Nos últimos 10 anos, o Rio de Janeiro firmou-se como palco de grandes eventos. A largada foi dada com os Jogos Pan-Americanos de 2007, passou por Jornada Mundial da Juventude, Jogos Mundiais Militares, Rio+20 e as Copas das Confederações e do Mundo. O momento mais complexo e mais desafiador, no entanto, será em cinco meses, com as Olimpíadas. Em um cenário global, o Rio 2016 chega em um momento de tensões causadas pelo terrorismo. Além disso, a cidade-sede ainda gera desconfiança internacional do ponto de vista de sua segurança pública, e o país segue em uma crise econômica que pode afetar os orçamentos. Em entrevista ao GloboEsporte.com, o secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirma que o plano de segurança para a cidade está traçado e bem preparado. Tratou de tranquilizar aqueles que planejam vir ao Rio em agosto. Relatou que contatos constantes vem sendo feito também por parte de comitivas estrangeiras, além de contar com relatórios enviados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) - peça importante no processo.
Beltrame afirma que os órgãos de segurança do Estado são procurados por alguns países, muitas vezes através de embaixadas, que demonstram preocupação com qualquer tipo de ameaça a seus atletas e corpo técnico para os Jogos de agosto. Nesses casos, o planejamento é passado - até onde se pode - para tranquilizar delegações.
Nos últimos seis meses, ao menos 20 comitivas internacionais estiveram no Centro de Monitoramento e Comando do Rio (CICC) em busca de informações sobre os métodos olímpicos para traçar planos de delegações. A presença constante tem sido de profissionais do Japão, que se preparam para receber os Jogos de 2020. Comitivas de países como EUA, França - que em novembro foi alvo de uma série de atentados terrorista em sua capital - e Alemanha também estiveram recentemente no local.
- Os americanos têm muita preocupação. Agora aumentou a procura por resultados das nossas reuniões por parte da embaixada francesa. Eles querem saber onde o atleta dele vai estar, como vai ser conduzido, onde serão os eventos. Têm muita preocupação com os locais de hospedagem. Nós acabamos criando um Sub-Secretaria de Grandes evento. A gente vê que a preocupação é legítima em função do que acontece com esses países lá fora. A gente toma frente, apresenta para várias embaixadas e até abre questões que são consideradas reservadas. Abrimos exatamente no sentido de que estamos fazendo de tudo para que eles venham aqui e e a gente faça um excelente evento - explica o secretário.
O secretário admite que, apesar de a cidade estar acostumada a lidar com questões graves no que diz respeito à segurança, o terrorismo em si traz um fato novo. É algo distante que se aproxima de qualquer cidade que se dispõe a receber um evento da natureza global dos Jogos Olímpicos. Para isso, o contingente policial local contará com reforços estrangeiros. A ideia é promovida pela Secretaria de Grandes Eventos, do Governo Federal.
- É um centro de comando onde vários representantes de várias policias do mundo estarão juntas, no sentido de ver o comportamento de certos grupos. Muitas vezes um policial, um agente da Abin, não consegue identificar um determinado comportamento que um policial inglês sabe do que se trata. Vai ter um grupo de policiais de vários países que estarão juntos.
Foram firmados convênios entre a Secretária Estadual de Segurança com o Ministério da Justiça, além de embaixadas como Espanha, EUA, França, Grã-Bretanha e Alemanha. O principal objetivo foi capacitar seus agentes para os Jogos. Foram disponibilizados, por exemplo, cursos antiterrorismo.
- O recado é muito simples: venham ao Rio de Janeiro. Nós estamos com essas Olimpíadas prontas. No que diz respeito à segurança, nós estamos prontos. Com plano estratégico, tático e operacional. Estamos prontos para que essas pessoas venham ao Rio de Janeiro tranquilamente. Sei da preocupação que essas pessoas têm. Mas também tenho que dizer a eles que, em todos os eventos que fizemos, fomos superbem avaliados - disse Beltrame.
