Uma novela que teve vítimas, silêncio de horas à espera da manifestação da diretoria e um final com nota oficial sem muitas explicações claras do que se espera para um futuro próximo. Assim foi a segunda-feira de personagens envolvidos com o Flamengo em dia de ebulição na Gávea. Só na tarde desta terça-feira acontecerá o capítulo final do folhetim, que teve em sua trama as demissões do técnico Jayme de Almeida e do diretor de futebol Paulo Pelaipe.
O desfecho será com o anúncio oficial da contratação de Ney Franco, depois uma reunião do treinador com dirigentes do clube em São Paulo para definir os últimos detalhes de seu contrato, com duração até o fim de 2015. Será a segunda passagem. Na primeira, conquistou a Copa do Brasil em 2006, disputando apenas a final da competição, e o Campeonato Carioca de 2007.
Há alguns dias, o Flamengo já estudava a substituição do técnico Jayme de Almeida, mesmo com todo o discurso de apoio, inclusive do presidente Eduardo Bandeira de Mello, até depois da eliminação da Taça Libertadores na fase de grupos, usando lesões como justificativa para os maus resultados.
A derrota por 2 a 0 para o Fluminense acelerou o processo, e Ney Franco apareceu como principal nome depois de uma consulta ao seu empresário Nick Arcuri, que informou sobre o desligamento do Vitória na manhã desta segunda-feira. Mas ainda na noite de domingo, horas após o clássico, o assunto sobre a saída de Jayme já movimentava os bastidores do Rubro-Negro.
Às 10h49 (de Brasília) de segunda, o colunista de "O Globo" Ancelmo Gois divulgou que Ney Franco seria anunciado como novo treinador do Flamengo na terça-feira e começaria a trabalhar já no dia seguinte. O vazamento da informação criou mal-estar intenso e esquentou os bastidores.
Ao longo do dia, o clube faria ainda mais mudanças no departamento de futebol e despertou reações de vários setores do clube, inclusive de Zico, maior ídolo e amigo de Jayme.
Procurado pelo GloboEsporte.com, em uma ligação feita às 11h46 (de Brasília) - com sua demissão já definida pelo vice de futebol Wallim Vasconcellos e outros integrantes da cúpula - um sereno Jayme de Almeida disse que não havia sido informado sobre a sua saída. Com a bela segunda-feira de sol, Jayme - naquele momento já ex-treinador do Flamengo sem saber - se dirigia para a praia quando o telefone começou a tocar sem parar. Eram jornalistas querendo saber sobre sua condição.
- Ninguém falou comigo. Estou indo à praia. Estou tranquilo - disse Jayme.
Ney Franco passou boa parte do dia resolvendo os trâmites de sua rescisão com o Vitória, que anunciou em seu site oficial a saída do treinador às 12h (de Brasília). O treinador passou a ter informações sobre sua ida para o Flamengo.
Foi então que a situação de Jayme piorou. Novamente consultado pelo GloboEsporte.com, desta vez às 13h58 (de Brasília), ele insistiu que não havia sido procurado. Logo em seguida, em entrevista ao SporTV, afirmou estar perplexo com a situação.
A hora e vez de Pelaipe
A cúpula do Flamengo seguia reunida na Gávea tomando decisões sobre o futuro do futebol. As horas passavam, e nenhum dirigente se pronunciava oficialmente. E outro nome na pauta para deixar o clube foi o do diretor Paulo Pelaipe, com relação desgastada.
Pelaipe já vinha sendo excluído de negociações importantes como a do volante Elias. O diretor chegava a procurar informações com outras fontes no começo deste ano sobre o caso. Sempre recebia uma resposta negativa ao pedir dinheiro para reforçar o time. Em momento algum foi informado sobre a saída de Jayme e a chegada de Ney Franco. O mesmo já havia acontecido em dezembro, quando Luiz Eduardo Baptista, vice de marketing, negociou com Abel Braga. E sempre teve relação de rusgas com Wallim.
Jayme e Pelaipe foram comunicados de que deveriam comparecer à Gávea. Pelaipe compareceu, mas o treinador avisou que não iria. E, pela voz de Wallim, recebeu seu aviso de demissão por telefone às 18h30 (de Brasília).
