Esporte
Barbudo, Mattheus põe cara a tapa: ‘Não tem mais nenhum moleque’
Perto de completar 19 anos, meia explica negociação frustrada com o Juventus, decisão de ficar no clube e faz planos de brilhar no Fla
Por Cahê Mota e Richard Souza Rio de Janeiro
A barba rala e com algumas falhas dá um ar mais maduro ao garoto de quase 19 anos, mas ainda demora a crescer. Ter paciência para cultivar o novo visual não é nada perto do que Mattheus viveu no primeiro semestre. Foram três meses de uma arrastada e frustrada negociação para se transferir do Flamengo para o Juventus, da Itália, e nem sequer um minuto em campo. No período, o meia ficou fora de jogos e viagens do time e treinou separado do grupo principal. A última partida pelo Rubro-Negro foi em 1º de dezembro do ano passado - contra o Botafogo, pela última rodada do Brasileirão. O desfecho do caso só ocorreu no fim de maio, quando Mattheus decidiu ficar no Brasil e renovou contrato até 2016. Prestes a completar 19 anos, Mattheus sonha com futuro de sucesso no Flamengo (Foto: Andre Durão)
- Foi difícil, bastante difícil, queria jogar também. Sabia que tinha condições de ajudar o Flamengo. Agora, a expectativa é muito maior, a empolgação é muito maior. Estou louco para jogar"
Mattheus, meia do Flamengo
A espera do jogador, que faz aniversário no próximo domingo, ainda não chegou ao fim. Depois de trabalhar com Dorival Júnior e Jorginho, que nem puderam escalá-lo por ordem do clube, tem Mano Menezes como comandante e aguarda a primeira oportunidade. - Agora, a expectativa é muito maior, a empolgação é muito maior. Estou louco para jogar, tem muito tempo que não jogo. Minha última partida foi na Seleção ainda (Sul-Americano sub-20, em janeiro). Em quase meia hora de entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Mattheus falou sobre a decisão de continuar no Flamengo, sobre a participação do pai, o tetracampeão Bebeto, em suas decisões e as críticas que recebeu de torcedores. Disse que sentiu-se desvalorizado pela antiga diretoria e falou sobre a vida discreta que leva fora do campo, religião e o assédio feminino. Enquanto não ostenta uma barba respeitável, o meia compensa com discurso firme e confiante. Segundo o jogador, ele e outras revelações do Flamengo podem assumir mais responsabilidades. - Tem que botar a cara para bater. Não tem mais nenhum moleque, não tem mais criança. Confira a íntegra da entrevista:
Como você se vê hoje no elenco do Flamengo, depois desse tempo só treinando? Acha que está pronto para receber oportunidades? Sente-se totalmente reintegrado? Hoje muito melhor, né? Aqueles três meses que fiquei parado tive que voltar, pegar um pouquinho a mais do que os outros que estavam treinando. Jogo é diferente de treino, tive de fazer alguns trabalhos físicos a mais quando acabava o treino. Mas hoje estou bem, preparado para poder voltar a jogar. Só esperando a oportunidade mesmo. Agora, que está tudo resolvido, como fica a ansiedade de ter a chance de jogar ou até mesmo ir para coletivos? Agora, a expectativa é muito maior, empolgação é muito maior. Estou louco para jogar, tem muito tempo que não jogo. Minha última partida foi na Seleção ainda (Sul-Americano sub-20). Estou com muita vontade, treinando forte e firme para estar bem quando a oportunidade chegar e corresponder ao que o Mano quer. Se eu entrar no fim, não tem importância. Importante é entrar e quando entrar estar bem. De contrato renovado, Mattheus explica recusa ao Juventus e fala sobre vida pessoal (Foto: André Durão)