Trabalho em equipe
A segurança olímpica para o Rio 2016 é divida em três esferas. O evento é de responsabilidade federal. Como estará quase sempre concentrado em uma única cidade, precisa do trabalho conjunto e em convergência com entidades estaduais e municipais. A questão do terrorismo está na alçada da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No entanto, também vem sendo tratada como prioridade pelo Estado, que recebe novos relatórios da Agência a cada duas semanas.
- O Estado se preparou. Nós colocamos sempre como questão número 1, independentemente do que aconteceu na França ou em qualquer outro lugar do mundo. Embora não seja uma responsabilidade da Polícia Militar ou da Polícia Civil, nas reuniões, sempre levantamos isso como prioridade, por motivos óbvios. Vamos ter aqui nações que têm níveis de ameaça maiores ou menores. Quem atende isso é a Abin. Ela faz os ''mapas de ameaça'', nos transmite quinzenalmente esses mapas e tem um estrutura preparada para isso. Delegações de determinados países vão ter atendimento possivelmente diferenciado de outras delegações que, dentro do mapa de ameaça, estão mais longe - explica.
No fim do ano passado, após os ataques terroristas simultâneos em Paris, a Abin reiterou a preocupação maior com ataques isolados que são provocados por apenas uma pessoa. São os chamados ''lobos solitários''. Na ocasião, o Ministério da Justiça também reiterou que não haveria alteração no plano de segurança dos Jogos, com matriz formada no geral por 85 mil homens, 38 mil das Forças Armadas. O plano de segurança também integra a criação do Centro Integrado Antiterrorismo (Ciant), que será coordenado pela área de inteligência. No Rio, o ''centro nervoso'' será o mesmo da Copa do Mundo, o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).
- É um evento imenso, grande. Não vou dizer que não vai acontecer nada. A cidade vai estar cheia, superlotada. Mas a gente está pronto - analisa Beltrame.
O plano de inteligência da Abin é tratado como crucial. A preocupação do Estado é ostensiva, enquanto a da agência é do ponto de vista preventivo. As informações têm que circular para o controle ser completo e fatos antecipados. A menos de seis meses dos Jogos, a Abin passa constantemente ao Estado seu ''ranking de ameaça''. José Mariano Beltrame afirma que, hoje, esse nível não apresenta grandes temores.
- Segundo os relatórios de ameaça da Abin, hoje, é muito baixo.
O legado e a PM
- A Polícia Militar, em tese, vai manter a segurança pública do cidadão. Seja o cidadão carioca, seja turista, seja atleta. Nós temos que dar o suporte de segurança para que eles transitem pela cidade. Nos pontos turísticos também. Lapa, praia, Maracanã. Essa é a nossa missão. Nós fizemos um esforço muito grande para que a PM fique dedicada à sua atividade de prevenção ao delito, através da sua ostensividade - diz o secretário de segurança.
Desde que obteve o direito de receber os Jogos Olímpicos, a palavra de ordem por parte das autoridades do Rio sempre foi legado. Questão de importância e preocupação constante para a população fluminense, a segurança também acredita que sairá mais fortalecida após agosto de 2016. Para o secretário Beltrame, nesse caso haverá dois tipos de legados. Um valoriza as conexão geradas entre diferentes esferas e agências de segurança, enquanto outro cita também um novo e moderno aparato de segurança.
- Para mim o mais importante é o legado intangível. O grande legado é a integração interagências. Acho que hoje, no país, independentemente do resultado que tivermos pela frente, ninguém tem a expertise interagência que o Rio de Janeiro tem. Nós nos reunimos para cada um dos eventos. E isso gerou protocolos de ação, e esses protocolos vão ficar. Tudo isso está pronto. Enquanto acho que em outros estados você não tem isso para atender qualquer tipo de ocorrência. O legado tangível, sem dúvida nenhuma, é que temos parte do Governo Federal trabalhando aqui. Recebemos aeronaves, aeronaves com imageadores, vamos receber coletes balísticos. E acho que a cidade vai receber um grande presente de mobilidade urbana.
