De malas prontas, Felipe Melo se diz 'chateado' com cúpula do Galatasaray

O volante brasileiro Felipe Melo ainda não sabe quais cores vai vestir na próxima temporada. Bicampeão com o Galatasaray, no último domingo, depois da vitória por 4 a 2 sobre o Sivasspor, que selou o 18° conquista do clube, o camisa 10 está preparado para deixar o país. O empréstimo ao time turco vai até junho, mas os dirigentes não exerceram a preferência de compra ao Juventus, equipe que detém os seus direitos econômicos desde 2009 depois de um investimento de € 25 milhões (cerca de R$ 65 milhões). O curioso é que o valor não chegava perto do desembolsado pela Velha Senhora: "apenas" € 6,5 milhões (R$ 17,03 milhões) para serem depositados até o último dia 30 de abril. Não aconteceu.

Acostumado a mostrar muita disposição sempre quando entra em campo, Felipe Melo acusou o golpe. Na avaliação do volante, o seu trabalho não foi valorizado como deveria. E se mostrou chateado com o desfecho do episódio. Dessa forma, o brasileiro está livre para negociar e ouvir novas propostas. Mas esperava um final feliz com os turcos depois das boas atuações pelo time de Fatih Terim.

- O meu contrato está em aberto. O Galatasaray tinha o poder de compra dos direitos econômicos e isso não aconteceu. Fiquei bastante chateado, até porque esperava um reconhecimento por tudo que fiz nos últimos anos. Na última janela de transferências, as coisas foram conduzidas de forma muito lenta, o que acabou me prejudicando. Apesar de ficar me preparando com treinos à parte, é diferente quando você está no dia a dia do grupo. Você demora um pouco mais para pegar ritmo. Isso eu não quero mais para minha carreira. Estou livre. Não posso deixar minha carreira parada - afirmou Melo, em contato por telefone.

Felipe Melo não terá muito tempo para lamentar. Mesmo sem saber em que clube jogará, o volante tem planos ambiciosos. Tem pressa e não esconde. A cabeça do jogador trabalha em duas frentes. A primeira aponta para a disputa da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. A outra é atuar em um clube que o possibilite conquistar a Liga dos Campeões.

Em bate-papo com o GLOBOESPORTE.COM, Felipe Melo ainda revelou os bastidores da festa na Turquia, comentou sobre a redução nos números de cartões na temporada e a relação de amizade com o campeão mundial Taffarel, preparador de goleiros do Galatasaray.

Confira abaixo a entrevista completa:

GLOBOESPORTE.COM: Qual avaliação do bicampeonato com o Galatasaray?

FELIPE MELO: Fiquei feliz de ter conquistado novamente esse título. Foi uma festa muito linda, com 60 mil torcedores no estádio. É bacana, porque é um campeonato que tem muita rivalidade. É gratificante quando chega ao fim da temporada e você soma mais uma conquista. Confiei no projeto do Galatasaray e hoje estou colhendo esses frutos. Estou muito contente. Minha família estava toda reunida para acompanhar o jogo. Depois da partida, comemoramos em casa. É a coroação de um ano de trabalho.

E como foi a festa nos bastidores?
Teve aquela brincadeira de sempre... Onde tem africanos, sempre há alegria. O Eboué e o Drogba estavam brincando bastante no vestiário. Eles jogaram champanhe na câmera, parecia até Fórmula 1 (risos). Depois, os jogadores foram para a discoteca, mas preferi ficar com os meus familiares em casa. Estava muito cansado fisicamente e psicologicamente depois do jogo. Acabei fazendo a festa em família, que são as pessoas que estão sempre ao meu lado. Meus pais, meus filhos e um amigo estavam aqui e aproveitamos para festejar.

Isso mostra que o investimento do clube está dando certo?
Acho bacana. Tem que ter esses investimentos mesmo. Essa é a dinâmica. Se você quiser brigar para conquistar as maiores competições, é necessário fazer grandes investimentos. Aqui no Galatasaray, o pensamento tem sido neste sentido.
A temporada mostrou um Felipe Melo mais calmo, com menos cartões amarelos, apesar de ter igualado o número de vermelhos. O que mudou?
É inevitável. Na função em que jogo é muito difícil não tomar cartão. Mas é importante ter o equilíbrio. Vou te dar um exemplo: na partida do fim de semana, tomei um cartão amarelo com cinco minutos de partida. O adversário era um jogador forte e rápido. Quando ele colocou a bola na minha frente, parei o lance para não tomar o gol e fui advertido corretamente. Era o início do jogo e já tinha o cartão. Aí vem a minha mudança. O ser humano que é inteligente aprende com os seus erros. Hoje, eu aprendi a jogar com a razão. Eu era muita emoção. Estou mais centrado e tranquilo dentro de campo. Estou mais capacitado para encarar esses momentos. Tenho que evoluir e por isso aprendi.