Como foi esse processo todo de proposta do Juventus, essa chance de sair, a decisão de ficar? Os italianos procuraram você no fim do ano passado, essa negociação se arrastou e acabou com sua permanência no Flamengo. Em dezembro, eles vieram para o Brasil, estava na Seleção ainda. E desde que eles vieram eu falei com o Vantuil e com o Gerson (empresários dele) que eles decidiam isso e eu treinava, que eles sabem o que é melhor para mim. Naquela época, não me meti em nada, estava no meio de uma competição, o Sul-Americano, então procurei me afastar um pouco disso. Até aqui mesmo me afastei um pouco, deixava com eles. Procurava treinar, jogar e fazer o meu papel. Fora de campo, era com eles. E foi assim até o fim. No fim, quando vi que estava demorando, estava há muito tempo sem jogar, falei com o Vantuil que queria ficar. Acho que ainda tenho algumas coisas, muitas coisas para conquistar dentro do clube para mim mesmo. Por ser sonho de criança jogar no Maracanã, jogar no Flamengo, de poder conquistar títulos. Tenho na minha cabeça que fiquei justamente para isso. Para ganhar títulos, fazer bons jogos e muitos gols. Seus empresários disseram que você gostou do projeto do Juventus, uma proposta de cinco anos. Houve um momento em que você também ficou tentado a sair e decidiu aceitar a proposta, não é? É, houve um momento que o Juventus, se não me engano em janeiro, fez a proposta. Mas eu estava no meio de uma competição, então no momento não procurei entrar em detalhes com o Vantuil. Só que quando voltei faltava um dia, se não me engano, para a janela de transferências fechar. Sentei com os empresários, o Vantuil falou da proposta, entrou em alguns detalhes. Só que estava no fim da janela, falei para ele que queria o melhor para mim. Se a proposta fosse boa, mas se o Flamengo fizesse uma contraproposta melhor, gostaria de ficar. Aqui é minha casa. Quero conquistar outras coisas que não conquistei no clube. A janela fechou, o Juventus ainda ficou em cima, só que estava demorando, bati o pé e disse que queria ficar. Muito se falou da participação do seu pai na decisão de sair ou não do Flamengo. O Bebeto disse em entrevistas que tinha deixado a decisão para você. De que que forma seu pai participou desse processo? Para ser bem sincero, meu pai não participou de quase nada. Lógico que a gente tem uma conversa com a família em geral, mas ele não participou de quase nada. Quem participou foi Vantuil e eu. Meu pai estava fora, até porque ele é membro do COL, ele é deputado estadual. Ele sabe que eu tenho idade para saber o que quero da minha vida. Meu pai participou de quase nada. A única coisa que falei foi: “Pai, decidi isso”. Ele falou: “O que você decidir é o melhor para você e estou contigo”. E foi o que decidi, que foi permanecer. Ele falou que concordava, apoiava, que seria bom ficar para conquistar coisas maiores. Mas em questão de ir ou não, a transferência, ele não entrou, não. Depois da primeira tentativa, em janeiro, o Juventus queria esperar para assinar com você sem ter que pagar nada ao Flamengo. E você não aceitou. Isso pesou também? O Flamengo foi o clube que me revelou, foi o clube que me projetou. Jamais sairia brigado ou de graça, sem dar algo em troca. Foi aí que bati o pé e falei que queria ficar"
Mattheus, sobre recusa a proposta do Juventus
Pesou, pesou bastante. Em janeiro, eles estavam para vir para contratar. Só que chegou uma hora que vi que estava atrasando para o clube e para mim, pois estava há muito tempo sem jogar. A partir do momento que reparei que eles queriam que eu saísse de graça, que queriam um pré-contrato, disse que jamais sairia de graça. O Flamengo foi o clube que me revelou, foi o clube que me projetou. Jamais sairia brigado ou de graça, sem dar algo em troca. Foi aí que bati o pé e falei que queria ficar. Não vou sair assim de jeito nenhum, não tem condição de sair desse jeito. A não ser que paguem algo ao Flamengo. Jamais viraria as costas para o Flamengo, onde fui criado, onde nasci. Foi nessa hora que bati o pé. O que passava pela sua cabeça nos meses fora do elenco? Estava ali, mas não estava. Eu treinei durante dois meses e meio assim. Foi difícil, bastante difícil, queria jogar também. Sabia que tinha condições de ajudar o Flamengo, mas por uma questão contratual sabia também que não poderia jogar. Eu procurei me manter focado nos treinamentos para estar bem para jogar quando terminasse. Foi realmente difícil. Foram três meses, não é pouco tempo, a gente sente bastante. Se eu ficar uma semana fora, sem treinar ou jogar, já é