Com histórico médico, Sharapova pode se afastar de pena de dois anos
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Com histórico médico, Sharapova pode se afastar de pena de dois anos


Apesar de negligência, russa pode reduzir punição prevista ao mencionar problemas de saúde. Imprensa internacional aposta em gancho de aproximadamente 12 meses




Por
Rio de Janeiro



  1. tenista perde patrocínio e jornal ironiza


Pega no doping durante o Aberto da Austrália, a russa Maria Sharapova corre o risco de ficar um bom tempo longe das quadras. Segundo o Programa Antidoping de Tênis (TADP) da Federação Internacional de Tênis (ITF), a punição máxima em casos de doping é de quatro anos por uso intencional de uma substância proibida para ganhos de desempenho. O mais provável é que a tenista, que admitiu negligência no caso, possa pegar até dois anos de gancho por utilização não intencional. Porém, ao citar problemas de saúde, a ex-número 1 do mundo pode conseguir uma pena menor - a imprensa internacional e sites especializados especulam por volta de 12 meses.

Maria Sharapova, doping (Foto: AP)
Sharapova caiu no doping por substância que 
tomava há dez anos e foi proibida a partir de 
janeiro de 2016 (Foto: AP)


Durante a coletiva de imprensa que convocou na última segunda-feira, Sharapova revelou que caiu no exame antidoping por causa do meldonium. A substância proibida é encontrada no Mildronate, medicamento que a russa disse tomar há dez anos para combater uma deficiência de magnésio e sinais de diabetes. De acordo com o Eduardo de Rose, membro do Comitê Executivo da Agência Mundial Antidoping (Wada), esse histórico médico pode ser vital para que a tenista não pegue uma pena de dois anos, além de evitar um julgamento por uso intencional.

- Se ela usa para tratamento médico, é obrigada a fazer uma intenção terapêutica, ou seja, uma notificação dizendo que, por razões médicas, ela precisa tomar aquele medicamento. A partir disso, os médicos autorizam ou não. Por outro lado, às vezes isso (histórico médico) ajuda a reduzir a pena porque é um caso em que não há intencionalidade. São tudo coisas que são discutidas no julgamento. Ela é uma atleta de alto padrão e se supõe que ela tem acesso a essa informação - comentou De Rose ao GloboEsporte.com.


+ Ex-número 1, Capriati alfineta doping de Sharapova: "Não escolhi trapacear"


Tudo isso seria evitado se Sharapova tivesse se atentado às alterações na lista de substâncias proibidas pela Wada. A entidade havia divulgado desde setembro do ano passado que o meldonium seria considerado uma substância proibida a partir de 2016. Então, ou a russa trocava de medicamento ou ela pedia uma autorização de uso terapêutico aos órgãos que regem o tênis (em níveis diferentes, a Federação Russa, a WTA e a ITF), para manter a medicação sem ser pega no doping pelo meldonium. Nada disso aconteceu. A tenista contou que recebeu em dezembro uma carta da Wada listando todas as substâncias que passariam a ser proibidas neste ano, mas admitiu que não leu o documento. Justamente por essa negligência é que a atual número 7 do mundo não deve escapar de uma punição.


Doc World Anti-doping Agency (Foto: infoesporte)
Wada informou em setembro de 2015 que 
meldonium seria proibido a partir de 2016 
(Foto: infoesporte)


- Eu assumo total responsabilidade. É importante dizer que a substância não estava na lista de banidas até o ano passado. Eu tomei legalmente pelos últimos dez anos. Em janeiro, as regras mudaram, e a substância foi proibida e eu não sabia. É o meu corpo, é o que eu coloco dentro dele. Não posso culpar ninguém que esteja treinando comigo - declarou Sharapova ao anunciar o doping.

Em 2015, a Wada incluiu o meldonium na lista de observação para determinar os efeitos na performance e o quantitativo de atletas que faziam uso. Com a característica de aumentar a contração muscular do coração, ele entrou na lista de substâncias proibidas em 2016 como um "modulador metabólico", devido “ao uso de atletas para aumentar a performance”, segundo a Wada. De forma geral, o meldonium é usado para tratar doenças como isquemia, que decorre da falta de circulação de sangue no corpo.

Organizadora dos Grand Slams, a ITF explicou o caso em comunicado oficial. A amostra pelo qual Sharapova foi pega no doping foi coletada no dia 26 de janeiro. A tenista foi notificada no dia 2 de março e admitiu a presença da substância proibida. A entidade anunciou que a russa será suspensa provisoriamente no dia 12 de março até a definição do caso.

Também em comunicado oficial, a Wada informou que, "para proteger a integridade do caso", ela não vai se manifestar até uma decisão final da ITF. Assim que isso acontecer, a entidade garantiu que vai analisar o veredito e decidir apelar ou não junto à Corte Arbitral do Esporte (CAS).
tenista perde patrocínios e jornal ironiza

Nesta terça-feira, a Nike anunciou o rompimento do contrato de patrocínio com Maria Sharapova. A empresa informou que se sentiu “surpresa e triste” com a notícia de que a tenista usou um medicamento não permitido pela Wada. O contrato está suspenso até que a investigação seja concluída. Outros patrocinadores que também suspenderam o contrato com a atleta foram a marca de relógios suíços Tag Heuer, que apoiava a russa desde 2004 e tinha contrato até 31 de dezembro, e a montadora de veículos Porsche, que suspendeu o contrato com Sharapova por tempo indeterminado.

- Nos surpreende e nos entristece as notícias sobre Maria Sharapova. Decidimos suspender nossa relação com Maria até que a investigação aconteça. Vamos continuar monitorando a situação - disse a Nike em comunicado.


Capa jornal Metro doping Maria Sharapova (Foto: Reprodução)
Capa do jornal Metro desta terça ironizou 
o doping de Maria Sharapova 
(Foto: Reprodução)


Ainda nesta terça, o jornal britânico Metro ironizou o doping da tenista com a chamada "Sharadopa". Quem também criticou o fato foi a ex-número 1 do mundo, a americana Jenniffer Capriati, de 39 anos. A ex-tenista, que se aposentou aos 27 anos, devido a seguidas lesões, disparou no Twitter:
- Eu estou extremamente irritada e despontada. Eu tive que perder a minha carreira e nunca escolhi trapacear não importasse o motivo. Eu tive que jogar a toalha e sofrer. Eu não tinha um time caro de médicos para achar um jeito para eu trapacear e burlar o sistema esperando a ciência solucionar - postou.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/tenis/noticia/2016/03/com-historico-medico-sharapova-pode-se-afastar-de-pena-de-dois-anos.html



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