Os jogadores do Brasil mal haviam saído do treino na véspera do jogo contra o Senegal quando leram a notícia. O treinador do time africano, Joseph Koto, não temia a seleção: achava que a equipe canarinho não era a mesma dos tempos de Pelé, Ronaldinho ou Zico. O tom não foi provocativo, mas foi o suficiente para desagradar os atletas, que, entre eles, desaprovaram a situação. O resultado em campo simboliza isso: vitória brasileira por 5 a 0 e vaga na decisão do Mundial Sub-20.
- A gente ficou sabendo quando liguei no celular e vi a notícia no Facebook. Achei desnecessário. Mas ele tem razão. Aqui na nossa equipe não tem mais Ronaldinho, Pelé e Zico. Acho que ele deu mole de falar isso, jogou a bola para eles. Eles entraram como favoritos, não respeitaram a gente.
Esse grupo aqui é um elenco muito forte, com cada um correndo pelo outro – disse Gabriel Jesus.
Gabriel Jesus (camisa 10) em ação contra
Senegal: motivação após declarações de
técnico rival (Foto: AP)
Entre os jogadores, o consenso foi de que Koto, em vez de jogar a responsabilidade para o Brasil, colocou Senegal no mesmo patamar.
- Você dar uma declaração dessa numa semifinal de Copa do Mundo é muita responsabilidade. Foi citado dentro do grupo que ele poderia ter jogado a responsabilidade para cima da gente, mas não: quis fazer o contrário. Nos motivou, sim. Mas, por outro lado, a gente sabia da nossa capacidade – completou Lucão.
Na entrevista coletiva, o treinador senegalês afirmou que não subestimou a seleção brasileira. Apesar dos problemas mostrados pelo time africano, Koto disse que sua equipe ainda seria capaz de vencer a partida.
- O time brasileiro é feito de jogadores muito bons. Eu não os subestimei quando mencionei isso ontem. Poderíamos vencer esse jogo se as coisas tivessem sido diferentes. Eles (brasileiros) são grandes jogadores, mas não há comparação a fazer com Zico, Ronaldinho e Pelé. Não podemos comparar jogadores sub-20 com aqueles que venceram Copas do Mundo. Os outros jogos foram muito parelhos, eles poderiam ter perdido contra Uruguai e Portugal. Hoje (quarta), a maioria das bolas deles entrou. Por este lado, acho que tiveram sorte. Mas isso acontece com grandes clubes, como Barcelona e Real Madrid. Eu gostaria de parabenizar o Brasil e desejar boa sorte a eles na final – disse Koto.
Joseph Koto em entrevista após a derrota
para o Brasil (Foto: Felipe Schmidt)
Por outro lado, o técnico Rogério Micale afirmou que não usou o episódio como fator motivacional. Ele entendeu a declaração de Koto como uma mostra de que o Brasil precisa recuperar sua forma de jogar.
- Não usamos isso como motivação. Tentamos até descaracterizar, por que não é nossa forma de trabalho. Sabemos da importância da declaração para que a gente possa resgatar aquilo que o Brasil tem de melhor. Acho que nós temos uma tarefa nessa reconstrução. A gente comentou que seria importante fazer uma boa partida, não para responder a alguém, mas para nós mesmos. Não desaprendemos a jogar futebol – afirmou Micale.
FONTE:
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