Temer prepara Meirelles para ser o segundo Cunha?
O vício da traição, como a picada é para o escorpião, é da natureza do traidor.
Henrique Meirelles está pondo o couro à sova com sua turma do mercado financeiro para garantir que, com toda sua vocação fisiológica, Michel Temer vai adotar políticas de austeridade.
Aconteceu o que tinha de acontecer: o núcleo de poder do Planalto quer “culpá-lo” pelo que aconteceu de verdade: um recuo na proposta de cortes do Governo.
Que, claro, não foi apresentada sem o aval de Michel Temer.
Meirelles tem esperanças políticas para 2018 e não percebe que as de seu superior estão na frente.
É dado a ele o papel de carniceiro e reservado a Temer o desempenhar-se como o “homem do acordo”, que promove recuos e ajuda a construir soluções parlamentares.
Hoje foi assim, mais uma vez.
Primeiro, deixou que assessores fossem a público culpar Meirelles pela confusão que aprovou mudanças no projeto de renegociação das dívidas do Estado.
Depois, deu entrevista dizendo que “não endossa” seus assessores.
Francamente, para mim é uma construção inédita essa de um presidente “não endossar” assessor, até porque assessor que falar sem o contrário do que pensa o assessorado, em algo tão grave, passa a ser, desde que o mundo é mundo, ex-assessor.
Vai se consolidando a impressão de que Meirelles, mais adiante, vá ser o segundo Cunha de Temer: depois de feito o “serviço sujo”, cessa-lhe a serventia.
Não é o caso de matar e mandar flores.
Mas o inverso: mandar flores e, depois, matar.