Esporte
Brasil bate Dinamarca, reencontra a Sérvia na final e garante pódio inédit
Com grande atuação da goleira Babi e sete gols de Alexandra Nascimento, meninas superam tricampeãs olímpicas e fazem decisão contra as donas da casa, no domingo
Por Thierry GozzerDireto de Belgrado, Sérvia
Alê comanda vitória do Brasil (Foto: AFP)
Elas já foram humilhadas no passado. No cenário do handebol internacional, tratadas como piada. Não foram poucos os mundiais em que o Brasil entrou como saco de pancadas. A seleção que em 2009 foi só 15º lugar em Pequim, no primeiro Mundial sob o comando de Morten Soubak, aprendeu a vencer. Evoluiu. Impôs respeito. Nesta sexta-feira, em um dia que ficará marcado na história da modalidade no país, as meninas bateram a Dinamarca por 27 a 21 e carimbaram vaga na final do Mundial da Sérvia. O triunfo não representa apenas um lugar na decisão. Garante ao menos a medalha de prata, pódio inédito para um esporte que ainda busca reconhecimento. A vitória na Arena Belgrado, diante de um time tricampeão olímpico, foi escrita com sete gols de Alexandra Nascimento, grandes intervenções da goleira Babi, melhor em quadra, e uma defesa sólida. Ana Paula fez cinco gols, Dani Piedade, quatro, e Deonise, três.
- A caminhada não foi nada fácil. Perdíamos por placares altos. Tentávamos fazer as coisas e nunca dava certo. Nos humilhavam. Éramos motivo de piada. Mas depois as coisas começaram a dar certo. Viemos para a Europa e mostramos que no Brasil também se joga handebol. E handebol de qualidade. Não nascemos no país do handebol, mas tivemos força de vontade para treinar e aprender. E hoje, depois de tudo que fizemos, e que a minha ficha ainda não caiu, todas terão que nos respeitar - desabafou Alexandra, melhor jogadora do mundo.
Eufórica, Dara ressaltou o amor à camisa brasileira e o reconhecimento internacional que a seleção passa a ter com a campanha neste Mundial:
- Eu acredito que no jogo, em qualquer esporte, não importa o que falem fora. É dentro de quadra que mostramos o peso dessa camisa. Essa camisa amarela que nós usamos agora tem um peso muito grande e não é hegemonia só nas Américas e também no mundo. Jogamos com coração, com raça, qualidade e com muito coração. Se antes a gente aprendia com os outros, agora vão aprender com a gente.
Na decisão, o Brasil enfrenta a Sérvia, que venceu a Polônia por 24 a 18. A final é no domingo, às 14h30m (de Brasília). O GloboEsporte.com acompanha o jogo em Tempo Real. Na histórica campanha, o Brasil, invicto, derrubou na primeira fase Argélia, Japão, Dinamarca e a própria Sérvia. Depois, no mata-mata, a Holanda nas oitavas; a Hungria, nas quartas; e agora novamente a Dinamarca, nas semifinais.
saiba mais- Tempo Real: confira todos os lances do jogo
- Lembrança da mãe emociona Babi: 'Difícil'
Ao contrário do primeiro duelo, ainda na fase de classificação, Brasil e Dinamarca começaram o confronto desta sexta com cautela. Sem queimar a posse da bola, as europeias equilibravam as ações, mas com a defesa coesa, o Brasil saiu na frente com Ana Paula, Alê (duas vezes), Dara e Deonise: 5 a 2 em sete minutos. Ao parar Kristiansen duas vezes, Babi fechava o gol. Ao contrário de Morten Soubak, o técnico dinamarquês revezava bastante suas titulares.
Destaque do Brasil no Mundial, Duda comemora um
gol contra a Dinamarca (Foto: Cinara Piccolo/
Photo&Grafia)
A defesa brasileira dava conta do recado. Aos 17, por cobertura, a melhor do mundo Alexandra Nascimento fez um golaço, abrindo 10 a 5. Atrás, Babi aparecia de novo, como em arremesso de Schumacher, aos 20. Com o jogo físico sobressaindo, os dois ataques tinham dificuldades, e por quatro minutos, ninguém mudou o placar, até a Dinamarca reduzir para 10 a 8, com Thorsgaard e Burgaard. A seleção, porém, logo se recompôs e voltou a abrir quatro gols de vantagem com Dani Piedade, Ana Paula, Deonise e Samira, fechando a etapa com 14 a 10.
vantagem e vaga garantida
Fabiana cadencia o jogo e ajuda o Brasil a superar a Dinamarca (Foto: Cinara Piccolo/Photo&Grafia)
Concentrado, o Brasil começou o segundo tempo de forma aguda. Com seis minutos, ampliou para sete gols a vantagem que já era grande: 19 a 12. Gigantes, Deonise (duas vezes), Duda e Alê não deixavam a Dinamarca crescer na partida. Aos dez, com seis gols de vantagem, a seleção perdeu Duda por dois minutos após falta técnica, e a Dinamarca diminuiu com Gravholt: 20 a 15. Aos 12, em milagre, Babi defendeu em dois tempos, salvando em cima da linha, para delírio da torcida sérvia, que torcia para a seleção brasileira.
Faltando 15 para o fim do duelo, o Brasil tinha 22 a 17, e quando não conseguia o gol, defendia bem, até Jensen diminuir. Babi, porém, levantou o ginásio ao salvar contra-ataque e fazer mais uma defesa quando a Dinamarca podia trazer a diferença para apenas três. Com dificuldades ofensivas, o Brasil só voltou a fazer gol aos 21, com Samira, mantendo quatro gols de vantagem: 23 a 19. Aos 24, em lance decisivo, Alê voltou a abrir quatro gols para a seleção em tiro de sete metros: 24 a 20. Nervosas, as dinamarquesas começaram a errar, e, com Duda, Ana Paula e Dani, o Brasil fez 27 a 21, liquidando o jogo.
Brasil: Babi; Dara, Ana Paula, Alê, Deonise, Duda e Fernanda. Entraram: Mayara, Dani Piedade, Amanda, Déborah Hannah e Samira. Dinamarca: Greve; Kristiansen, Stine Jorgensen, Fisker, Burgaard, Gravholt e Jensen. Entraram: Norgaard, Line Jorgensen, Schumacher, Bonde, Tholsgaard, Hansen e Holmsgaard.
Semifinais
Sérvia 24 x 18 Polônia
Brasil 27 x 21 Dinamarca
Final (domingo)
14h15m - Brasil x Sérvia
A campanha do Brasil no Mundial
Primeira fase:
Brasil 36 x 20 Argélia
Brasil 34 x 21 China
Brasil 25 x 23 Sérvia
Brasil 24 x 20 Japão
Brasil 23 x 18 Dinamarca
Oitavas: Brasil 29 x 23 Holanda
Quartas: Brasil 33 x 31 Hungria
Semifinal: Brasil 27 x 21 Dinamarca
Final: Brasil x Sérvia
FONTE:http://globoesporte.globo.com/handebol/noticia/2013/12/brasil-bate-dinamarca-de-novo-vai-final-contra-servia-e-garante-podio-inedito.html
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