Há dois anos, o trabalho realizado pela Segurança do Rio durante a Copa do Mundo foi considerado bem-sucedido. Na época, foi necessário lidar com questões de manifestações. Para os Jogos, é salientada e bem maior complexidade do que está por vir. O desafio do Rio de Janeiro será tão ou mais complexo como o de quem busca um triunfo olímpico.
- Quero, busco e estou atrás de ganhar uma medalha em segurança pública para o cidadão que aqui vier. Quero que as pessoas venham aqui e vejam o Rio de Janeiro como efetivamente merece ser visto. Vejam que o Rio não é só uma cidade turística linda. É uma cidade para se morar, criar filho, estudar, trabalhar, com ótimas opções de lazer e que vai ter condição de fazer grandes Olimpíadas, se não a melhor.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2016/03/beltrame-relata-visitas-de-embaixadas-e-ve-rio-preparado-contra-o-terrorismo.html
Beltrame afirma que os órgãos de segurança do Estado são procurados por alguns países, muitas vezes através de embaixadas, que demonstram preocupação com qualquer tipo de ameaça a seus atletas e corpo técnico para os Jogos de agosto. Nesses casos, o planejamento é passado - até onde se pode - para tranquilizar delegações.
Secretário de Segurança do Rio no
Centro de Comando e Controle
(Foto: Amanda Kestelman)
- Os americanos têm muita preocupação. Agora aumentou a procura por resultados das nossas reuniões por parte da embaixada francesa. Eles querem saber onde o atleta dele vai estar, como vai ser conduzido, onde serão os eventos. Têm muita preocupação com os locais de hospedagem. Nós acabamos criando um Sub-Secretaria de Grandes evento. A gente vê que a preocupação é legítima em função do que acontece com esses países lá fora. A gente toma frente, apresenta para várias embaixadas e até abre questões que são consideradas reservadas. Abrimos exatamente no sentido de que estamos fazendo de tudo para que eles venham aqui e e a gente faça um excelente evento - explica o secretário.
O secretário admite que, apesar de a cidade estar acostumada a lidar com questões graves no que diz respeito à segurança, o terrorismo em si traz um fato novo. É algo distante que se aproxima de qualquer cidade que se dispõe a receber um evento da natureza global dos Jogos Olímpicos. Para isso, o contingente policial local contará com reforços estrangeiros. A ideia é promovida pela Secretaria de Grandes Eventos, do Governo Federal.
- É um centro de comando onde vários representantes de várias policias do mundo estarão juntas, no sentido de ver o comportamento de certos grupos. Muitas vezes um policial, um agente da Abin, não consegue identificar um determinado comportamento que um policial inglês sabe do que se trata. Vai ter um grupo de policiais de vários países que estarão juntos.
Foram firmados convênios entre a Secretária Estadual de Segurança com o Ministério da Justiça, além de embaixadas como Espanha, EUA, França, Grã-Bretanha e Alemanha. O principal objetivo foi capacitar seus agentes para os Jogos. Foram disponibilizados, por exemplo, cursos antiterrorismo.
- O recado é muito simples: venham ao Rio de Janeiro. Nós estamos com essas Olimpíadas prontas. No que diz respeito à segurança, nós estamos prontos. Com plano estratégico, tático e operacional. Estamos prontos para que essas pessoas venham ao Rio de Janeiro tranquilamente. Sei da preocupação que essas pessoas têm. Mas também tenho que dizer a eles que, em todos os eventos que fizemos, fomos superbem avaliados - disse Beltrame.
Trabalho em equipe
A segurança olímpica para o Rio 2016 é divida em três esferas. O evento é de responsabilidade federal. Como estará quase sempre concentrado em uma única cidade, precisa do trabalho conjunto e em convergência com entidades estaduais e municipais. A questão do terrorismo está na alçada da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No entanto, também vem sendo tratada como prioridade pelo Estado, que recebe novos relatórios da Agência a cada duas semanas.