- Só fui receber uma ligação do Wallim (Vasconcelos, vice de futebol) às 18h30 para me comunicar o que todos já sabiam. É inadmissível que uma coisas dessas aconteça em pleno ano de 2014 - lamentou Jayme de Almeida, depois de um dia de sol frustrado pela condução do caso pela diretoria e uma longa noite pela frente.
A saída de Jayme e Pelaipe aconteceu em um processo semelhante ao de 2010, quando a presidente Patrícia Amorim decidiu pela saída do técnico Andrade e de Marcos Braz, então vice de futebol. Justamente, terminando como Jayme mais temia, um novo Andrade, que não conseguiu se firmar, apesar da conquista de títulos.
A nota oficial sobre as demissões só foi divulgada pelo clube às 19h01 (de Brasília). O texto trazia poucas informações concretas sobre os motivos que levaram a tal decisão, além de ser de difícil interpretação com relação a quem realmente havia sido desligado.
Jayme ficou desolado com a sua saída, principalmente pela forma como foi informado. O técnico desabafou com amigos próximos. Mais tarde, sua assessoria divulgou uma nota oficial com explicações do treinador sobre a saída, às 20h20 (de Brasília), dizendo ser "inadmissível como todo o processo aconteceu".
Pego de surpresa, Paulo Pelaipe se manifestou de forma mais política, agradecendo a todos por ter trabalhado no clube.
Influência de Kleber Leite aumenta; Ximenes e Rodrigo Caetano em pauta
Nomes como o de Marcos Braz, vice de futebol campeão brasileiro em 2009, e Plínio Serpa Pinto, atual vice de relações externas, começaram a ganhar força nos bastidores. Plínio tem apoio do ex-presidente Kleber Leite, nome ainda muito influente no clube.
Já à noite, Wallim Vasconcelos negou, em entrevista à Rádio Tupi, a possibilidade de Marcos Braz voltar. O dirigente compartilhava de algumas ideias de Pelaipe e defendia a permanência de Jayme. A formatação do novo departamento de futebol ainda está sendo estudada pela diretoria.
Um diretor executivo deve ser contratado. Rodrigo Caetano, hoje no Vasco, é o nome dos sonhos da atual diretoria, mas é considerado caro. Felipe Ximenes, do Vitória, que trabalhou com Ney Franco em duas oportunidades, é visto com bons olhos.
Ney fará sua estreia no comando do Flamengo diante do São Paulo, domingo, no Maracanã.
O desfecho será com o anúncio oficial da contratação de Ney Franco, depois uma reunião do treinador com dirigentes do clube em São Paulo para definir os últimos detalhes de seu contrato, com duração até o fim de 2015. Será a segunda passagem. Na primeira, conquistou a Copa do Brasil em 2006, disputando apenas a final da competição, e o Campeonato Carioca de 2007.
Ney Franco conquistou a Copa do Brasil
de 2006 pelo Flamengo e o Carioca de
2007 (Foto: Marcos Ribolli)
A derrota por 2 a 0 para o Fluminense acelerou o processo, e Ney Franco apareceu como principal nome depois de uma consulta ao seu empresário Nick Arcuri, que informou sobre o desligamento do Vitória na manhã desta segunda-feira. Mas ainda na noite de domingo, horas após o clássico, o assunto sobre a saída de Jayme já movimentava os bastidores do Rubro-Negro.
Às 10h49 (de Brasília) de segunda, o colunista de "O Globo" Ancelmo Gois divulgou que Ney Franco seria anunciado como novo treinador do Flamengo na terça-feira e começaria a trabalhar já no dia seguinte. O vazamento da informação criou mal-estar intenso e esquentou os bastidores.
Ao longo do dia, o clube faria ainda mais mudanças no departamento de futebol e despertou reações de vários setores do clube, inclusive de Zico, maior ídolo e amigo de Jayme.
