“Que alívio!”, reagiu o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), no final da noite dessa segunda-feira, 11 de julho, quando ficou descartada a possibilidade de o PT apoiar o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara.
Explica-se. No início da noite de ontem, ele postou no twitter a mensagem abaixo:
De fato, Rodrigo Maia aparece na Lista de Furnas, que sustentou a campanha eleitoral dos tucanos e aliados em 2002.
A Lista de Furnas, como denunciamos várias vezes aqui, foi feita toda com base no esquema político de Aécio Neves que, em 2002, era deputado federal e candidato ao governo de Minas Gerais (PSDB-MG).
Aparecem também na lista de beneficiários da propina os candidatos tucanos ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, e à presidência da República, José Serra.
O esquema distribuiu propina aos partidos coligados naquela eleição, entre os quais o PP e o antigo PFL, atualmente DEM.
Rodrigo Maia, na época disputava a reeleição a deputado federal pelo PFL, aparece na Lista de Furnas, como tendo recebido R$ 100 mil em 2002. Em valores corrigidos pelo IPC-A, do IBGE, equivaleriam hoje a R$ 251 mil.
Rodrigo Maia aparece na mesma página (veja abaixo) que, por exemplo, Aécio Neves, Jair Bolsonaro, Zezé Perrella, Francisco Dornelles e Eduardo Cunha.
Hipocritamente, esses seus parceiros na Lista de Furnas a votaram a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT).
De fato também, Rodrigo Maia pediu a cassação do petista mineiro.
Em 2005, ao tomar conhecimento da Lista de Furnas, Rogério Correia levou-a à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal e Estadual para que fosse investigada.
Em 2011, a revista Veja publicou matéria, dizendo que ele havia participado do processo de falsificação dos nomes da lista de lista de Furnas. “A reportagem fajuta, e a verdade acabou aparecendo”, relembra Rogério.
Na semana seguinte à matéria, os deputados federais Rodrigo Maia (já no DEM-RJ), Rodrigo de Castro (PDSB-MG) e Domingos Sávio (PSDB-MG) foram à Assembleia Legislativa de Minas Gerais pedir a sua cassação.
“Como o Rodrigo Maia estava na Lista de Furnas, obviamente ele queria me desqualificar e me tirar do caminho”, observa Rogério.
O diretório estadual do PSDB solicitou ao Ministério Público Estadual a abertura de de inquérito para apurar se o petista teria participação no suposto ato de falsificação da afamada Lista de Furnas e se tinha usado a estrutura de seu gabinete parlamentar para isso.
A doutora Raquel Pacheco Ribeiro Souza abriu inquérito para apurar a denúncia.
Os tucanos e asseclas fracassaram. Após exaustivas investigações, o Ministério Público de Minas Gerais mandou arquivar o inquérito.
As razões: a Lista de Furnas era autêntica, tinha inclusive o aval do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, e Rogério Correia não havia cometido qualquer ato de improbidade administrativa.
“É hora de o PT entender a nova tarefa da esquerda brasileira e se desvencilhar do pragmatismo institucional”, defende Rogério Correia.
“A estratégia da governabilidade a qualquer custo terá de ser substituída por período de recuperação de nossa base social”, prossegue.”Será isso ou o cretinismo parlamentar.”
Em tempo: O deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF), candidato de Eduardo Cunha e Michel Temer (PMDB) à presidência da Câmara dos Deputados, é alvo de delação no mensalão do DEM.
Uma testemunha arrolada por advogados de defesa dos réus no caso — o técnico de informática Francinei Arruda — afirmou em depoimento à Justiça que Rosso também recebeu propina das mãos do delator do processo, Durval Barbosa. O escândalo explodiu em novembro de 2009 e culminou com a prisão e depois queda do ex-governador do DF, José Roberto Arruda.
Rogério Rosso, vale relembrar, foi presidente da Comissão de Impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados.
“Rodrigo Maia recebeu propina de Furnas e Rogério Rosso, do mensalão do DEM. Portanto, são farinha do mesmo saco”, arremata Rogério Correia. “Golpistas e moralistas sem moral.”