difícil. Estamos numa sequência de treinos e jogos, então complica o ritmo. Muda muito, é diferente. Procurei dar o máximo, depois do treino pedia para fazer algo mais. Nos treinos era possível ver que você tinha diálogos com o Jorginho. De alguma maneira aquilo pesou na sua decisão? Ele realmente me deu alguns conselhos, falou comigo o que ele achava melhor, mas não foi só em cima disso. Falou que queria contar comigo, que queria que eu ficasse no elenco. Ajuda, ele tem experiência no futebol, pode dar a opinião dele. Mas a decisão final era minha. Escutei muitas pessoas, mas a decisão era minha. Desde que criança, quando estava na base, você teve a chance de sair. Houve interesse do La Coruña, e você sempre disse que queria jogar no Flamengo, que era um sonho. Ia faltar na sua história o Flamengo? Com 13 ou 15 anos, o La Coruña veio, outros clubes também, na época estava na Seleção, nas competições internacionais. Outros clubes me procuraram, nessa época até procuraram meu pai, mas desde aquele tempo falei que queria ficar, que tinha muito a conquistar, tenho sonhos no clube onde nasci, acompanhava meu pai, amigos do meu pai dentro do clube. Disse que queria manter esse sonho vivo. Nenhum jogador vai ser mentiroso de dizer que não quer jogar lá fora, mas quero conquistar meus objetivos aqui e mais na frente pensar nisso. Fala-se muito do seu estilo de jogo, que você é muito parecido com o Ganso, que tem batida diferenciada na bola, visão de jogo, mas que falta dinâmica. Como você se vê como profissional? Precisa evoluir? Seria mesmo essa leitura? Eu tenho muita autocrítica. Quando subi no ano passado para o profissional, precisava disso, dessa dinâmica de jogo. Até por não estar acostumado a esse processo de base e profissional. E realmente sabia que precisava. O Joel (Santana) era o técnico na época e me ajudou muito. O Zinho (ex-diretor de futebol) falava comigo e também me ajudou dentro do clube demais. E os próprios jogadores me ajudavam bastante. Isso foi o principal para eu estar bem hoje. Sei que tenho de melhorar em muitas coisas ainda, mas essa questão da dinâmica eu aprimorei bastante, ainda tenho que melhorar, por consequência disso. Os jogadores foram passando para mim durante esse tempo todo e hoje estou muito mais preparado do que estava ano passado. Você se sentiu desvalorizado pela gestão passada por não ter sido procurado para renovar, como foi feito com outras promessas do clube? Me senti desvalorizado porque fiquei um ano no profissional e acabou que não me chamaram para renovar"
Mattheus, sobre não ter sido procurado para renovar o contrato na gestão passada
A gestão passada, sim. Me senti desvalorizado porque fiquei um ano no profissional e acabou que não me chamaram para renovar. Era o primeiro ano, estava ali realizando um sonho, falei que não queria me preocupar com questão contratual. Queria só jogar. Só que chega uma hora que você passa um ano todo jogando e realmente quer se sentir valorizado, quer ter um retorno. E naquela época me senti um pouco desvalorizado, mas nada que tivesse me prejudicado, que eu fosse criticar, mas foi o que aconteceu. Você falou que foi procurado pelo Juventus durante o Sul-Americano. Conseguiu tirar algo de proveitoso daquela experiência negativa com a eliminação na primeira fase? O que tirei de proveitoso foram treinos e convocações. Fui convocado antes do Sul-Americano, mas estava há um tempo sem ir. Sempre que vou para a Seleção, são os melhores do país e quero estar ali sempre. Foi difícil, realmente demorei para digerir o que aconteceu, mas serviu de aprendizado também porque foi algo negativo, mas busquei tirar algo positivo. Se ficasse só com o negativo só iria me prejudicar. Enquanto estava lá, procurei dar o meu máximo. Infelizmente as coisas não aconteceram, queria ter ido muito mais além na Seleção. Já conseguiu entender os motivos que fizeram o rendimento individual e coletivo não ser como se esperava? Realmente, eu também não sei, também não entendi. Mas tive que dar sequência. Foi algo que realmente me abalou bastante, foi algo que me prejudicou bastante no lado psicológico, mas depois consegui esquecer um pouco isso e tirar só coisas boas. Houve uma passagem naquele Sul-Americano em que você pediu para não ser chamado mais de filho do Bebeto. Você acha que já conseguiu desvincular sua imagem da imagem do seu pai? Eu tenho orgulho de ser filho de quem eu sou. Não ligo mesmo de ser chamado (de filho do Bebeto), sempre separo, mas acho que ainda não deu para separar muito"
