O Maracanã estava cheio. Com 55.914 torcedores, público pagante de 48.077, renda de R$ 1.174.540,00, a torcida do Vasco compareceu para apoiar o time, que nem precisou de uma grande exibição para sair de campo com a vitória por 2 a 0 sobre o lanterna Náutico, neste domingo. Mas o drama continua. Os três pontos conquistados com o gol de Edmílson, logo no começo do jogo, e de Bernardo, no fim, não bastaram para livrar o time do Z-4. Com 44 pontos, em 17º lugar, o time, que jogará a última partida contra o Atlético-PR, na Arena Joinville, não depende só dele para se manter na Série A.
Parecia que seria uma vitória tranquila, mas o Vasco acabou levando susto no fim do lanterna do Brasileirão até sair o gol de Bernardo em jogada individual, aos 41 minutos. A vibração foi intensa, mas a preocupação dos cruz-maltinos continua quanto à partida do próximo domingo, na Arena Joinville - o Furacão não poderá jogar na Vila Capanema, em Curitiba. Perdeu o mando de campo por causa de briga de sua torcida durante o Atletiba, em 6 de outubro, pela 26ª rodada do Brasileirão.
A rodada não foi nada boa para o Vasco. Coritiba, Criciúma e Bahia, outros que brigam contra o rebaixamento, venceram seus jogos contra Botafogo, São Paulo e Cruzeiro, respectivamente, aumentando a pressão em São Januário. Numa combinação otimista, é até possível o time escapar de um rebaixamento com um empate, contanto que o Fluminense não vença o Bahia em Salvador e o Coritiba perca por três gols de diferença para o São Paulo. Vasco e Coxa terminariam com mesmo número de pontos, vitórias e saldo de gols, mas os cruz-maltinos venceriam no critério de desempate por gols marcados. Mas seria de bom tom o Vasco vencer fora de casa. Com 47 pontos ganhos, bastaria torcer por empate do Coritiba com o São Paulo no Morumbi ou derrota do Criciúma para o Botafogo, no Rio.
O Náutico, já rebaixado, se mantém na tabela com 17 pontos e terminou mal uma semana bastante turbulenta. Sob a liderança do capitão Martinez, os jogadores concederam entrevista coletiva na última quinta-feira em que ameaçaram fazer greve e não entrar em campo devido aos salários atrasados e péssimas condições de trabalho. A situação foi contornada depois da participação de representantes do Bom Senso FC no caso. O grupo ameaçou paralisar o Brasileirão com greve geral, mas não foi necessário - os atletas do Timbu aceitaram o novo prazo do Timbu para regularização da situação financeira.
Antes da partida, os jogadores das duas equipes seguiram na manifestação do Bom Senso F.C. Ficaram sentados por um minuto ao redor do círculo do gramado antes da saida e, depois, mais 30 segundos tocando a bola após o minuto de silêncio em homenagem a Nilton Santos, bicampeão mundial pela seleção brasileira e um dos maiores ídolos da história do Botafogo, falecido na última quarta-feira.
Gol no começo
Com seu terceiro unforme - camisa creme, short e meiões pretos -, o Vasco começou seguindo a velha cartilha dos times que só podem pensar em vencer: atacar de cara, abrir logo o placar, ganhar tranquilidade. E demorou apenas quatro minutos e 50 segundos para atingir o objetivo. O gol surgiu de um canhão de Yotún de fora da área. Ricardo Berna até tocou na bola, que carimbou a trave e sobrou limpa para Edmílson apenas escorar para as redes.
Era para tudo ficar mais fácil. Os laterais subiam. A torcida esperava goleada já na primeira etapa. Mas Fágner e Yotún pouco iam à linha de fundo. Marlone se esforçava, mas não deixava o ataque na cara do gol. Thales abria pela direita, Edmílson ficava mais pelo meio. Mas jogada boa, jogada perigosa novamente só no centro de Yotún para Cris, de cabeça, obrigar Ricardo Berna a tocar para escanteio. Para piorar, o Timbu apertou a marcação. E Maikon Leite começou a aprontar. Aos 30, em contra-ataque rápido, cortou Luan mas mandou para fora a chance do empate. Um alívio para os cruz-maltinos. Pouco depois, se enfiou entre a zaga, mas aí Luan, ligado, evitou o pior. Mas o Vasco precisava fazer mais no segundo tempo.
Gol de Bernardo
No intervalo. Adílson Batista trocou Thales por Robinho, que caiu pela esquerda. Marlone apareceu mais. Yotún assustou novamente Ricardo Berna, em falta bem cobrada pelo lado direito. Depois, Robinho fez boa jogada e cruzou, mas Edmílson não conseguiu alcançar.
A torcida já tinha pedido Bernardo, e acabou atendida pelo técnico Adílson Batista. O time mostrou pouca melhora. E pior: o Náutico chegou a ensaiar um susto no fim. Os cruz-malti nos olhavam para o relógio e, tensos, acompanhavam o resultado das outras partidas. Aos 41 minutos, Bernardo, em jogada individual, ampliou para 2 a 0 e comandou uma festa no Maracanã. Ao menos os três pontos estavam garantidos. O jeito era torcer por um empate do Botafogo com o Coritiba, no fim - a partida terminou depois. Mas o Coxa segurou a vitória. O jeito é, no próximo domingo, sair de Joinville com a vitória e torcer por uma boa combinação para escapar do pior.