Enfim sai uma notícia que permite ter alguma esperança na Justiça. Alguma, repito. Não muita. Mas já é um avanço.
Estou falando da inclusão de um assessor de Teori Zavascki entre os signatários de um manifesto de jurista em apoio à decisão de Lula de recorrer — pedir socorro é a expressão mais adequada — à ONU. Manoel Lauro Volkmer de Castilho é o nome.
Clap, clap, clap. De pé.
Lula fez, com atraso, o que deveria ter realizado há muito tempo.
Ele é vítima de uma brutal perseguição da plutocracia, encabeçada pela Globo e por Moro com sua Lava Jato.
Brutal, indecente, descarada, vergonhosa: são muitos os adjetivos, todos eles negativos, com os quais você pode designar a caça a Lula.
E a plutocracia teve o desplante de acusar Lula de desmoralizar a Justiça brasileira no mundo.
Ora, ora, ora.
A Justiça brasileira vem-se impondo um formidável processo de autodesmoralização. Lula é vítima dela e deste processo.
Seu crime: ser nordestino, não ter diploma universitário, ser amado pelos pobres, falar a língua dos excluídos e, sobretudo, trabalhar por eles.
É o oposto, para ficar numa comparação eloquente, de FHC, o fâmulo dos plutocratas, o corrupto que comprou votos para se reeleger e durante oito anos governou para os poderosos, a começar pela Globo.
A plutocracia faz horrores no Brasil para manter suas mamatas e privilégios, mas parece sentir vergonha quando suas práticas são levadas ao mundo.
No próprio Brasil, está tudo dominado. As grandes comporações da mídia plutocrata controlam o noticiário (não mais como antes, é certo, com o avanço explosivo da internet).
Mas no cenário internacional nem Globo nem ninguém na imprensa tem o menor peso e a menor influência.
É para lá que a esquerda deve se dirigir no chamado duelo das narrativas. Golpe virou golpe em todo o mundo, desde que o jornalista Glenn Greenwald, americano radicado no Brasil, deu uma entrevista à CNN desfazendo a farsa da “legalidade”.
E a perseguição a Lula ganhou ares internacionais também, desde que ele apelou para a ONU. O recurso, segundo contas dos advogados de Lula, foi notícia em quase 50 país.
Isso quer dizer: o mundo sabe quem é Moro. Quais são suas armas sujas, como gravar conversas de Lula e Dilma e depois vazá-las para a cúmplice Globo.
Se Moro estivesse preocupado com sua reputação de juiz sério não tiraria fotos abraçado com os irmãos Marinhos e João Dória em eventos da plutocracia. Não compareceria, alegremente deslumbrado, ao lançamento de um livro de um jornalista da Globo em que é santificado e Lula demonizado. Não teria vazado ações da Lava Jato para que a mídia transformasse tudo num circo para desestabilizar Dilma e destruir o PT. Não teria forçado Lula a um depoimento sem base legal nenhuma, numa aparente tentativa de prendê-lo que só não foi adiante graças à reação dos lulistas.
Essas coisas, sim, desmoralizam a Justiça. Podem deslumbrar imbecis que pedem a volta dos militares, e que usam máscaras de Moro em protestos descerebrados, mas não merecem ser levadas a sério.
Uma luz pode fazer diferença. A adesão de um assessor de Teori ao oportuníssimo documento de juristas de apoio à ida de Lula à ONU é uma luz.
No meio das trevas jurídicas em que vivemos, é um avanço.
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