Com camisa ''laranja cheguei'', pai ajuda Filipe Toledo a faturar título

O que é o que é um pontinho laranja fluorescente em pleno palanque da Liga Mundial de Surfe na praia de Snapper Rocks? É Ricardo Toledo, pai de Filipe Toledo, grande vencedor da etapa de Gold Coast, Austrália, após uma série de exibições exuberantes, com direito a vários aéreos e uma nota 10 na final contra o surfista da casa Julian Wilson. Confira como foi a conquista do brasileiro.

- Meu pai estava com uma camiseta fosforescente, que eu conseguia vê-lo de longe, de qualquer lugar – destacou Filipinho.

A camisa ''cheguei'' não era por acaso. Trata-se de uma tática de Ricardo para poder ser identificado pelo filho durante as baterias, para que possa passar orientações para o garoto prodígio. E dessa vez deu muito certo.

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- A estratégia era essa. Estar com uma camiseta bem ''cheguei'' para que ele pudesse me enxergar no meio da multidão e para que eu pudesse, em alguns momentos, passar informações importantes, como posicionamento, hora de remar mais para o fundo. A gente sempre trabalhou assim. E em vários momentos isso fez toda a diferença. Assobiar, acenar, e tentar colocar ele em um posicionamento perfeito para ele conseguir pegar onda no lugar certo. Pois qualquer momento que ele se posicione errado, pode atrapalhar todo o andamento. A gente faz parte disso, mas o mérito é todo dele. Estou muito feliz – diz o pai orgulhoso.

O surfe, definitivamente, corre no sangue da família Toledo. Ricardinho, como é chamado pelos amigos, tem experiência de sobra para passar para o filho. Tricampeão brasileiro de surfe em 1985, 1991 e 1995, ele é companheiro inseparável de Filipinho durante o circuito, atuando como treinador e orientador. Após conquistar a etapa de Gold Coast, o jovem de 19 anos fez questão de agradecer ao pai:

- A minha família inteira é a base que me mantém lá em cima, que sempre está do meu lado e me apoia nos momentos bons e momentos ruins. E meu pai é uma das peças principais nas etapas. Ele sempre está me apoiando, sempre está do meu lado, sempre dizendo para onde tenho que ir, dentro e fora da água. De fora ele via o que estava acontecendo e me mandava para o lugar certo, na onda certa. Ele é demais. Ele me passa toda a experiência que ele tem, ele sabe muito sobre competições. Tenho que agradecer muito a ele por todo esse apoio. Ele é demais.

Foi um dia mais que especial para pai e filho. O título da etapa de Gold Coast, o primeiro de Filipe Toledo na elite do surfe mundial, foi a concretização de um sonho iniciado lá atrás, quando o hoje vencedor pegava suas primeiras ondas na praia de Ubatuba.

- É bom demais. Passou um filme na minha cabeça vendo tudo isso acontecer. Uma delas, importante era a imagem dele, muito novo, falando que queria entrar no circuito mundial e que queria ser campeão mundial. Mas nessa época ele não tinha nem noção do que ele estava falando. Ou tinha? 
Não dava para a gente saber, porque ele era muito pequeno. Nessa época eu via que ele poderia arrebentar no futuro. A gente, que foi competidor, consegue sentir esse “feeling”. Já dava para perceber pelo posicionamento dele que ele tinha uma leitura de onda perfeita e que com o tempo sendo polido, ganhando experiência, força, ele teria chance de ir muito longe. Agora ele está colhendo os frutos de toda a dedicação e empenho dele, de tudo que ele fez, do que abriu mão para pode chegar onde chegou. Sei que Deus tem um plano, que está no controle. E ele está entendendo e obedecendo a vontade de Deus. E ele vai colher bons frutos, não tenho dúvida.

E depois de um título mais do que merecido de Filipinho, Ricardo Toledo se emocionou e saiu correndo para comemorar o filho. Mas antes de abraçá-lo, precisou esperar a multidão brasileira que invadiu a praia de Snapper Rocks carregar o surfista nos braços:

- Eu estava decidido a carregá-lo sozinho, tamanha era minha emoção. Mas não teve jeito, os amigos ele, os surfistas brasileiros, a multidão me cercou e eu não conseguia mais nem me mexer. Mas é isso. A felicidade dele é estar com os amigos.

É de Ricardo também a lição que Filipe Toledo leva cada vez que entra na água:
- A coisa mais importante, que meu pai sempre diz para mim, é se divertir. Eu ponho isso em minha cabeça. Se você se divertir e amar o que faz, tudo vai funcionar.

E foi assim, se divertindo e fazendo o que ama, que Filipinho voou sobre as ondas de Snapper Rocks, mostrando um surfe leve, ousado e descontraído e começando a trilhar sua própria história no circuito mundial.

Veja a galeria de fotos da comemoração de Filipinho.

A próxima etapa do Mundial de Surfe será novamente na Austrália, em Bells Beach entre os dias 1º e 12 de abril. Em seguida, a disputa vai para Margaret River, no mesmo país. Em maio, os surfistas desembarcam no Rio de Janeiro. Veja o calendário completo. 


Quartas de Final
Miguel Pupo (BRA) 13.70 x 13.67 Wiggolly Dantas (BRA
Julian Wilson (AUS) 17.44 x 11.17 Taj Burrow (AUS)
Adriano de Souza (BRA) 15.07 x 13.23 Mick Fanning (AUS)
Filipe Toledo (BRA) 17.34 x 16.23 Bede Durbidge (AUS)

Semifinais
Julian Wilson (AUS) 16.26 x 15.60 MiguelPupo (BRA)
Filipe Toledo (BRA) 17.23 x 10.34 Adriano de Souza (BRA)

Final
Filipe Toledo (BRA) 19.60 x 14.70 Julian Wilson (AUS)