de comparação, esta medição é superior aos confrontos dos playoffs da NBA e das decisões de beisebol no ano passado.
o efeito beckham
David Beckham comemora com os filhos título
conquistado pelo Los Angeles Galaxy
(Foto: Agência Getty Images)
- Acho que Beckham foi o primeiro grande nome a aparecer o tempo todo nas notícias. E então começaram a aparecer mais outros grandes nomes. Atualmente ouvimos muito sobre Messi. As crianças já crescem ouvindo os nomes, sabendo as regras e jogando na escola, o que não acontecia em outras gerações. A geração de nossos pais até teve esse contato na escola, mas, como não havia essa exposição de mídia, não tinha como se equiparar ao basquete, ao futebol (americano) ou ao beisebol. E ficava com fama de ser um esporte feminino – disse Janell Fuller, que foi à Copa de 2006 e está com o marido, Alex, e os filhos Carlos e Maggie em Salvador para o confronto com a Bélgica.
Janell e a família na Praça da Cruz Caída, em Salvador: 2ª Copa da família (Foto: Helena Rebello)
Nem os dois períodos de empréstimo para o Milan ou a presença constante nas páginas de celebridades diminuíram os efeitos da semente plantada involuntariamente por Beckham. Pelo contrário. Os holofotes atraídos pelo britânico abriram portas para que outros astros do futebol mundial também vissem os Estados Unidos como um possível mercado. O francês Thierry Henry acertou com o New York, e os brasileiros Ronaldinho Gaúcho e Kaká foram cotados para atuar na Liga. Com tantos nomes famosos em jogo, a mídia do país deu espaço ao “soccer”, e o público foi se familiarizando cada vez mais.
Para o jornalista Andrew Das, do jornal "The New York Times", a negociação de Beckham foi um marco para o estabelecimento de um novo patamar salarial na liga americana e também para uma mudança de perfil da competição.
- Quando ele foi para a liga talvez não estivesse mais no auge, mas ainda era um jogador valioso na Europa e um enorme impulso de credibilidade. Fez com que jogadores em outros países soubessem que a MLS não era apenas um porto para se passar um ou dois anos antes da aposentadoria, mas um campeonato para se jogar no auge. Beckham mostrou um comportamento profissional trabalhando, treinando e jogando duro, o que foi um exemplo para os jovens atletas.
Ele ainda aumentou o patamar salarial e persuadiu nomes como Henry, Tim Cahill e Robbie Keane a virem também. Isso aumentou o nível competitivo no campo. Aqui no Brasil podemos ver vários jogadores da liga, não só pelos EUA, mas por Costa Rica, Honduras e até o herói do Brasil nas oitavas, Julio César.
Um indiano por trás dos panos e campanhas marcantes
Nascido em Allahabad, na Índia, e radicado nos Estados Unidos desde criança, Sunil Gulati é professor de economia da Universidade de Columbia. É das aulas que ministra que tira o sustento de sua família – é casado e tem duas filhas. Seu cargo como presidente da Federação Americana de Futebol não possui remuneração, é voluntário. Em março deste ano, já às vésperas da preparação para a Copa do Brasil, ele conquistou a reeleição para seu terceiro mandato.
Jurgen Klinsmann e Sunil Gulati na apresentação do treinador, em 2011 (Foto: AFP)
Muito antes de assumir o cargo, Gulati esteve envolvido no desenvolvimento do futebol no país. Jogador e árbitro universitário na juventude, o indiano conheceu Warner Fricker, então presidente da federação nacional. Ali começou seu envolvimento na entidade. Participou do Comitê Organizador da Copa de 1994 e, depois, teve papel fundamental na profissionalização da MSL.
A combinação parece ter rendido frutos, e os EUA se classificaram em primeiro lugar nas eliminatórias da Concacaf. No Grupo G, estreou com vitória sobre Gana, empatou com Portugal e foi superada pela Alemanha. Campanha suficiente para avançar às oitavas e deixar torcedores esperançosos.
À direita, John Smith posa com os amigos no Pelourinho (Foto: Helena Rebello)
Em busca da vaga nas quartas de final, os Estados Unidos desembarcam em Salvador neste domingo. A equipe deve realizar um treino no final da tarde, mas nem o local nem o horário foram divulgados ainda. Na segunda-feira, o grupo faz o reconhecimento do gramado na Fonte Nova, e na terça entra em campo em busca de mais motivos para que os americanos se interessem pelo futebol.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecoes/estados-unidos/noticia/2014/06/efeito-beckham-e-chefe-indiano-levam-soccer-ao-auge-e-recordes-no-brasil.html