Müller soma cinco gols e três assistências na Copa que se encerra domingo. Dos 17 gols da Alemanha, oito tiveram participação direta dele – quase metade das bolas que a seleção germânica enviou às redes adversárias. Sem ele, sabe-se lá se o time de Joachim Löw teria chegado à final com uma presença tão marcante.
Gol que abriu a goleada sobre o Brasil
foi o décimo de Müller em Copas. E é
só a segunda dele... (Foto: Reuters)
Já tinha sido assim em 2010, quando ele, com cinco gols, dividiu a artilharia da Copa com Sneijder, da Holanda, David Villa, da Espanha, e Forlán, do Uruguai – também deu três assistências. Somadas as duas Copas, Müller tem dez gols em Mundiais (veja todos eles no vídeo acima). O recordista histórico do torneio é Miroslav Klose, com 16. Mas, aos 36 anos, o atacante se despede das Copas agora. Se Müller seguir no ritmo do colega, poderá acumular mais gols em 2018, 2022 e 2026 – quando também chegará aos 36 anos. Ou seja, tem grande chance de superar o centroavante.
O caminho para o feito histórico envolve a final deste domingo, contra a Argentina. Müller tem um gol a menos que James Rodríguez, da Colômbia. Se marcar na decisão, será o primeiro jogador a ser artilheiro de dois Mundiais.
- Eu acredito que ganhar a final não tem nada a ver com essa Chuteira de Ouro. Quanto mais gols eu marcar, melhor, será mais fácil para a Alemanha ganhar o título.
Presente da Alemanha, com Klose e Müller juntos, une passado e futuro do time (Foto: Reuters)
- Seria ótimo se Thomas conseguisse a Chuteira de Ouro. É aquilo que ele mesmo disse: já tem uma.
A evolução de Müller acompanha a evolução dessa geração da Alemanha. Na África do Sul, foi um time encantador – com goleadas sobre Austrália (4 a 0), Inglaterra (4 a 1), Argentina (4 a 0). Mas que não ganhou. Nas semifinais, a jovem seleção alemã foi anulada pela Espanha e perdeu o jogo em um lance de bola parada, um gol de cabeça de Puyol. Também fracassou na Eurocopa de 2012, o que gerou certa contestação: seriam esses jogadores extremamente talentosos, mas sem espírito de vitória?
Não é o que mostra o Bayern de Munique, time onde Müller joga e que serve de base para a seleção alemã. Lá, ele ganhou três vezes o campeonato nacional e chegou ao topo com as conquistas da Liga dos Campeões e do Mundial de Clubes de 2013. Do clube, tirou um amadurecimento que levou à seleção.
Ao formar um meio-campo com jogadores ágeis, habilidosos e compromissados taticamente, o técnico da Alemanha, Joachim Löw, montou uma estratégia que remete à Espanha campeã em 2010 e que pode até prescindir de um atacante fixo – Klose não foi titular contra Portugal, por exemplo, o que ajuda a explicar os três gols de Müller, livre para se lançar ao ataque.
Thomas Müller é quem mais corre na
Alemanha, mesmo que bola não passe
tanto por ele (Foto: Getty Images)
Enquanto faz gols, o meia-atacante se destaca mesmo é pela eficiência. Nem é dos jogadores mais acionados da Alemanha – Lahm, Kroos, Boateng, Mertesacker, Schweinsteiger, Özil, Höwedes e Hummels tocaram na bola mais vezes que ele ao longo do Mundial, e seu percentual de acerto de passes é mediano: 68%. Mas aparece nos momentos de definição – é mais propenso ao instante de conclusão do que à construção da jogada. Tem 16 finalizações no Mundial – dez delas acertaram o alvo, e cinco entraram. Além disso, é o jogador da Alemanha de maior distância percorrida na Copa: 68,8km em seis jogos.
- O futebol é um esporte em execução, exige uma grande quantidade de movimento. Isto é simplesmente necessário para o meu jogo. Será importante também na final. Esse é o meu jogo – disse Müller.
Thomas Müller leva seus feitos ao gramado do Maracanã às 16h deste domingo. Pode sair dele como craque do torneio, ser novamente artilheiro e ficar mais perto de alcançar o recorde de Klose. E o mais importante: ser campeão mundial com a Alemanha.