Aguirre pode repetir conterrâneo e argentino, que venceram pelo Inter (Foto: infoesporte)
Para isso, Aguirre precisa vencer o Grêmio por qualquer placar no Gre-Nal decisivo de domingo, no Beira-Rio. Uma prova de fogo que pode consagrar um de seus objetivos pessoais desde que aportou no Brasil: quebrar o gelo da desconfiança que paira sobre a legião estrangeira de treinadores. Aguirre é o 13º gringo a treinar o Colorado e com a chance de mudar o histórico pouco animador - não só no clube, mas no país.
Dos outros 12 estrangeiros que comandaram o Inter, só três foram campeões. O primeiro deles, quem diria, foi o uruguaio, Ricardo Diéz, vencedor do estadual de 1942. Depois, a honra coube aos argentinos Carlos Volante (campeão dos Gauchões de 1947 e 1948) e o último, Alfredo González (campeão do Gauchão de 1950).
É bem verdade que o antecessor de Aguirre esteve muito perto de ser campeão. O também uruguaio Jorge Fossati levou o Inter à semifinal da Libertadores de 2010, mas acabou demitido no intervalo da Copa do Mundo - o presidente era Vitorio Piffero, como agora.
Até Fossati, o clube tinha dado um tempo na ideia de apostar em técnicos gringos. O último havia sido Elias Figueroa, em 1996, de curta passagem. Na verdade, o chileno era diretor de futebol e assumiu de forma interina. Mesmo assim, foi bem e a torcida chegou a pedir sua permanência para 1997, o que a cúpula vermelha não atendeu.
- Não é fácil ser técnico estrangeiro no Brasil. Nunca quis ser técnico. Naquele momento, fui mais para ajudar o Inter - lembra ao GloboEsporte.com o ex-zagueiro que só perdeu dois Gre-Nais e se tornou um dos maiores ídolos do clube nos anos 1970. - Mas o Diego tem a experiência como treinador no Uruguai. Uruguaios sempre têm algo especial, ele está fazendo um bom trabalho. Mesmo assim, quem decide são os jogadores em campo.
Jorge Fossati chegou até a semifinal da
Libertadores, mas acabou demitido em
2010 (Foto: Agência Vipcomm)
- Aguirre é um técnico que se encanta com desafios importantes. Quando aceitou ser o técnico do Inter, sabia das dificuldades que teria, com o histórico de treinadores que fracassaram e que exigem o dobro dos estrangeiros. Mas é um técnico preparado, estudioso, sabe o que uma equipe precisa. Talvez não seja uma equipe vistosa, mas consegue armar equipes muito compactas - analisa o jornalista Alejandro Etcheverry, do site uruguaio "Embajadores del Gol".
Etcheverry lembra bem ao mencionar o conhecimento prévio de Aguirre sobre as agruras de um gringo no Brasil. Antes mesmo de começar a comandar o Inter, em entrevista ao jornal uruguaio "El Observador", o treinador admitiu saber que era a "quinta opção" de Piffero. Enquanto tentava convencer nomes como Abel Braga e Mano Menezes, o presidente colorado chegou a descartar com veemência a contratação de uma alternativa de outro país.
- É a hora de um treinador estrangeiro fazer sucesso aqui no Brasil. Aqui existe muita exigência. Todo mundo tem de ser campeão. Treinadores estrangeiros têm problemas no Brasil porque o futebol é muito competitivo. A exigência de jogos é muito grande, mas temos de ver o melhor, mesclando o time, vendo o rendimento dos jogadores - disse Aguirre, em 23 de dezembro, ao ser apresentado no Beira-Rio.
Quem foram os gringos campeões no Inter
O conterrâneo de Aguirre, Ricardo Diéz, construiu trajetória bem diferente à do atual comandante colorado. Para começar, não há registro de que tenha sido jogador. Também já tinha experiência como treinador no Brasil antes de assumir o Inter. Curiosamente, seu primeiro clube foi gaúcho, o Grêmio Santanense, em Santana do Livramento, na fronteira do Brasil com o Uruguai. Díez conquistou o Gauchão de 1937, ainda amador e que não contou com a participação de Grêmio e Inter, já profissionais.
Depois, fez sucesso também em Minas Gerais, aplicando treinamento diferente a época, de valorização da parte física - elemento que só seria plenamente valorizado em solo gaúcho nos anos 1950. De volta ao estado, já pegou o Inter embalado, com dois títulos consecutivos. Venceu o tricampeonato de 1942 e ainda melhorou o mítico esquadrão chamado de Rolo Compressor ao descobrir Nena, que se transformaria num dos maiores zagueiros da história do clube.
O argentino Carlos Volante pode não ter sido tão inovador em termos de método, mas foi mais vencedor. Aliás, reúne histórias memoráveis, como, quando jogador, popularizou a denominação "volante" a jogadores de meio-campo. Quando atuava na França, acabou contratado como assessor e massagista pela seleção brasileira em 1938, durante a Copa do Mundo.
Assim como Díez, Volante também pegou o período do Rolo Compressor e retomou a hegemonia, após um título do Grêmio. Conquistou o bicampeonato estadual do Inter em 1947 e 1948. O último estrangeiro a ser campeão foi o argentino Alfredo González, treinador do Inter em 1950 e início de 1951. Conquistou o Gauchão em 1950 - na verdade, foi disputado no início de 1951, já perto do fim do momento clássico do Rolo Compressor.
Técnicos estrangeiros na história do Inter
Tito Arreguy (Uruguai, 1926)
Jean Ryff (Suíça, 1929 e 1933-1934)
Miguel Genta (Argentina, 1930 e 1932)
Isaac Goldenberg (Áustria, 1937)
Ricardo Diéz (Uruguai, 1942) - campeão gaúcho em 1942
Darío Letona (Peru, 1944 e 1946)
Carlos Volante (Argentina, 1946-148) - campeão gaúcho em 1947 e 1948
Felix Magno (Uruguai, 1949 e 1966)
Alfredo González (Argentina, 1950) - campeão gaúcho em 1950
Pedro Rocha (Uruguai, 1996)
Elías Figueroa (Chile, 1996)
Jorge Fossati (Uruguai, 2010)
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