Procurado pelo GloboEsporte.com, em uma ligação feita às 11h46 (de Brasília) - com sua demissão já definida pelo vice de futebol Wallim Vasconcellos e outros integrantes da cúpula - um sereno Jayme de Almeida disse que não havia sido informado sobre a sua saída. Com a bela segunda-feira de sol, Jayme - naquele momento já ex-treinador do Flamengo sem saber - se dirigia para a praia quando o telefone começou a tocar sem parar. Eram jornalistas querendo saber sobre sua condição.
- Ninguém falou comigo. Estou indo à praia. Estou tranquilo - disse Jayme.
Ney Franco passou boa parte do dia resolvendo os trâmites de sua rescisão com o Vitória, que anunciou em seu site oficial a saída do treinador às 12h (de Brasília). O treinador passou a ter informações sobre sua ida para o Flamengo.
Foi então que a situação de Jayme piorou. Novamente consultado pelo GloboEsporte.com, desta vez às 13h58 (de Brasília), ele insistiu que não havia sido procurado. Logo em seguida, em entrevista ao SporTV, afirmou estar perplexo com a situação.
A hora e vez de Pelaipe
A cúpula do Flamengo seguia reunida na Gávea tomando decisões sobre o futuro do futebol. As horas passavam, e nenhum dirigente se pronunciava oficialmente. E outro nome na pauta para deixar o clube foi o do diretor Paulo Pelaipe, com relação desgastada.
Pelaipe, Wallim e Bandeira em recente treino do Flamengo (Foto: Thales Soares)
Jayme e Pelaipe foram comunicados de que deveriam comparecer à Gávea. Pelaipe compareceu, mas o treinador avisou que não iria. E, pela voz de Wallim, recebeu seu aviso de demissão por telefone às 18h30 (de Brasília).
- Só fui receber uma ligação do Wallim (Vasconcelos, vice de futebol) às 18h30 para me comunicar o que todos já sabiam. É inadmissível que uma coisas dessas aconteça em pleno ano de 2014 - lamentou Jayme de Almeida, depois de um dia de sol frustrado pela condução do caso pela diretoria e uma longa noite pela frente.
A saída de Jayme e Pelaipe aconteceu em um processo semelhante ao de 2010, quando a presidente Patrícia Amorim decidiu pela saída do técnico Andrade e de Marcos Braz, então vice de futebol. Justamente, terminando como Jayme mais temia, um novo Andrade, que não conseguiu se firmar, apesar da conquista de títulos.
A nota oficial sobre as demissões só foi divulgada pelo clube às 19h01 (de Brasília). O texto trazia poucas informações concretas sobre os motivos que levaram a tal decisão, além de ser de difícil interpretação com relação a quem realmente havia sido desligado.
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- Jayme critica postura “inadmissível” da diretoria do Fla e diz ter sondagens
Jayme ficou desolado com a sua saída, principalmente pela forma como foi informado. O técnico desabafou com amigos próximos. Mais tarde, sua assessoria divulgou uma nota oficial com explicações do treinador sobre a saída, às 20h20 (de Brasília), dizendo ser "inadmissível como todo o processo aconteceu".
Pego de surpresa, Paulo Pelaipe se manifestou de forma mais política, agradecendo a todos por ter trabalhado no clube.
Influência de Kleber Leite aumenta; Ximenes e Rodrigo Caetano em pauta
Nomes como o de Marcos Braz, vice de futebol campeão brasileiro em 2009, e Plínio Serpa Pinto, atual vice de relações externas, começaram a ganhar força nos bastidores. Plínio tem apoio do ex-presidente Kleber Leite, nome ainda muito influente no clube.
Já à noite, Wallim Vasconcelos negou, em entrevista à Rádio Tupi, a possibilidade de Marcos Braz voltar. O dirigente compartilhava de algumas ideias de Pelaipe e defendia a permanência de Jayme. A formatação do novo departamento de futebol ainda está sendo estudada pela diretoria.
Um diretor executivo deve ser contratado. Rodrigo Caetano, hoje no Vasco, é o nome dos sonhos da atual diretoria, mas é considerado caro. Felipe Ximenes, do Vitória, que trabalhou com Ney Franco em duas oportunidades, é visto com bons olhos.
Ney fará sua estreia no comando do Flamengo diante do São Paulo, domingo, no Maracanã.