Treino do Botafogo no Estádio Olímpico João Havelange - Jobson. (Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo.)
- Não tenho o que falar, pois é algo que é anterior à minha chegada. O que me passaram é que ele não tem chance de voltar. Essa questão não chegou ao departamento técnico. Quero encerrar esse assunto aqui - decretou.
Mas o assunto Jobson está mais em evidência do que nunca. Ao colocar na balança o largo histórico negativo do jogador e o mau momento da maior parte dos atacantes do Botafogo que estão à disposição, diretoria e comissão técnica decidiram reintegrar o atleta ao grupo principal. Nesta terça-feira, após passar por uma bateria de exames na parte da manhã, Jobson estará no campo do Engenhão às 15h para treinar pela primeira vez sob as ordens de Vagner Mancini, exatamente duas semanas depois de começar a trabalhar com o chamado grupo especial, como o clube denomina os jogadores que estão fora dos planos.
Mas este será apenas o primeiro passo. Jobson será constantemente avaliado, seja dentro ou fora de campo. No Engenhão, a comissão técnica espera que ele recupere a forma física e mostre técnica suficiente para atuar nas partidas. Fora das quatro linhas, o atacante terá seu comportamento observado por conta de possíveis atos de indisciplina. Além disso, a ideia é que seja periodicamente submetido a exames antidoping.
Desde o momento em que Jobson conseguiu retornar ao Brasil após o rompimento de seu contrato com o Al Ittihad - precedido de uma longa batalha judicial para que pudesse ter o direito de deixar a Arábia Saudita -, o Botafogo não tinha dúvidas do que fazer: tentar um acordo para a rescisão do contrato (válido até dezembro de 2015) ou negociar o atacante, fosse por empréstimo ou definitivo. Na concepção da diretoria, era impossível uma nova chance ao jogador.
Atacante sob teste para suprir setor em mau momento
No fim de maio, Jobson finalmente conseguiu retornar ao Brasil e por cerca de três meses o assunto ficou adormecido no Botafogo. Mas neste tempo, os advogados do jogador - que não tem empresário - conversaram com a diretoria alvinegra. A ideia principal era mostrar que o jogador tinha o direito de contar com a estrutura do clube para trabalhar e manter-se em forma. A partir de então, o Botafogo admitiu reintegrar o atacante no grupo especial, caso não houvesse uma negociação.
Nas duas semanas em que passou a frequentar o Engenhão, Jobson se aproximou de alguns jogadores do elenco principal. A Emerson e Carlos Alberto, por exemplo, falou do sonho de uma nova oportunidade de atuar pelo Botafogo. A dedicação nos trabalhos do dia a dia fizeram diretoria e comissão técnica considerarem a possibilidade. Durante este período, Sheik desfalcava a equipe. Wallyson, Zeballos e Ferreyra mostravam um rendimento abaixo do esperado, com muitos gols perdidos. Daniel, jogador de velocidade, sofria uma séria lesão que o
tirava de ação por seis meses. O recém-chegado Bruno Corrêa também ficava entregue ao departamento médico.
Poucas horas depois da chegada da delegação do Botafogo de Porto Alegre, na última segunda-feira, Vagner Mancini e o gerente Wilson Gottardo chamaram Jobson para uma reunião no Engenhão. Numa rápida conversa, comunicaram ao atacante que no dia seguinte ele passaria a treinar com a equipe principal. Mas lembraram a ele a importância de disciplina e comprometimento, além de deixarem claro que as oportunidades virão somente quando e se entrar em forma. Depois explicaram a decisão aos demais integrantes da diretoria, alegando que trata-se de um teste.
Os 38 jogos disputados e 11 gols marcados são dados de alguém com pouco tempo de clube. Mas a trajetória de Jobson no Botafogo começou há quase cinco anos. A partir desta terça-feira, dependerá apenas do atacante aumentar esses números e deixar seu nome na história alvinegra pelo lado positivo.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2014/09/antes-de-nova-chance-jobson-sera-analisado-dentro-e-fora-de-campo.html