O Fatih Terim tem participação nisso? Como é a relação com o técnico?
É um treinador que entende muito. É muito bom taticamente e tem uma leitura muito ampla de futebol. Tenho aprendido bastante com ele. O Fatih Terim cobra bastante dos jogadores. Esses títulos conquistados nesses últimos anos mostram a capacidade que ele possui.

Na comissão técnica do Galatasaray ainda tem o Taffarel. Como é a convivência?
Um grande ídolo. Uma grande pessoa. Eu não conheço ninguém que não goste do Taffarel. É um cara que vai além da função dele no Galatasaray, que é de fazer o trabalho diário com os goleiros. Por toda sua experiência, passa muita tranquilidade para o nosso grupo. Está sempre nos ajudando nas competições. Também passa muita confiança para o elenco. É um amigo e tenho muita honra de estar aqui com ele.

Como tem acompanhado o bom desempenho do Burak Yılmaz, com 22 gols em 28 jogos?
É um ótimo jogador. Já tinha se destacado na Champions League e também mostrou sua capacidade no Campeonato Turco. É um jogador muito veloz e tem uma enorme facilidade de fazer gols. Tenho certeza que vai ser um dos destaques na próxima Liga dos Campeões.

O seu futuro no Galatasaray ainda é uma incógnita. Tem acompanhado as negociações?
O meu contrato agora está em aberto. O Galatasaray tinha o poder de executar a compra dos direitos econômicos, e isso não aconteceu. Fiquei bastante chateado, até porque esperava um reconhecimento por tudo que fiz nos últimos anos pelo clube. Na última janela de transferências, as coisas foram conduzidas de forma muito lenta. Acabou me prejudicando. Apesar de ficar me preparando com treinos à parte, é diferente quando você está no dia a dia do grupo. Você demora um pouco mais para pegar ritmo. Isso eu não quero mais para a minha carreira. Estou livre.

Pensa no retorno para o também bicampeão Juventus...
Tenho mais dois anos de contrato com o Juventus, mas sei que minha fase por lá já passou. Apesar de gostar muito do clube, a tendência é uma nova transferência. Meu procurador já está cuidando disso e já há alguns rumores. O Galatasaray não comprou porque não quis. Fico triste. Fui o melhor jogador da temporada passada... Enfim, não posso deixar minha carreira parada.

O Brasil está em seus planos?
Não descarto nada. Mas acho os valores complicados, até porque o Juventus tem o interesse de me vender. Não vou sair emprestado. Então, isso dificulta para algum clube brasileiro fazer esse investimento. Além do valor do passe, ainda tem o salário, até por isso acho mais difícil uma  possível transferência para o Brasil.

O seu nome tem sido especulado na Alemanha...
Li algumas coisas, mas deixo sempre para o meu procurador. Minha intenção é estar em um clube que tenha a possibilidade de vencer a Champions League. Vamos aguardar. Essa definição deve acontecer em breve. Prefiro apenas focar no clássico contra o Fenerbahçe, que vai acontecer na próxima rodada.
Tem medo disto atrapalhar sua meta de retornar à seleção brasileira?
É um sonho. O meu grande objetivo na carreira. Minha meta de reduzir os números de cartões está condicionada a esse retorno à seleção brasileira. É claro que, além de manter a regularidade dentro de campo, eu tinha que mostrar que estou mais centrado. O Felipão é um treinador indiscutível. Super vencedor. Li algumas entrevistas dele e percebi que não fechou as portas para ninguém. Não deixou nenhum atleta fora. Enfim, vou continuar trabalhando para conquistar essa meta. Sei que a seleção tem grandes jogadores. O nível é bastante elevado. Mas vou trabalhar com humildade para conseguir. Tenho certeza que Deus vai reservar um lugar para mim.

Acompanhou o título do Dunga no Internacional?
O Dunga é um grande treinador. Demonstrou isso nos tempos em que comandou a Seleção. Lá conseguiu títulos e também vitórias expressivas (goleada contra o Uruguai depois de 33 anos e vitória sobre a Argentina, em Rosário). Conseguiu grandes resultados à frente daquele grupo. Ele está no início da carreira. Torço sinceramente para que ele mantenha esse sucesso novamente no Internacional.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2013/05/de-malas-prontas-felipe-melo-se-diz-chateado-com-cupula-do-galatasaray.html