Paulo Autuori apenas não anunciou. Mas a decisão está tomada. Após a derrota por 5 a 3 para o Internacional, neste domingo, o técnico afirmou, em entrevista coletiva, que na última sexta-feira, às 18h, comunicou ao Vasco a sua decisão sobre permanecer ou não e admitiu que a paciência com os atrasos de salários esgotou. Segundo ele, haverá uma reunião nesta segunda-feira para que seja definida a situação.
Ao mesmo tempo, no São Paulo há o consenso de que Autuori é a prioridade para substituir Ney Franco, demitido na sexta-feira. Foi nesse mesmo dia que o presidente Juvenal Juvêncio, o diretor de futebol Adalberto Baptista e o vice-presidente João Paulo de Jesus Lopes chegaram a um acordo em torno do vascaíno. Neste domingo, ainda com o interino Milton Cruz, o São Paulo foi derrotado por 2 a 0 pelo Santos no Morumbi.
- As coisas não aconteceram como era a perspectiva. Sempre reconheci o esforço da diretoria, mas a situação do clube vem de um longo tempo, e me sinto impotente para fazer as coisas quando o clube não tem minimamente condição de cumprir suas obrigações. Em relação à minha posição, a diretoria já sabe - disse Autuori em Caxias do Sul.
O treinador, entretanto, preferiu ainda não dizer que está fora do Vasco:
- Não estou falando isso. Amanhã (segunda-feira) vocês poderão falar a verdade. Está no meu contrato que eles (dirigentes) teriam que assumir publicamente. Não sou mais um para empurrar as coisas com a barriga. Não vou ficar de papo. Isso de não cumprir as obrigações tem que acabar no futebol brasileiro, e no Vasco está virando histórico - frisou.
Na última sexta, Paulo Autuori já havia comunicado aos jogadores que deixaria o Vasco se os salários não fossem pagos naquele dia. Apesar do esforço, a diretoria não conseguiu levantar o montante necessário para cumprir a promessa feita em março, quando as duas partes conversaram. E tudo indica que o treinador preferiu não esperar até quarta-feira, nova data prevista para o pagamento.
- Não estou dizendo que estou fora. Estou dizendo que tenho um compromisso e que, dentro da minha parcela, não pude cumprir com o que era o desejo dos funcionários. Existia a esperança deles de que eu pudesse de alguma maneira ajudar que os compromissos fossem cumpridos. E eu tenho vergonha quando tenho um compromisso e não posso cumprir. Dentro disso, as coisas vão ficar claras amanhã.
Autuori tem aceitação total da diretoria do São Paulo, que já tentou contratá-lo duas vezes desde sua saída, no fim de 2005, após conquistar a Libertadores e o Mundial de Clubes. Em 2011, Adalberto Baptista chegou a visitá-lo no Rio de Janeiro, mas ele não obteve liberação do Al-Rayyan, clube do Qatar que dirigia na época.
Após o jogo em Caxias do Sul, Autuori foi veemente ao desvincular sua iminente saída do Vasco à possível volta ao Morumbi.
Paulo Autuori em Caxias do Sul: provável adeus
(Foto: Edu Andrade / Agência Estado)]
(Foto: Edu Andrade / Agência Estado)]
Não há uma segunda opção clara no Morumbi neste momento. Apesar dos gritos de parte da torcida por Muricy Ramalho, tricampeão brasileiro no Tricolor entre 2006 e 2008, não houve contato com ele neste fim de semana. Juvenal Juvêncio leva em consideração a idolatria pelo treinador e os fatos de ele ser são-paulino e seu amigo pessoal, mas vê o nome de Autuori mais adequado neste momento.
Caso o interesse não se concretize, Muricy ganhará força, já que outros profissionais que agradam ao presidente dificilmente sairiam de seus times neste momento. São os casos de Cuca, do Atlético-MG, e Abel Braga, do Fluminense. Entre os que estão desempregados, só mesmo Muricy faz parte da lista de Juvenal. Vanderlei Luxemburgo e Dorival Júnior não estão nos planos.