Na vasta galeria de golpistas patetas, o senador Cássio Cunha Lima merece um lugar cativo.
Suas participações na comissão do impeachment, vociferando contra a corrupção, vêm sempre embaladas num insuportável tom professoral e farsesco.
A folha corrida de Cássio é conhecida. Para ficar apenas num capítulo, ele teve seu mandato de governador da Paraíba cassado em 2008 por unanimidade, condenado por abuso de poder econômico e político e uso indevido de dinheiro público.
Juntamente com figuras como Janaína Paschoal, Eduardo Cunha, o inevitável Michel Temer e Aécio Neves, Cássio compõe a linha de frente do circo de horrores da democracia psicótica brasileira.
Mas a contribuição definitiva do senador para o debate veio na forma de uma piada. Na quarta feira, dia 13, ele distribuiu no Senado um chocolate peruano chamado “Golpe”, cujo slogan é “con un solo golpe derrota el hambre”.
Posou ao lado de Kátia Abreu e postou a foto em suas redes sociais. “Mesmo nos momentos mais difíceis é preciso leveza e bom humor”, escreveu na legenda.
O Brasil não é um país sério, mas esse pessoal exagera. A ausência de líderes internacionais na cerimônia de abertura da Olimpíada, notada pela Associated Press, dá uma dimensão da piada trágica que nos tornamos.
Ninguém precisa ser muito esperto para entender a molecagem do tucano como uma confissão. Freud dedicou parte de sua obra aos gracejos.
Ele via nos chistes “tendenciosos”, em oposição aos “inócuos”, uma finalidade análoga à dos sonhos: a de satisfazer desejos inconscientes.
CCL não sabe nada de Freud e, francamente, isso não faz a menor diferença. Movido pela arrogância, por anos de impunidade e, sobretudo, pela ignorância, ele é apenas um bocó ficha suja que achou normal pegar o chocolate que ganhou sabe Deus de que outro idiota para desmoralizar a si mesmo e à casa onde opera.
Se você não consegue ver graça nisso, é problema seu.