Baby morde a medalha de bronze (Foto: Reuters)
O sul-mato-grossense Baby venceu Kim Sung-Min, da Coreia do Sul, para assegurar a medalha histórica, a primeira do país em sua categoria. O feito veio com doses extras de tensão: Rafael Silva foi ao golden score (três minutos de morte súbita) em suas quatro últimas lutas; na que valeu o bronze, venceu por yuko, pontuação mínima do judô, graças ao acúmulo de shidos (advertências) contra seu adversário.
- Estou morto. Foram quatro golden scores, mas é muito gratificante. Estou colhendo os frutos de um trabalho de quatro anos - contou Baby.
As esperanças estavam em um gigante de 2,03m e, hoje, 168kg. Apenas o francês Teddy Riner é mais alto. Um centímetro. Favoritíssimo, foi ele quem subiu no mais alto degrau no pódio em Londres. Venceu o russo Alexander Mikhaylin na final.
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Baby foi revelado em um projeto para caçar pesados. Um gigante que fica ainda maior ao lado baixinho Luiz Shinohara, o técnico, de 1,65m.
- Tento ficar mais atrás - brinca Shinohara.
Depois da derrota nas quartas de final, na bandeira, Baby quase tombou. Tiago Camilo, prata em Sydney 2000 e bronze em Pequim 2008, foi até ele. E tentou levantar amigo o grandalhão.
- Bandeira é sempre complicado. Você sai com aquele gostinho "podia ser minha"
Yuko no golden score
A luta começou estudada, com ambos os judocas trocando toques embaixo sem arriscar entradas por mais de um minuto. Kim tentou a primeira queda, com um seoi nage, mas nem tirou o brasileiro do chão. Baby girava, tentava um toque aqui, outro ali, para desestabilizar o sul-coreano. O o-soto-gari, eficaz nas primeiras lutas do dia, foi bem defendido pelo adversário. O tempo passava, e nenhum dos dois pontuava, nem levava punições. O primeiro shido, para ambos, veio apenas com 1m35s restando.
Kim passou a ser mais ativo, tentando provar aos árbitros que estava tentando. O o-soto-gari de Baby foi novamente bloqueado. Na tentativa de um contragolpe, o sul-coreano desequilibrou o brasileiro, que girou para não cair. Em seguida, os papéis se inverteram: Rafael derrubou, e Kim girou, como um gato. Mais alguns segundos de tentativas frustradas, e Baby voltou ao golden score, pela quarta luta consecutiva.
Rafael Silva vibra com a conquista da medalha de bronze nos Jogos de Londres (Foto: AFP)
- O Brasil tem realizado um excelente trabalho de preparação para 2016. Claro que poderia ter sido melhor, mas no total o Brasil conseguiu trazer quatro medalhas, o que era um dos nossos objetivos. Espero que venha muita coisa boa ainda para o Brasil. Temos potencial de conseguir muito mais em 2016 - afirmou Rafael Silva.
O caminho da medalha
Com quatro medalhas, a seleção brasileira de 2012 superou os desempenhos de Los Angeles 1984 (uma prata e dois bronzes) e Pequim 2008 (três bronzes) para se tornar a mais vitoriosa em Olimpíadas. Além de Baby, Felipe Kitadai (peso-ligeiro, até 60kg) e Mayra Aguiar (peso-meio-pesado, até 78kg) levaram bronzes, e Sarah Menezes (peso-ligeiro, até 48kg) conquistou o único ouro da campanha. Ney Wilson, que estipulou a meta, confessou nervosismo e apreensão nos momentos decisivos.- Ippon contra islandês Thormodur Jonsson na primeira fase
- Ippon no golden score contra lituano Marius Paskevicius nas oitavas
- Derrota na bandeirada para russo Alexander Mikhaylin nas quartas
- Vitória na bandeirada contra húngaro Barna Bor
- Foi muito duro, muito apertado, na última luta. Nem consegui ver, fiquei aqui no canto. Em alguns momentos, ficava aquele "pode ser, pode não ser". Mas trabalhar com metas é sempre importante. Eu sabia que poderia falhar, mas estava confiante. A equipe tem muito potencial, e poderia ter chegado a até mais medalhas - declarou o dirigente.
O pódio do peso-pesado masculino (+100kg):
1º Teddy Riner (FRA)
2º Alexander Mikhaylin (RUS)
3º Rafael Silva (BRA)
3º Andreas Toelzer (ALE)