Mattheus, meia do Flamengo
Naquele caso não foi que pedi para não ser chamado de filho do Bebeto. Foi porque eu estava no meio de uma competição. No meio de um campeonato importantíssimo. Quando entro numa competição, procuro me desligar de tudo e focar somente na competição. Alguns repórteres estavam lá perguntando “e teu pai, e teu pai?”, eu pedi para me deixarem focado na competição. Se quisessem fazer perguntas, à vontade, respondo todas, mas pedi para não tirarem meu foco. Naquele caso, foi o que pedi. Pelo amor de Deus. Eu tenho orgulho de ser filho de quem eu sou. Lógico que eu sempre separo, mas naquela ocasião foi por causa disso. Não ligo mesmo de ser chamado, sempre separo, mas acho que ainda não deu para separar muito, não. Deixa mais um tempinho. Está começando a separar um pouco (risos).
Você é um jogador que foge do esteriótipo boleirão, mais tranquilo, agora está criando uma barbinha para parecer mais velho. Como você define seu estilo? Realmente, eu fujo um pouco desse boleirão que o pessoal diz, prefiro ter mais o meu estilo, procuro ser mais quem eu sou, não gosto desse negócio de badalação, procuro estar com meus pés no chão, sempre com humildade e ser realmente quem eu sou. A barba é para passar uma imagem de mais velho mesmo? (Risos) Não, deixei mesmo. Gostei e deixei. Sabe-se que você é um cara que tem religião. Como é sua rotina fora de campo? Eu sou tranquilo, não sou de sair muito, não. Gosto de estar com meus amigos, não gosto de estar sozinho. Procuro estar sempre com pessoas que querem meu bem, meus amigos, primos, meus irmãos. São pessoas que sei que posso realmente confiar. Eu sou um cara que sai com amigos, vou jantar, almoçar. Gosto de estar com eles, mas não sou muito de sair, não. Sobre essa questão de religião, o elenco tem alguns jogadores ligados nisso, casos do Léo Moura, Nixon, Rafinha. Como isso norteia a sua vida? Isso é primordial para mim, é o que me sustenta. Não a religião. Eu não confio na religião, confio em Deus. Lógico que tem que ter a religião, mas procuro separar um pouco da religiosidade. Tem o pessoal lá, o Léo, o Nixon, Rafinha, Adryan, bastante gente até. Estou perto deles assim como estou perto de todos, mas a coisa que realmente me sustenta é poder confiar em Deus, que Ele sabe de todas as coisas e tem o melhor para mim. Mattheus sorri ao comentar o assédio feminino em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM (Foto: Andre Durão)
Você falou que é um cara tranquilo, que não gosta de sair. Mas essa turma que tem você, Adryan, Thomás, lida com o assédio feminino. Como é isso? Passa muito por isso? É tranquilo. Por um lado é legal o carinho do fã. A maioria é mulher. Eu gosto, é reconhecimento do trabalho, de uma forma carinhosa, feita de coração. A questão do assédio feminino eu sou bem tranquilo, não chego muito nessa parte, não me interesso muito nessa parte, de focar em outras coisas. Procuro focar no futebol, assédio feminino vai existir sempre, é normal, não só para mim, mas para todos os jogadores. Procuro desviar não do assédio feminino, mas das marias chuteiras (risos). Você namora? Não. Mas namorou recentemente uma cantora gospel, né? Estava, estava, mas agora estou solteiro. Tem um tempinho que terminamos. O Mano já conversou contigo? Nada específico, mas tive algumas conversas com ele. Falou algumas coisas quando chegou, orienta bastante nos treinos. A gente fala professor, mas ele realmente é como se fosse um professor. É um cara que procura ajudar todo mundo, orientar principalmente. Às vezes, parece