Gramado no dia 14, antes do jogo entre
Grêmio e Huachipato (Foto: Divulgação)
Grêmio e Huachipato (Foto: Divulgação)
O diretor técnico da empresa Fabio Câmara reconhece atraso no processo, que, inicialmente, previa conclusão total do gramado em fevereiro, liberando o estádio inclusive para partidas do Gauchão, que estão sendo disputadas no Olímpico. Há várias razões para a demora. Entre as principais, segundo a World Sports, está o show de abertura (em 8 de dezembro), com cerca de 800 figurantes pisando no gramado, o forte calor do verão porto-alegrense, que freia o crescimento da grama de inverno e a demora na importação das fibras sintéticas, que correspondem a 5% do total do espaço verde.
- A lona cozinhou o gramado - detalha Câmara.
Lona azul na inauguração teria prejudicado o gramado (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)
- Discordo da colocação dele, o campo não foi o culpado pela derrota. O campo não está 100%, assino embaixo. Precisa de mais tempo? Precisa. Mas o campo já melhorou 80%. Em 15 ou 20 dias, no comecinho de março, poderá receber jogos sem problema nenhum.
> Em perguntas e respostas, entenda a polêmica sobre a grama da Arena:
GLOBOESPORTE.COM: A evolução do gramado está dentro do previsto? Ou houve algum contratempo?
Fabio Câmara: A nossa programação era para o Gauchão, no começo de fevereiro, o gramado estar 100% maduro. Quando nós firmamos o contrato com a OAS, estava previsto, antes, para 8 de dezembro, um jogo amistoso a fim de abrir o estádio. Não contávamos com o show de inauguração. Para se ter uma ideia, eram 800 crianças pisoteando a lona que encobria o campo. Claro, não faltou boa vontade, fizemos reuniões antes para diminuir os efeitos. Mas tinha que ter o show. E a lona cozinhou o gramado. Antes, houve os ensaios. A equipe do Blue Man Group andou com seus carrinhos várias vezes pelo gramado. No fim, após os eventos, tivemos que voltar à estaca zero no final de dezembro. Semeamos novamente o campo inteiro. Começou tudo de novo. Demos um passo atrás.
Mais algum fator?
Sim, houve o excesso de calor no verão de Porto Alegre, que atrapalha a grama de inverno. As fibras sintéticas (5% do gramado é artificial e costurado à parte natural para evitar a soltura de tufos) atrasaram. Elas são importadas da Bélgica e tivemos problemas em relação a isso. A cobertura, que protege boa parte do campo do sol, também contribui para a demora do amadurecimento. Se o gramado estivesse descoberto, já estaria mais consolidado.
Esse gramado de inverno é o ideal, vai vingar no Brasil?
É uma proposta pioneira no Brasil. E eu continuo apostando nela, sim. Sobretudo na região Sul, em Porto Alegre, Curitiba (Arena da Baixada)... O ideal, sem dúvida, era ter começado o plantio num período de temperaturas mais amenas (a semeadura ocorreu em 19 de outubro), quem sabe em maio passado. No próximo inverno, este campo vai estar espetacular.
Ainda antes do inverno, estará 100%?
Sim, o gramado evoluiu muito bem. No jogo passado, contra a LDU (dia 30 de janeiro), o campo estava muito pior. Melhorou 80%. Dá para ver um gramado mais saudável, com cara de campo. Faltam uns 20%. Em 15 ou 20 dias, no comecinho de março, poderá haver jogos sem problema nenhum. E pode treinar enquanto isso, uma vez por semana, por exemplo. Tem plena condições de jogo.
Então, você não concorda com Luxa, de que precisa fazer um intervalo na Arena?
Discordo da colocação dele, o campo não foi o culpado pela derrota. O campo não está 100%, assino embaixo. Precisa de mais tempo? Precisa. Mas o campo já melhorou, a comissão técnica o elogiou nos treinos da semana.
Qual o próximo passo?
Um estágio já avançamos, certamento: a grama não solta. Mas ainda não formou a massa foliar. O nosso trabalho agora é uniformizar, deixar tudo verde, eliminar os espaços com areia, o que já diminuiu muito desde o último jogo. As folhas ainda estão se formando. Nosso objetivo é deixar aquelas áreas que voce viu abertas fechadas. É tudo muito novo ainda, é um gramado jovem. Usamos para recuperação e fortalecimento, além do corte, bioestimulantes e fertilizantes especiais. Na lateral oposta ao banco de reservas, a evolução é nítida, é o melhor espaço. Já na lateral em frente ao reservado encontramos mais problemas, justamente porque o espaço é mais desgastado. Há os técnicos, as substituições, a saída para os vestiários...
Gramado da Arena na inauguração: sem costura nas laterais (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)
A drenagem (sistema a vácuo, inédito no Brasil) é sensacional, poderia chover o triplo que choveu. Está pronta.
Em Wembley, se usa tecnologia semelhante à da Arena. Mas, em estádios como o Santiago Bernabeu e o Amsterdam Arena, são utilizados rolos de grama. Qual delas é a mais indicada?
Prefiro a tecnologia da Arena, a da semeadura. O rolo exige mais manutenção a longo prazo, fica sempre tirando e colocando novos. É sempre uma obra nova. É bom deixar claro que a grama é a mesma, o que muda é a tecnologia. Com o rolo, não há fibras costuradas. Na Europa, é mais fácil usar rolos pela facilidade em encontrar a mão de obra, o produto, a logística... Para se ter uma ideia, o Amsterdam Arena tem três campos prontos a 50 quilômetros da cidade. Se precisar trocar, basta buscar. O que não quer dizer que não vamos renovar a grama na Arena. No período de fim de ano, quando não há jogos, haverá uma ressemeadura.
As novas arenas do Brasil usarão este tipo de grama de inverno?
No Brasil, em tese, dado o clima tropical e subtropical, a grama é de clima quente, sendo que, no Sul e Sudeste, nos meses de outono e inverno, se faz a chamada "sobre semeadura" ou "overseeding" com gramas de clima frio, formando um consórcio de gramas. Essa prática é realizada comumente nos Estados Unidos, Europa e Austrália. Aqui, Olímpico, Beira-Rio, Arena da Baixada, Pacaembu, Morumbi, Couto Pereira... No caso da Arena do Grêmio, é o primeiro gramado formado apenas por grama de inverno na sua base, com sistema de insuflamento de ar no solo para resfriamento nos meses mais quentes - possível pela condição climática de Porto Alegre. Os estádios do Norte e Nordeste só terão gramas de clima quente. Já a Arena da Baixada, a Arena Corinthians e Brasília possuem na especificação da Fifa apenas grama de inverno, como no Grêmio. Mineirão, Maracanã e Beira-Rio terão grama de clima quente, mas com recomendação de semeadura de grama de inverno (overseeding) para a Copa de 2014.