Flavinha encantou o público em Glasgow com sua série de solo (Foto: Ricardo Bufolin / CBG)
A tensão era grande. Com a vaga olímpica por equipes em disputa, as meninas do Brasil precisavam fazer uma série próxima da perfeição para continuar na briga pelo top 8 no Mundial de ginástica artística e pela consequente vaga olímpica. O que se viu nesta sexta, porém, foi uma apresentação cheia de altos e baixos das brasileiras. As estreantes
Flávia Saraiva e Lorrane dos Santos até tiveram boas apresentações, assim como as veteranas
Jade Barbosa e
Daniele Hypolito tiveram bons momentos - as jovens Thauany Araújo e Letícia Costa completaram a equipe. O problema foi o fraco desempenho nas barras assimétricas, antigo Calcanhar de Aquiles do Brasil. O time somou 221,861 pontos e fechou a quarta das 12 subdivisões na quarta posição entre as oito equipes que já se apresentaram.
Atrás da Grã-Bretanha (227,162), do Japão (223,863) e do Canadá (222,780), as brasileiras agora torcem para que o resultado desta sexta seja suficiente para chegar à final. Das 12 equipes cotadas para a decisão, o Brasil está à frente da tradicional Romênia, que teve dia desastroso, com muitas quedas, especialmente nas barras assimétricas. É provável que Rússia, Estados Unidos e China ultrapassem o Brasil ainda - as duas últimas só competem no sábado. Assim, as meninas brigam pelas últimas vagas principalmente com Itália, Alemanha, Austrália e França - as duas últimas so competem no sábado. Em todo caso, a equipe verde-amarela comemorou a evolução em relação ao Mundial do ano passado. Com um time bem diferente, o Brasil foi apenas o 16º colocado com 211,621 pontos em Nanning.
- Estamos vendo que nossa equipe está crescendo de uma maneira geral. Você vê a Flávia: é uma menina pequenininha e supertalentosa, que fechou uma competição desse nível. Temos meninas muito boas aqui, como tivemos há muitos anos. É muito importante para um país melhorar como equipe, não depender de um único talento - disse Jade Barbosa, que voltou ao Mundial depois de uma longa recuperação de uma lesão no joelho.
Estreante, Lorrane Oliveira foi a melhor
brasileira no individual geral (Foto:
Ricardo Bufolin / CBG)
O Brasil chegou a liderar a classificatória após as provas de solo e salto, mas uma queda de Jade nas barras assimétricas colocou em xeque o desempenho do Brasil, já que a dono de dois bronzes em Mundiais era uma das melhores da equipe no aparelho. Ela mesma puxou uma reação na trave com uma série segura para tirar 14,200 pontos. O último aparelho foi o melhor do Brasil - somou mais pontos no salto, mas foi o melhor na trave até a quarta subdivisão.
- Treino muito paralelas e não esperava que aquilo fosse acontecer, mas aconteceu. Simulamos todas as situações, mas me mantive firme. Isso ajudou a equipe a se manter firme até o final. Conversamos que independentemente do que acontecesse íamos forte até o último passo. Não sei se vai dar classificação, mas treinamos muito para estar aqui - disse Jade.
* Notas descartadas
Uma série brasileira muito aguardada foi justamente a que fechou a subdivisão. Flávia Saraiva era apontada como forte candidata à final da trave. A ginasta de 16 anos e apenas 1,34m de altura não sofreu quedas, mas não teve sua melhor execução e tirou 14,133 pontos.
- Foi muito legal (estrear no Mundial). Fiquei muito ansiosa: “Meu Deus, eu já vou entrar”. Eu gostei das minhas séries, mas acho que poderia ser um pouco melhor na trave. Eu não fiz um exercício e faltaram algumas ligações. Todo mundo já tinha terminado, só faltava eu, mas nem prestei muita atenção, estava muito concentrada - disse Flavinha.
As brasileira aguardam as outras oito subdivisões para saber só no sábado se vai à final por equipes e assim também às Olimpíadas - ainda há uma segunda chance de classificação olímpica no evento-teste do Rio de Janeiro, em abril, quando quatro postos por times estarão em disputa.
Letícia, Jade, Lorrane, Thauany , Dani e Flavinha
formaram a equipe brasileira em Glasgow
(Foto: Ricardo Bufolin / CBG)
SOLOAo fim da contagem regressiva com clima de espetáculo, a equipe brasileira foi a primeira a entrar na Hydro Arena. As meninas cumpriram o ritual do show e foram logo se concentrar para o primeiro desafio: o solo, justamente no aparelho em que as brasileiras mais erraram no meeting preparatório da Alemanha, há duas semanas, quando o Brasil foi campeão. Letícia foi a primeira a se apresentar e sofreu uma queda (12,433 pontos). Jade veio na sequência, passou segurança em quase todas as acrobacias, mas quase caiu em uma passada e tirou a nota de 13,433. Lorrane, que sofreu com falhas no aparelho durante o ano, conseguiu acertar sua difícil série para somar 14,066 pontos. Dani também passou limpa para tirar 13,966. Era a vez de Flavinha entrar em ação. A Pequena Notável não sentiu o peso da estreia e encantou o público em Glasgow. Mesmo com as anfitriões competindo, a torcida bateu palmas seguindo a série de Flavinha, que foi a melhor do time (14,166). Com o descarte da nota de Letícia, o Brasil somou 55,631 pontos.
SALTONo salto, o Brasil mostrou por que esse é o aparelho mais forte do time no momento. Todas as ginastas passaram dos 14 pontos. Primeiro a estreante Thauany (14,166), depois Dani (14,3) e Falvinha (14,233) com saltos mais simples, apostando na boa execução. Jade e Lorrane arriscaram mais na dificuldade e puxaram as notas do Brasil, a veterana com 14,833 pontos e a estreante com 14,766 pontos. Assim o Brasil somou 58,132 pontos, descartando a nota de Thaunay.
As barras assimétricas, aparelho que sempre foi o Calcanhar de Aquiles do Brasil, voltou a assombrar. Thauany abriu com falhas (12,800), e Jade estava bem, até sofrer uma queda e ficar com apenas 11,633 pontos. Flavinha e Lorrane mais uma vez acertaram suas séries, a primeira com 13,266 e a segunda com 13,600. Dani, a única que não usa estafas protetoras nas mãos, fechou a apresentação do Brasil sem grande falhas, mas só tirou 12,300 pontos. Com apenas 51,966 pontos (descarte da nota da Jade), a equipe verde-amarela viu o sonho de pegar uma final ameaçado.
TRAVEA decisão ficou para a trave, o aparelho em que o Brasil se apresentou melhor durante o ano, mas também o aparelho mais imprevisível. Thauny foi a primeira mais uma vez, cometeu um desequilíbrio grande e tocou o aparelho em outra acrobacia para se equilibrar, o que caracteriza uma queda (12,800). Jade na sequência fez uma série muito segura e depois de muito esperar recebeu a nota de 14,200. Lorrane não perdeu a concentração com a demora para se apresentar e também fez uma boa série (13,933), animando o Brasil. Dani cometeu um pequeno desequilíbrio e tirou 13,866 pontos. Só uma apresentação fantástica de Flavinha faria o Brasil passar o Canadá e assumir a terceira posição. Não deu. A Pequena Notável tirou a nota de 14,133, e o Brasil somou 56,132 no aparelho. No total, o Brasil ficou com 221,861 pontos.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/ginastica-artistica/noticia/2015/10/brasileiras-tem-apresentacao-com-altos-e-baixos-no-mundial-de-glasgow.html