que está dando bronca, mas ele está querendo o melhor, orientar. Ele sabe, tem experiência de seleção brasileira. Pode passar muitas coisas boas para a gente. Falando de parte tática, no campo, você seria aquele meia que arma? Sou um meia de meter a bola, de ficar sem a bola, trabalhar mais toque de primeira, toque curto e longo, ficar sem a bola. Gosto de armar o jogo, chegar para cabecear. No 4-4-2 ou no 4-3-3, seria esse homem de meio-campo. A curto prazo, o que passa na sua cabeça nessa volta ao time? O quanto antes melhor. Primeiramente quero voltar a jogar, me firmar de novo no time principal, quero voltar para os jogos. Minha primeira meta é poder voltar a jogar, fazer meu primeiro jogo esse ano. E depois, consequentemente, ir bem e me manter no time principal. Da sua posição, quais são suas referências? Hoje eu tenho dois. O Ganso, que sempre falei, e o Zé Roberto (do Grêmio). Esse cara, com 38 anos, e o que vi ele fazer antes, acompanho há um tempo, jogou com meu pai na Copa de 98, é um cara que sou fã extremo, de uma qualidade... Ele pensa muito antes dos outros jogadores. E o Ganso. Foi um cara que desde que eu subi digo que é ele pela qualidade técnica, raciocínio em campo. O que você acha que falta para essa garotada do Flamengo que subiu nos dois últimos anos enfim se firmar no time? Falta um pouco de paz no clube ou está no tempo normal de evolução? O próprio Zico não subiu direto. Falta confiança para chegar em campo sem medo e só jogar futebol"
Acho que é uma evolução natural. O próprio Zico não subiu direto e outros jogadores também. Não é o que falta, mas o que precisa ter. Precisa ter confiança, saber que você está ali por suas condições, seus méritos, e quando chegar no jogo esquecer tudo e fazer o melhor. Muitos queriam estar onde estamos hoje, maior clube do Brasil, expressão fora do normal. No meu caso, me acostumei. As pessoas que estavam ali dentro me ajudaram bastante, fora também. Falta confiança para chegar em campo sem medo e só jogar futebol. Alguns dos treinadores que trabalharam recentemente no clube, Joel, Dorival, Jorginho, disseram que não poderiam lançar os garotos de uma vez na fogueira. Os garotos pensam o quê? É hora de encarar as feras ou de dar uma segurada? Dorival realmente protegia bastante, os outros treinadores também. No meu caso, essa fase até já passou um pouco. Acho que a gente realmente tem que, no popular, botar a cara para bater. É fácil chegar e colocar os mais experientes para bater de frente. Ninguém é mais criança, se tiver que encarar, tem que encarar. Não tem mais nenhum moleque, não tem mais criança. Lógico que por ser garoto tem que ter paciência um pouco maior, mas acho que se esconder, jamais. É o contrário. Tem que ir de frente. Você é um jogador jovem, usuário de redes sociais, e na época da possibilidade de ir para o Juventus a torcida mostrou-se dividida. Muitos criticavam você, outros queriam que ficasse. Isso incomodou? A relação ficou abalada? A torcida tinha todo direito de falar. Em nenhum momento me viram falando. Saíram algumas matérias, algumas mentiras, não falei nada. Procurei ficar quieto e no momento certo iria me pronunciar. A torcida expressava o que lia. Era normal, não fiquei estressado, a torcida foi um dos maiores motivos para eu ter ficado. Quando subi, sempre me apoiou ao extremo nos jogos. Para um jogador novo, você entrar com apoio, pedirem seu nome em alguns jogos, é motivação extra. Não tem como entrar em campo e não correr, ainda mais com a torcida do Flamengo. Jamais me abalei, me entristeci com isso. A partir do momento que falei sobre o que aconteceu, voltaram atrás e hoje me apoiam, mandam recado dizendo para me dedicar, que a minha hora vai surgir. Isso é uma coisa que me ajuda bastante. Uma das minhas motivações maiores é entrar no Maracanã lotado, fazer um gol, com a torcida incentivando.FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2013/07/barbudo-mattheus-poe-cara-tapa-nao-tem-mais-nenhum-moleque.html
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