Completar 18 anos é um marco na vida de qualquer adolescente. E a vez de Dória chegou. Nesta quinta-feira, as brincadeiras serão inevitáveis até mesmo em casa. Os pais Hélio e Lourdes sofrem vendo o filho, zagueiro titular do Botafogo, crescer em um meio no qual a pressão é intensa e, às vezes, cruel. A festa de aniversário será apenas domingo, dia seguinte ao jogo com a Portuguesa, no Engenhão, quando o time estará de folga, mas os efeitos já começam a ser sentidos.
No pequeno quarto que divide com o irmão Henrique, de 13 anos, Dória ainda tem uma série de jogos de videogame, onde se diverte como criança. No campo, porém, ele se apresenta como gente grande, enfrentando grandes atacantes do futebol brasileiro. A rotina de ainda viver nos dois mundos é acelerada, e o reconhecimento na rua aumenta a cada dia.
A convite do GLOBOESPORTE.COM, Dória voltou ao local onde começou a levar o futebol mais a sério. Em uma escolinha comandada por Marcelo Fernandes, que passou a cuidar de sua carreira, no Rio Cricket, ele se desenvolveu e encontrou crianças que perseguem o mesmo sonho. Algumas o reconheceram rapidamente, outras demoraram um pouco mais. Depois, autógrafos e o cumprimento de vários conhecidos.
- Estou me acostumando. Outro dia, um fiscal de ônibus por onde passo todo dia me parou para perguntar se eu era jogador. Alguns adolescentes da minha idade me reconhecem falam comigo. Fico feliz - comentou Dória.
As aulas para aprender a dirigir e conseguir a carteira de habilitação ainda não começaram. Ele só deve se dedicar a mais um benefício dos 18 anos apenas nas férias. Por enquanto, se preocupa em ajudar o Botafogo a tentar alcançar a vaga na Taça Libertadores do ano que vem. Algo difícil, mas não impossível. O São Paulo tem oito pontos de vantagem, faltando apenas quatro rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro.
- Com 18 anos, vem mais responsabilidade. O pessoal brinca comigo, diz que não pareço ter a idade que tenho. Mas eu também brinco. Falei para o meu pai que iria comprar um apartamento para me mudar e morar sozinho. Ele nem dormiu direito nesse dia - contou Dória, que ainda vai de carona para os treinos com o goleiro Jefferson, que também mora em Niterói.
A preocupação com o futuro existe. Dória completou o ensino médio em dezembro de 2011, com apenas 16 anos. Consciente da necessidade de estudar para ter uma melhor formação, mira em exemplos dentro do grupo, como o holandês Seedorf.
- Ele fala várias línguas. O português dele é até melhor do que o nosso. Tem que aprender a falar direito mesmo - disse Dória.
O começo foi difícil. Desde pequeno, o zagueiro correu atrás do sonho. Com dois amigos, aos 11 anos, encarou uma viagem para Curitiba, onde fez um teste no Atlético-PR. Ficou uma hora na rodoviária esperando a chegada de um responsável do clube. Voltou para o Rio sem fazer a segunda fase.
- Ficamos morrendo de preocupação. Ele ligou de lá preocupado porque tinha perdido uma touca. Imagina se isso era problema. Ele sozinho na rodoviária, pequeno daquele jeito, e preocupado com a touca do amigo que pegou emprestada - revelou Lourdes.
Depois dessa preocupação, Dória foi parar na escolinha de Marcelo no Rio Cricket. Aos 13 anos, começou a se desenvolver até se tornar o zagueiro que conquistou rapidamente a confiança da torcida do Botafogo. Companheiro de quarto de Antônio Carlos, procura tirar lições para o seu futuro como jogador.
- Os torcedores falam comigo na rua, dizem para eu não ir embora, que tenho que ficar no Botafogo muito tempo. Converso muito com o Antônio Carlos, que é meu companheiro, também com Jadson, Gabriel, que são mais novos como eu - disse Dória.
O primeiro gol como profissional já saiu. Na goleada de 4 a 0 sobre o Atlético-GO, no Engenhão, ele completou de cabeça uma cobrança de falta de Andrezinho (veja o vídeo). Por trás da bola na rede, há sempre uma história a ser contada e o zagueiro também tem a sua.
- Na concentração, o Altamiro (Bottino, fisiologista) pegou amostra de sangue de alguns jogadores. Eu, Seedorf, Bruno Mendes e Gabriel fomos. Mais ninguém. Falei que só os que haviam feito o exame fariam os gols. No fim do jogo, o Bruno Mendes correu para falar comigo e nem lembrava mais dessa história. Falei e deu certo. Os quatro fizeram os gols - vibrou o zagueiro.