- O Estado se preparou. Nós colocamos sempre como questão número 1, independentemente do que aconteceu na França ou em qualquer outro lugar do mundo. Embora não seja uma responsabilidade da Polícia Militar ou da Polícia Civil, nas reuniões, sempre levantamos isso como prioridade, por motivos óbvios. Vamos ter aqui nações que têm níveis de ameaça maiores ou menores. Quem atende isso é a Abin. Ela faz os ''mapas de ameaça'', nos transmite quinzenalmente esses mapas e tem um estrutura preparada para isso. Delegações de determinados países vão ter atendimento possivelmente diferenciado de outras delegações que, dentro do mapa de ameaça, estão mais longe - explica.
Policiais em simulação na estação de BRT do
campo de golfe olímpico (Foto: Getty Images)
No fim do ano passado, após os ataques terroristas simultâneos em Paris, a Abin reiterou a preocupação maior com ataques isolados que são provocados por apenas uma pessoa. São os chamados ''lobos solitários''. Na ocasião, o Ministério da Justiça também reiterou que não haveria alteração no plano de segurança dos Jogos, com matriz formada no geral por 85 mil homens, 38 mil das Forças Armadas. O plano de segurança também integra a criação do Centro Integrado Antiterrorismo (Ciant), que será coordenado pela área de inteligência. No Rio, o ''centro nervoso'' será o mesmo da Copa do Mundo, o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).
- É um evento imenso, grande. Não vou dizer que não vai acontecer nada. A cidade vai estar cheia, superlotada. Mas a gente está pronto - analisa Beltrame.
O plano de inteligência da Abin é tratado como crucial. A preocupação do Estado é ostensiva, enquanto a da agência é do ponto de vista preventivo. As informações têm que circular para o controle ser completo e fatos antecipados. A menos de seis meses dos Jogos, a Abin passa constantemente ao Estado seu ''ranking de ameaça''. José Mariano Beltrame afirma que, hoje, esse nível não apresenta grandes temores.
- Segundo os relatórios de ameaça da Abin, hoje, é muito baixo.
O legado e a PM
- A Polícia Militar, em tese, vai manter a segurança pública do cidadão. Seja o cidadão carioca, seja turista, seja atleta. Nós temos que dar o suporte de segurança para que eles transitem pela cidade. Nos pontos turísticos também. Lapa, praia, Maracanã. Essa é a nossa missão. Nós fizemos um esforço muito grande para que a PM fique dedicada à sua atividade de prevenção ao delito, através da sua ostensividade - diz o secretário de segurança.
Segurança em evento-teste no Parque Aquático
Maria Lenk (Foto: Getty Images)
- Para mim o mais importante é o legado intangível. O grande legado é a integração interagências. Acho que hoje, no país, independentemente do resultado que tivermos pela frente, ninguém tem a expertise interagência que o Rio de Janeiro tem. Nós nos reunimos para cada um dos eventos. E isso gerou protocolos de ação, e esses protocolos vão ficar. Tudo isso está pronto. Enquanto acho que em outros estados você não tem isso para atender qualquer tipo de ocorrência. O legado tangível, sem dúvida nenhuma, é que temos parte do Governo Federal trabalhando aqui. Recebemos aeronaves, aeronaves com imageadores, vamos receber coletes balísticos. E acho que a cidade vai receber um grande presente de mobilidade urbana.
Há dois anos, o trabalho realizado pela Segurança do Rio durante a Copa do Mundo foi considerado bem-sucedido. Na época, foi necessário lidar com questões de manifestações. Para os Jogos, é salientada e bem maior complexidade do que está por vir. O desafio do Rio de Janeiro será tão ou mais complexo como o de quem busca um triunfo olímpico.
- Quero, busco e estou atrás de ganhar uma medalha em segurança pública para o cidadão que aqui vier. Quero que as pessoas venham aqui e vejam o Rio de Janeiro como efetivamente merece ser visto. Vejam que o Rio não é só uma cidade turística linda. É uma cidade para se morar, criar filho, estudar, trabalhar, com ótimas opções de lazer e que vai ter condição de fazer grandes Olimpíadas, se não a melhor.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2016/03/beltrame-relata-visitas-de-embaixadas-e-ve-rio-preparado-contra-o-terrorismo.html