Demissão de Luxemburgo não foi compartilhada
com Rodrigo Caetano (Foto: Gilvan de Souza
/ Flamengo)
Ao lado de Vanderlei Luxemburgo e dos jogadores, o diretor executivo do Flamengo, Rodrigo Caetano, voltou ao Rio no fim da tarde desta segunda-feira com o time muito pressionado. A derrota para o Avaí na véspera deixara o treinador ainda mais ameaçado de demissão. Decisão que já havia sido tomada domingo à noite, muito antes de a aeronave que trazia a delegação tocar o solo do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim. Ao bater o martelo, o Conselho Gestor não consultou Caetano, que retornou de Santa Catarina sem saber que Vanderlei estava fora dos planos.
- Acabei de chegar em casa. Não sei disso - disse ao GloboEsporte.com, via SMS, às 20h20 (de Brasília), ao ser questionado sobre a demissão do treinador.
Uma hora depois, a notícia fora confirmada pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello publicada pelo clube em seu site oficial. Ou seja, o comando do futebol rubro-negro apenas esperou o retorno de Florianópolis para fazer o comunicado - Rodrigo Caetano encontraria o Conselho Gestor apenas na madrugada de terça-feira.
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Foram praticamente 10 meses de confusão. A expressão lançada por Vanderlei Luxemburgo no ano passado para definir a briga contra o rebaixamento virou bordão. E define bem o fim da quarta passagem do treinador pela Gávea: na tabela, a 17ª colocação no Campeonato Brasileiro; fora dela, nos bastidores do futebol rubro-negro, pipocaram questionamentos sobre o trabalho do treinador, da clara necessidade de contratar reforços, do campo minado em ano eleitoral, além de uma crise interna entre Luxa e o médico José Luiz Runco, que há algum tempo não falavam a mesma língua.
A distância entre Ninho do Urubu e Gávea foi muito além do trajeto zonal sul-oeste. Vanderlei Luxemburgo não conseguia esconder o desconforto com o momento atual. Os incômodos começaram ainda na temporada passada por conta do contrato do treinador. Pedidos feitos por ele geraram impasse com Fred Luz, diretor geral do clube, que tem peso vital nas decisões que são tomadas pelo Conselho Gestor, que tem o presidente Eduardo Bandeira de Mello e os vices Rodrigo Tostes, de finanças, e Alexandre Wrobel, de futebol, entre seus integrantes.
Nas redes sociais, foi possível perceber um crescente e multiplicador movimento pela saída de Vanderlei Luxemburgo - houve protesto no aeroporto nesta segunda-feira (veja vídeo abaixo). E a corrente também ficava cada vez mais forte internamente. A demissão do treinador entrou em pauta já na semana passada. Os membros do Conselho Gestor, no entanto, se dividiram. Para alguns, Luxa já deveria ter sido demitido após o empate em casa com o Sport. Outros foram mais cautelosos. Temiam que a saída virasse munição aos opositores e tumultuasse ainda mais o ambiente do clube. O risco foi assumido.
Luxemburgo estava incomodado. Com o desempenho do time, que não vinha jogando bem, com a demora para a contratação de reforços e com a postura dos dirigentes rubro-negros. O técnico não confiava nos homens que comandam o futebol do clube. Esperava mais apoio neste momento difícil, principalmente depois que recusou uma proposta do São Paulo. Quando foi alvo do Tricolor Paulista e decidiu continuar na Gávea, o técnico imaginou uma renovação de contrato por mais um ou dois anos, o que não ocorreu.
Internamente, Vanderlei Luxemburgo teve desentendimentos com o chefe do departamento médico do clube, José Luiz Runco. O treinador reprovava o fato de alguns jogadores serem liberados para jogar quando ainda se queixavam de dores. O meia Everton, por exemplo, relata um problema nas costas desde a partida contra o São Paulo, na rodada de abertura do Brasileirão, mas continua em ação. Runco, por sua vez, colocava a responsabilidade de alguns dos problemas físicos dos atletas na conta de Antônio Mello, preparador físico e braço direito de Luxa há alguns anos.
FONTE:
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