Com menos de um ano de profissional, Dória tem metas, e a primeira delas é entrar na lista de convocados para o Sul-Americano Sub-20. Por enquanto, ainda não foi chamado para vestir a camisa das seleções de base, mas controla sua expectativa.
- Estou tranquilo e espero a oportunidade. Tenho que mostrar no clube o meu futebol para ser lembrado. Mas procuro não ficar pensando nisso ou então acabo esquecendo de jogar - comentou Dória, mais uma vez mostrando a consciência de um adulto para realizar os sonhos de criança.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2012/11/doria-faz-18-anos-visita-escolinha-e-revela-historia-do-seu-primeiro-gol.html
No pequeno quarto que divide com o irmão Henrique, de 13 anos, Dória ainda tem uma série de jogos de videogame, onde se diverte como criança. No campo, porém, ele se apresenta como gente grande, enfrentando grandes atacantes do futebol brasileiro. A rotina de ainda viver nos dois mundos é acelerada, e o reconhecimento na rua aumenta a cada dia.
Doria posa com a garotada da escolinha onde começou a jogar (Foto: Thales Soares / Globoesporte.com)
- Estou me acostumando. Outro dia, um fiscal de ônibus por onde passo todo dia me parou para perguntar se eu era jogador. Alguns adolescentes da minha idade me reconhecem falam comigo. Fico feliz - comentou Dória.
Dória dá autógrafo para pequeno torcedor
(Foto: Thales Soares / Globoesporte.com)
(Foto: Thales Soares / Globoesporte.com)
- Com 18 anos, vem mais responsabilidade. O pessoal brinca comigo, diz que não pareço ter a idade que tenho. Mas eu também brinco. Falei para o meu pai que iria comprar um apartamento para me mudar e morar sozinho. Ele nem dormiu direito nesse dia - contou Dória, que ainda vai de carona para os treinos com o goleiro Jefferson, que também mora em Niterói.
A preocupação com o futuro existe. Dória completou o ensino médio em dezembro de 2011, com apenas 16 anos. Consciente da necessidade de estudar para ter uma melhor formação, mira em exemplos dentro do grupo, como o holandês Seedorf.
- Ele fala várias línguas. O português dele é até melhor do que o nosso. Tem que aprender a falar direito mesmo - disse Dória.
O começo foi difícil. Desde pequeno, o zagueiro correu atrás do sonho. Com dois amigos, aos 11 anos, encarou uma viagem para Curitiba, onde fez um teste no Atlético-PR. Ficou uma hora na rodoviária esperando a chegada de um responsável do clube. Voltou para o Rio sem fazer a segunda fase.
- Ficamos morrendo de preocupação. Ele ligou de lá preocupado porque tinha perdido uma touca. Imagina se isso era problema. Ele sozinho na rodoviária, pequeno daquele jeito, e preocupado com a touca do amigo que pegou emprestada - revelou Lourdes.
Depois dessa preocupação, Dória foi parar na escolinha de Marcelo no Rio Cricket. Aos 13 anos, começou a se desenvolver até se tornar o zagueiro que conquistou rapidamente a confiança da torcida do Botafogo. Companheiro de quarto de Antônio Carlos, procura tirar lições para o seu futuro como jogador.
- Os torcedores falam comigo na rua, dizem para eu não ir embora, que tenho que ficar no Botafogo muito tempo. Converso muito com o Antônio Carlos, que é meu companheiro, também com Jadson, Gabriel, que são mais novos como eu - disse Dória.
- Na concentração, o Altamiro (Bottino, fisiologista) pegou amostra de sangue de alguns jogadores. Eu, Seedorf, Bruno Mendes e Gabriel fomos. Mais ninguém. Falei que só os que haviam feito o exame fariam os gols. No fim do jogo, o Bruno Mendes correu para falar comigo e nem lembrava mais dessa história. Falei e deu certo. Os quatro fizeram os gols - vibrou o zagueiro.
Com menos de um ano de profissional, Dória tem metas, e a primeira delas é entrar na lista de convocados para o Sul-Americano Sub-20. Por enquanto, ainda não foi chamado para vestir a camisa das seleções de base, mas controla sua expectativa.
- Estou tranquilo e espero a oportunidade. Tenho que mostrar no clube o meu futebol para ser lembrado. Mas procuro não ficar pensando nisso ou então acabo esquecendo de jogar - comentou Dória, mais uma vez mostrando a consciência de um adulto para realizar os sonhos de criança.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2012/11/doria-faz-18-anos-visita-escolinha-e-revela-historia-do-seu-primeiro-gol.html